Com 32% dos domicílios rurais com abastecimento de água, acesso ao básico segue precário no Brasil

Na região Centro-Oeste, onde está situado Mato Grosso do Sul, apenas 14,3% dos domicílios rurais têm acesso à rede geral de abastecimento de água

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Água acaba quase todos os dias na Comunidade Mandela (Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

O percentual de domicílios com acesso à rede geral de abastecimento de água atingiu 85,9% em 2023. No entanto, nas áreas rurais do Brasil, o acesso ao recurso básico ainda é insuficiente, atingindo apenas 32,3% dos domicílios, enquanto nas áreas urbanas esse índice chega a 93,4%.

Em todas as grandes regiões, a principal fonte de abastecimento era a rede geral, variando de 60,4%, na Região Norte, a 91,8%, na Região Sudeste. Contudo, no recorte por áreas rurais, nenhuma região alcançou 50%, e a região Nordeste se destacou por atingir o percentual de 43,9% de domicílios com rede geral como a principal forma de abastecimento de água.

Os dados são da Pnad Contínua: Características dos domicílios e moradores, divulgada nesta sexta-feira (20) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas). Na região Centro-Oeste, onde está situado Mato Grosso do Sul, apenas 14,3% dos domicílios rurais têm acesso à rede geral de abastecimento de água.

Nordeste concentra maior percentual de domicílios rurais com acesso à água

Willian Kratochwill, analista da PNAD Contínua, explica que historicamente na série da pesquisa, o percentual de domicílios rurais na Região Nordeste com abastecimento de água por rede geral tem sido maior que o restante do Brasil.

“Em estados como Sergipe e Bahia, essa proporção ultrapassa os 50%. Esses percentuais evidenciam os resultados de políticas públicas realizadas ao longo dos anos em combate à seca na região, políticas essas que levam anos para surtir efeito”, pontua.

Já nos domicílios localizados em áreas urbanas, a rede geral como a principal forma de abastecimento de água em 2023 chega a 93,4%, variando entre 70,2%, na Região Norte, a 96,4%, na Sudeste. Nas demais regiões, mais de 90% dos domicílios em situação urbana tinham a rede geral como a principal forma de abastecimento de água.

Fontes alternativas de abastecimento

Mandela
Ilustrativa (Alicce Rodrigues, Midiamax)

O uso de poço profundo ou artesiano (7,6%), de poço raso, freático ou cacimba (2,7%), de fonte ou nascente (1,9%), bem como de outra forma (1,9%) como o principal meio de abastecimento apresentaram estimativas inferiores a 10%.

A Região Norte registrou os maiores percentuais de domicílios em que a principal fonte de abastecimento de água era poço profundo ou artesiano, com 20,7%. Já o poço raso, freático ou cacimba chegou a 11,3%. A Região Nordeste, por sua vez, apresentou o maior percentual de utilização de outra forma de abastecimento (5,4%), sendo 1,9% a média nacional desse tipo de proveniência.

No contexto rural, outras formas de abastecimento prevaleceram como as principais fontes de água. Entre os domicílios, 29,8% utilizavam poço profundo ou artesiano; 12,8%, poço raso, freático ou cacimba; 13,2%, fonte ou nascente; e 11,9% corrigiram a outras alternativas, como rios, açudes e caminhão-pipa.

Menos de 10% dos domicílios rurais tem acesso à rede geral de esgoto

Em 2023, 98,1% dos domicílios do Brasil tinham banheiro de uso exclusivo, e, em 69,9%, o escoamento do esgoto era feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral. Em áreas urbanas, 99,4% dos domicílios dispunham de banheiro de uso exclusivo e 78,0%, acesso à rede geral de esgotos.

Já nas áreas rurais, 88,4% dos domicílios tinham banheiro de uso exclusivo, mas apenas 9,6% tinham o escoamento de esgoto realizado pela rede geral ou por fossas sépticas conectadas a essa rede.

A cobertura da rede geral de esgotos também apresentou grandes disparidades regionais. As regiões Norte e Nordeste registraram menores coberturas, com 32,7% e 50,8%, respectivamente. Em contrapartida, a Região Sudeste liderou com 89,9%, enquanto as regiões Sul e Centro-Oeste atingiram 68,3% e 61,1%, respectivamente.

“Alguns serviços de saneamento básico têm uma cobertura factível em áreas rurais no entorno de centros urbanos. Em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional pode ser necessária a busca por soluções localizadas, ou individuais. Isso inclui a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, explica.

Em áreas rurais, 51,0% dos domicílios fazem queima dos resíduos na propriedade

Aterro Dom Antonio (Divulgação)
Aterro Dom Antônio Barbosa (Alicce Rodrigues, Midiamax)

A coleta direta por serviço de limpeza aparece como o principal meio de destinação de lixo no Brasil. Entre 2016 a 2026, o percentual subiu de 82,7% para 86,1%. Em todas as regiões essa modalidade predomina, com variações entre 75,8%, na Região Nordeste, a 91,6%, na Centro-Oeste. Embora registre o menor percentual de cobertura desse serviço, o Nordeste teve a maior expansão desse indicador em relação a 2016 (de 67,4% para 75,8%).

Entre os domicílios em situação urbana, 93,4% apresentavam como principal destino do lixo a coleta feita diretamente por serviço de limpeza. No recorte regional, esse percentual variou de 88,6%, na Região Nordeste, a 97,5%, na Centro-Oeste.

Já nas áreas rurais do país, o principal destino dado ao lixo era a queima na propriedade (51,0%). Em seguida aparece a coleta direta por serviço de limpeza (33,4%) e a coleta em caçamba de serviço de limpeza (10,9%).

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