Com calor de quase 40°C e baixa umidade do ar, corpo sente e idosos são os que mais sofrem
Pessoas mais velhas sentem menos sede mesmo no calor e desidratam mais rápido
Aline Machado –
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Mato Grosso do Sul enfrenta clima desértico. Nos últimos dias, os termômetros têm registrado temperatura próxima dos 40°C e o calor não é o único problema. Enquanto a temperatura sobe, a umidade do ar desce cada vez mais, ficando longe dos 60% considerados ideais pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Em Campo Grande, por exemplo, o índice chega a 10%. Com umidade do ar baixa, calor intenso com temperatura muito acima da média, é impossível não sentir os impactos na saúde e para os idosos os efeitos são ainda maiores.
O médico geriatra Marcos Blini Pereira, professor na Uniderp, afirma que, além de terem a imunidade baixa, as pessoas mais velhas desidratam com muita facilidade. Ainda segundo o especialista, até mesmo a sede – que é um dos indícios de desidratação enviados pelo cérebro – pode passar despercebida.
“O idoso perde essa capacidade de perceber que está com sede. Por isso, ele desidrata muito mais rápido. Não podemos esperar um idoso sentir sede para ofertarmos água”, observa.
Além da diminuição da percepção de sede, os idosos também sofrem redução da capacidade de expectorar, e assim, fazer a limpeza das vias aéreas, importante para evitar doenças infecciosas.
“Com o envelhecimento natural, a gente já tem uma diminuição clínica do mucociliar, ou seja, da capacidade que o pulmão tem de expectorar ou de soltar a secreção naturalmente e com isso, tem um acúmulo de secreções que podem ser contaminadas por alguma bactéria e provocar pneumonia”, explica o geriatra.
Soroterapia contra desidratação
No Asilo São João Bosco, que abriga cerca de 90 idosos, os cuidados são redobrados. Segundo a enfermeira Jéssica Vilalba Fernandes Ferreira, além de aumentar a oferta de água, os residentes recebem soluções que ajudam a manter a hidratação. Já em casos necessários, eles são submetidos à soroterapia.
“Fazemos triagem com a médica e ela deixa prescrita a soroterapia endovenosa, se necessária. Já a soroterapia via oral fazemos diariamente, de manhã e à tarde, porque o tempo está muito seco e quente. Como são saborizados, eles aceitam bem”, relata.
Maria Bezerra, de 86 anos, não necessita de soroterapia endovenosa, mas todos os dias toma a solução via oral, que chama de “suquinho”. “Ah, eu tomo é bom”, garante.
O residente Paulo Mello dos Reis, de 67 anos, também aproveita a soroterapia endovenosa, mas ainda com todos os cuidados, diz sentir no corpo os impactos do calor associado à baixa umidade.
“Tenho sentido. Meus olhos ficam lacrimejando. O tempo está muito seco e ainda tem algumas queimadas por perto e fica muita fumaça aqui, a respiração fica ruim. Acabei de fazer um terço e pedi que Deus mandasse uma chuva para nós para molhar essa terra e tirar essa fuligem do ar e ficar melhor para respirarmos”, conta.
Atenção aos sintomas
O geriatra, Marcos Blini Pereira, também destaca a importância de ficar atendo aos sinais de desidratação e doenças respiratórias, comuns nesse período de temperatura elevada e umidade baixa.
“É necessário levar o idoso para pronto atendimento médico quando ele apresenta: queda no quadro geral, ou seja, está muito caído, não se alimenta, está estranho, se sentindo mole”, orienta.
O especialista destaca outros sinais que indicam a necessidade de intervenção médica. “Se o paciente está ofegante, com falta de ar para fazer pequenas coisas, está visivelmente com respiração ruidosa, aí tem que procurar assistência médica”, recomenda.
Cuidados essenciais
Hidratação reforçada;
Usar umidificador de ar, ou alternativas caseiras para aumentar a umidade no ambiente;
Pele bem hidratada;
Evitar exposição ao sol;
Observar qualquer sinais de desidratação e de dificuldade para respirar.
Confira a reportagem
Matéria editada no dia 16 de setembro, às 13 horas, para acréscimo de informação.
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