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Cotidiano

Preço da caçamba é ‘conta difícil’ que pode influenciar descarte irregular em Campo Grande

Endurecimento da lei ambiental e pontos de descarte escassos, além de gastos com logística, influenciam no preço das caçambas
Karina Campos -
caçamba resíduos sólidos
Caçamba de resíduos sólidos (Henrique Arakaki, Jornal Midiamax)

É inegável que enfrenta o problema cultural do descarte de lixo de maneira irregular. Em qualquer bairro da cidade é possível encontrar amontoados de entulho, como noticiado frequentemente pelo Jornal Midiamax. Seria uma consequência do preço da locação de caçambas ou apenas irresponsabilidade da população?

Em reportagens recentes sobre o assunto, campo-grandenses comentam sobre a insatisfação com o preço do aluguel de caçambas em Campo Grande. Eles alegam que, antigamente, pagavam de R$ 50 a R$ 70 pela locação do item por semana. Atualmente, o valor pesa bem mais no bolso e varia de R$ 250 a R$ 400 por uma semana de aluguel da caçamba.

Porém, a conta é complexa e o cenário aponta que empresas têm lucro bastante reduzido, principalmente pela escassez de pontos de descarte, assim como pelo endurecimento da lei ambiental. Proprietário de uma empresa de locação, que preferiu anonimato, reforça o cenário descrito. “Não é só o aluguel de uma caçamba”, justifica, explicando que o aumento gradativo acompanha inflação e as taxações do mercado.

“Muito antigamente era cobrado até R$ 100, depois foi subindo para R$ 120 e R$ 150. Isso faz de 8 a 10 anos. Nesses anos, aumentou a fiscalização e Campo Grande tem poucos pontos de descarte regulares. Há um aterro no bairro Moreninhas e outro na saída do Detran, ambos da mesma empresa, o que torna um monopólio. Há uma série de burocracias, regras e medidas que precisamos seguir. Para descartar, custa caro para as empresas do nosso ramo”, afirma.

Preço mais alto

Patricia Simioli de Brito, da Caçambas Brito, afirma que o alto custo da manutenção do setor aliado às taxas, acabam inviabilizando o lucro para as empresas, que arcam com o pagamento do funcionário, do combustível de transporte das caçambas, taxação CTR (Controle de Transporte de Resíduos) e o valor repassado aos aterros.

“A lei ambiental é essencial, senão vira bagunça. Por exemplo, se alugamos uma caçamba por R$ 330, ela fica de um a sete dias na semana com o cliente, uma de quatro m² e suporta até seis toneladas. Pagamos R$ 110 para o aterro, tem o custo do combustível do caminhão que pega e leva, o imposto, a nota fiscal, o funcionário. Não há lucro para a empresa. Nos aterros, gastamos por semana cerca de R$ 6 mil, imagina por mês?”, pontua.

Segundo Sidinei José Berwanger, da ACLBM (Associação Campo-Grandense de Locação de Bens Móveis), o gasto efetivo com descarte é de 33% de todo o valor arrecadado com as locações das caçambas, o que também varia na quantidade de recipientes alugados em uma unidade.

“Exemplificando, se o empresário locar uma caçamba a R$ 330, que é o preço médio praticado no mercado, supondo que ele alugue 100 caçambas mensais, vai faturar R$ 33 mil mensal. Deste valor, ele vai pagar só de descarte R$ 10.890,00. Muitas vezes, criticar os preços praticados por uma categoria sem conhecimento de causa é fácil, mas se conhecer a realidade, as coisas mudam”, diz.

Exemplo de custos

Valor da caçambaR$ 330
DescarteR$ 110
ImpostosR$ 36,30
Motorista (funcionário) R$ 150
Combustível caminhão de retiradaR$ 6,10 o litro

“Ainda, o empresário tem que tirar desse valor os custos básicos de infraestrutura e manutenção. Em resumo, a maioria dos empresários, se pudessem mudar de ramo, com certeza mudaria. O que segura eles são as dívidas”, conta o representante do setor.

Para Berwanger, o preço mais ou menos justo para a categoria seria na faixa de R$ 400 a R$ 500 por locação de caçamba, mas o mercado não aceita e o empresário precisa se adaptar. Ele ainda destaca que, entre 2016 a 2017, os aterros recebiam “de tudo”, sem fiscalização. Assim, era descartado de TV a podas de árvore na mesma caçamba. Entretanto, diante do regramento sanitário, houve alteração.

“Ocorre que após fechar o (aterro) Noroeste, abriu-se apenas os locais autorizados por Campo Grande, e iniciou-se a cobrança do descarte, elevando imediatamente o valor do descarte, praticamente dobrando seu valor para as locações das caçambas”, diz.

