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Cotidiano

Com sofás e barracas, desabrigados resistem em calçada de terreno no Tijuca em busca de um lar

Moradores despejados do condomínio condenado e outras famílias em busca de um novo lar passaram a noite no endereço
Karina Campos, Clayton Neves -
acampamento
Acampamento na calçada do terreno baldio (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Famílias desabrigadas persistem no acampamento da Rua Dinamarca com Rio da Prata. Na manhã desta segunda-feira (13), os desabrigados dormiam às margens da rua e do terreno baldio no bairro Tijuca, em .

Boa parte dos moradores foi despejada do prédio de alvenaria considerado condenado na Rua Polônia, no bairro São Jorge da Lagoa. Uma ordem judicial concedeu o prazo de 60 dias para a desocupação do espaço. Não é a primeira vez que as famílias recebem notificações. Em julho de 2023, o Jornal Midiamax divulgou o drama dos “inquilinos” que foram notificados sem receber ajuda para sair da vulnerabilidade.

Agora, a maioria das 17 famílias moradoras do condomínio acampa às margens da calçada, com sofás, uma caixa térmica de isopor, barracas e cadeiras. Segundo o grupo, o local é alvo de reclamação devido ao despejo de entulho e ao matagal. Portanto, eles buscam incentivar o poder público a destinar a área para moradia, em vez de permitir o abandono urbano.

Eloiza da Costa Senne, de 26 anos, morava no apartamento do condomínio com suas filhas de três, oito e dez anos, além do esposo, mãe e padrasto. Ou seja, sete pessoas foram despejadas da casa. Após receber a ordem de despejo, ela diz que cansou de esperar o respaldo das agências de habitação e decidiu ocupar o terreno baldio.

“A gente não tem para onde ir e nem dinheiro para ir para um lugar. Descobrimos que esse terreno é público e problemático para os vizinhos, tem muito lixo e mato. Aqui fica perto da escola das minhas filhas, elas vão continuar indo estudar. Ontem eu passei a noite em claro, com a Guarda monitorando. Eles disseram que não podemos construir nada, que é para irmos para a fila de sorteio de casas, mas até sermos sorteados, onde ficamos?”, disse.

Mesa improvisada (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Para se abrigarem, eles improvisaram um fogão, e os itens gelados, como água e alimentos perecíveis, estão guardados em uma caixa térmica. Para ir ao banheiro, eles contam com a solidariedade de um vizinho.

A mãe de Eloiza, Josileia Ferreira da Costa, de 44 anos, é diarista e também está acampada. Ela conta que as diárias custam em média R$ 150 e consegue atender, em média, duas por semana, o que não é suficiente para despesas ou para arcar com um aluguel.

“Tem semana que não tem diária, tem pessoas que não querem pagar R$ 150 pelo serviço. Com isso, não temos como ter qualidade de vida, como comprar frutas ou sair com as crianças? No mês passado, passamos por dificuldades e fomos ao Cras (Centro de Referência Social) pedir ajuda, e levaram um mês para fornecer a cesta básica. Minhas netas contam com o lanche da escola para ter uma alimentação. Eu tenho diabete e uma hérnia de disco, doenças que os remédios não são baratos”.

O idoso Expedito de Lima, de 66 anos, morador do bairro, decidiu se juntar ao movimento diante das dificuldades de arcar com o aluguel. Ele também tem comorbidades, com a renda comprometida em pagar medicamentos e alimentação. “A aposentadoria é uma micharia. Eu alugava um quarto para ficar, mas pago com muita dificuldade, me faltam as coisas. Só quero um espaço para construir um barraco”.

Muitas pessoas do grupo deixaram o acampamento para trabalhar nesta manhã. Entretanto, os que ficaram garantem que esperam apoio da prefeitura. Luiz Fernando, de 28 anos, questiona a falta de limpeza do terreno para a construção de casas populares.

“Não seria mais fácil construir um pedacinho para cada um de nós em vez de deixar lixo e mato? Eu tenho filhos e não tenho condições de pagar aluguel. Antes, pagava R$ 750, mas não tenho mais condições. Ontem uma equipe da prefeitura veio, mas não soube explicar como podemos ser ajudados”.

(Nathalia Alcântara, Midiamax)

Em nota anterior, a Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) disse que uma equipe esteve no local para fazer orientações às famílias. A GCM (Guarda Civil Metropolitana) acompanhou o grupo de servidores e está de plantão no local. Confira a nota da Emha:

“A Emha (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários) esclarece que, durante a madrugada deste domingo (12), equipes do setor de monitoramento e fiscalização estiveram atuando contra uma tentativa de invasão.

As famílias não haviam construído nada no local e estavam com seus móveis em frente ao lote para iniciar a invasão. Informa ainda que as famílias foram orientadas a buscar atendimento no setor social posteriormente para conhecerem os programas emergenciais vigentes da agência”.

A reportagem entrou em contato com a prefeitura novamente por e-mail para detalhes do atendimento às famílias. O espaço segue aberto para um posicionamento.

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