Com discussão adiada, fim da escala 6×1 é esperança de vida melhor e até renda extra em Campo Grande

Deputada Erika Hilton aguarda mudanças na CCJ para dar andamento à tramitação da PEC pelo fim da escala 6×1

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dia dos pais escala 6x1
Movimento no centro de Campo Grande (Arquivo, Jornal Midiamax)

A discussão sobre o fim da escala 6×1 para dar lugar ao 4×3 permitiu que muitos trabalhadores sonhassem com uma qualidade de vida melhor e até que planejassem uma nova rotina. O projeto foi aprovado, já superou a quantidade de assinaturas necessárias, mas a tramitação deve ficar para 2025.

No coração de Campo Grande, na Rua 14 de Julho, a proposta tem boa aprovação pelos trabalhadores. Entretanto, à reportagem do Jornal Midiamax, muitos desses funcionários que são a favor não quiseram se expor, pois temem serem prejudicados pelos patrões e empresários.

Maior liberdade para cuidar da casa e vida pessoal

Promotora de vendas de Campo Grande diz que mal tem tempo de passear com cachorros, sair com filhos ou ir à igreja. “Acho que as pessoas deveriam olhar um pouco mais para o lado humano de quem trabalha, não somente explorar o serviço que a pessoa pode estar prestando”, diz ao Jornal Midiamax.

Além disso, o tempo livre também traria maior socialização, já que a escala 6×1 acabaria para dar lugar a escala 4×3. “Com um dia a mais de folga eu sairia mais, eu poderia levar um filho num parque, fazer os serviços domésticos que eu preciso fazer na minha casa. E domingo tem o tempo mais de descanso, receber visitas na minha casa, e visitar alguém. Às vezes com o tempo corrido eu não consigo nem receber ninguém, porque eu tenho que limpar, lavar, passar, cozinhar e dormir”, relata.

Divulgadora de panfletos, trabalha muitas vezes no sol, em Campo Grande, e celebra antecipadamente um tempo maior para descansar. “Nosso dia de folga, dá para resolver bastante coisa. Dá para a gente ir em postos de saúde, marcar alguma coisa, fazer nossas coisas pessoais também; fazer limpeza em casa e deixar tudo organizado. A gente trabalha direto, direto e tem uma folga. Agora três dias de folga, nossa, é maravilhoso”, celebra.

campo grande
Tempo livre pode ser usado para prática de atividades físicas (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Foco no lazer e estudos

Um promotor de vendas diz que não consegue aproveitar o dia trabalhando o dia todo, mesmo trabalhando em escala 5×2. “Com três dias de folga eu ia descansar mais. Queria aproveitar para fazer alguma coisa no lazer ou terapia. Viajar também seria bom, se caber no orçamento”, diz.

Para um consultor de vendas, o tempo maior de folga é uma oportunidade de estudar e melhorar de vida. “Atualmente, por ser celetista, eu sou a favor, porque terei mais tempo com a minha família, também para praticar esportes. A princípio, seria mais para organizar a vida, me preparar para estudar”, afirma.

Desemprego e crise econômica

Já uma cabeleireira em um Salão de Beleza no Centro teme que o desemprego aumente por conta das condições econômicas atuais e o fim da escala 6×1. “Aqui tem muita loja que fechou, tem muita loja boa que fechou. Ninguém tá aguentando pagar aluguel, subiu o absurdo do aluguel. O comércio tá uma decadência. O movimento não tá bom, que era para estar bombando, a gente já tá em novembro”, reclama.

Se tivesse uns dias a mais de folga, ela usaria para faturar um extra. “Eu não ia parar de trabalhar, eu ia fazer bico. Como você vai viver com um ‘salarinho’? Ninguém consegue. Com as outras horas vagas, você tem condições de arrumar outro trabalho. A pessoa não vai parar de trabalhar, vai continuar trabalhando [nas folgas]. Mesmo se não for naquele trabalho que ela já trabalha, ela vai arrumar um bico, qualquer outra coisa”, opina à reportagem.

Centro de Campo Grande
Lojas no centro de Campo Grande estão com as portas fechadas (Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Discussão ficou para 2025

A discussão sobre o fim da escala de trabalho 6×1 vai ficar para o ano que vem, segundo a deputada federal autora da proposta, Erika Hilton (Psol-SP), em entrevista no último sábado (23), durante a Expo Favela, em Fortaleza (CE).

O projeto foi aprovado e já superou a quantidade de assinaturas necessárias, tendo mais de 230 assinaturas, quando o mínimo era 171. “Não quisemos protocolar agora exatamente pela configuração de algumas comissões importantes da Câmara”, cita Hilton.

“Entendemos que ao fazer esse protocolo nesse momento o texto poderia cair em mãos duvidosas para dizer o mínimo, e poderia prejudicar o avanço e as conquistas que tivemos até aqui”, afirma. A deputada diz que continuará dialogando com algumas bancadas enquanto aguarda mudanças na composição da Câmara dos Deputados para dar andamento na tramitação.

Por ser uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição), o texto tem um caminho longo no Congresso. Precisa passar pela análise da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) antes de seguir para o plenário.

Após tramitar no Senado, possivelmente volta para a Câmara caso o Senado faça alguma mudança. Feito isso, após nova aprovação, então, segue para sanção presidencial.

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