Ele ainda detalha que existem poucos locais para descarte em Campo Grande. “Apenas a CGEA que dispõe de dois locais para descarte, na MS-040 e no José Abraão; e a CELPA, localizada na MS-010. Os valores variam de R$ 100 na CELPA e R$ 110,00 na CGEA”, detalha.

Pode jogar qualquer coisa?

Aliás, nem tudo pode ser descartado em uma caçamba. Assim como a coleta seletiva, o material coletado também deve ser diferenciado. Por exemplo: não deve ser descartado vidro, lixo doméstico ou materiais contaminantes. As empresas, geralmente, orientam o cliente na hora da locação.

“Não pode sofá, colchão, para-brisa de carro, a telha eternit, lâmpada florescente, óleo lubrificantes, eletrônicos… Já aconteceu do cliente mentir o que tinha no entulho e a caçamba voltar. Às vezes, a pessoa está em obras e precisa jogar o sofá fora. Eu oriento que o ideal é ela tirar o tecido da madeira, tem que deixar só a estrutura de madeira, pois não pode misturar resíduos”, diz Patricia Simioli de Brito.

Para Berwanger, a categoria apela por um novo espaço legalizado para o descarte. Dos pontos utilizados só é permitido o despejo de resíduos da construção civil.

“Quando o cliente põe algumas galhadas, podas de árvore na caçamba, ela é recusada ao chegar num destino desses; volta para o pátio da empresa, onde ela é reenviada para outro local de descarte que recebe apenas as galhadas e podas de árvores, na Organoeste, em frente o Aterro Sanitário, no Mini Anel. Esclarecendo ainda, que neste local onde recebe galhadas, não recebem entulhos, então os custos operacionais para estes descartes são muito altos”, detalha.

Ele diz, ainda, que seriam necessários, pelo menos, quatro locais de descarte equidistantes um do outro, para facilitar o trabalho. “Existe a possibilidade de abertura de um novo local para descarte de material, na saída para , para frente do autódromo, que está na eminência de ser liberado. Não é suficiente. Contudo, já vai desafogar um pouco a CGEA, que recebe a maioria dos entulhos gerados em Campo Grande”.

Caminho do descarte das caçambas

No guia pedagógico de resíduos sólidos da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), entulho é descrito como restos da construção civil, reformas, demolições, solos de escavações, entre outros.

A CGEA (Campo Grande Engenharia Ambiental) informa que realiza a destinação final ambientalmente adequada do RDC (Resíduo da Construção e Demolição) em aterro para resíduos classe A, B e C segundo a Resolução CONAMA 307/2002.

“Possuímos toda a documentação necessária junto a SEMADUR (Secretária de Meio Ambiente e Gestão Urbana), IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Corpo de Bombeiros e etc; após o final da sua obra fornecemos o Certificado de Destinação Final do RCD”.

A regra do gerenciamento de resíduos é reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas e planos.

  • Reutilização: é o processo de reaplicação de um resíduo, sem transformação do mesmo.
  • Reciclagem: é o processo de reaproveitamento de um resíduo, após ter sido submetido à transformação.

Endereço de Ecopontos

A Semadur informa que, quanto aos Ecopontos, os locais são destinados a receber determinados tipos de resíduos recicláveis. O limite de descarte é de um metro cúbico por usuário do sistema e não lixo. A concessionária de limpeza e serviços públicos (Concessionária CG Solurb) é que realiza a gestão dos locais e poderá informar sobre a quantidade de resíduos recebidos.

Podem ser descartados:

  • metal;
  • plástico;
  • vidro;
  • papel;
  • papelão;
  • resíduos gerados em construções;
  • demolições e pequenas reformas em prédios ou residências;
  • além de volumosos como mobílias;
  • eletroeletrônicos;
  • eletrodomésticos;
  • madeiras;
  • resíduos provenientes de poda de árvores/galhadas.

Multa para descarte irregular

Se quem acha a locação de uma caçamba cara, apesar da descrição dos encargos, e opta pelo descarte irregular, a multa é o triplo do valor em média do aluguel, além de ser crime ambiental. Quem for autuado via processo administrativo por estar fazendo o descarte irregular de resíduos pode ser punido com multa que varia de R$ 2.944,50 a R$ 11.778,00.

Caso presencie o descarte irregular de resíduos, a Semadur orienta ao cidadão acionar a Guarda Civil Metropolitana por meio do telefone 153, para que o autor seja autuado em flagrante por crime ambiental e penalizado por infração ambiental.

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