Campo Grande fica entre as capitais de menor índice de crescimento da inadimplência em 2 anos

Número absoluto de famílias convivendo com contas atrasadas nas capitais brasileiras subiu 12,8%

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Inadimplência (Foto: Ilustrativa/Freepik)

Campo Grande apresentou um dos menores índices de crescimento da inadimplência entre as capitais brasileiras nos últimos dois anos, segundo estudo produzido da Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo).

O levantamento se baseou em relatórios do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da CNC (Confederação Nacional do Comércio) e da própria entidade. 

Enquanto a maioria das capitais do país tiveram crescimento no número de famílias endividadas, somente Campo Grande, Salvador (BA), Goiânia (GO), Macapá (AP) e Belém (PA) ficaram entre as capitais com menos famílias endividadas entre 2022 e 2024. 

Em Campo Grande, o índice ficou em 59% em 2022 e 2023, e teve pequena elevação em 2024, indo para 66%, ou seja, crescimento de 7 p.p no período.

Apenas em Macapá houve queda. Em 2022, 75% das famílias eram endividadas, sendo que o índice caiu para 68%,em 2024.

Famílias endividadas no Brasil

Segundo o levantamento, 1,45 milhão das famílias nas capitais brasileiras passaram a ter dívidas ativas entre 2022 e 2024, como fatura do cartão de crédito, boletos do varejo ou financiamentos de carros e imóveis. 

Em termos de porcentagem, não houve variação no índice, que se manteve em 78% nos últimos dois anos. No entanto, o número absoluto de famílias convivendo com contas atrasadas nessas cidades subiu 12,8%, passando de 11,28 milhões de lares endividados em 2022, para 12,73 milhões agora.

A entidade explica que o principal motivo para esse fenômeno é o aumento populacional desses centros urbanos nos últimos anos, crescendo, também, a quantidade de lares. 

Por isso, mesmo que a proporção de famílias endividadas tenha se mantido estável, a elevação do número de famílias impactou a quantidade de pessoas endividadas nesses locais.

Problema do aumento de endividados

Quanto maior o número de famílias convivendo com dívidas, mais caro fica o crédito no mercado, elevando, como consequência, o risco de inadimplência, principalmente em um cenário de juros altos ou inflação pressionando o consumo.

As cinco capitais mais endividadas do País, em termos proporcionais, compartilham dados parecidos. Além de Porto Alegre e Vitória, com 91% de lares endividados, Curitiba, Belo Horizonte e Boa Vista têm 90%. 

Já a capital capixaba apresenta o maior crescimento no endividamento neste período, saindo de 77% para 91% das famílias. 

O desafio do equilíbrio

O endividamento das famílias pode ser explicado, entre outros motivos, pela necessidade de manter as contas básicas das pessoas.

Durante a pandemia, o percentual de consumo das famílias, especialmente em 2020, caiu muito, de forma intensa. Além disso, os preços se elevaram muito nesse período, aumentando o desafio de compra das famílias. 

“A gente começa a ‘se recuperar’ no período de 2021 a 2023, só que os preços estavam muito elevados”, afirma a economista Andreia Ferreira, chefe do Dieese/MS (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

“Eu lembro sempre do preço da carne bovina: até 2018 o preço médio da carne bovina em Mato Grosso do Sul era R$ 18 o quilo de patinho ou de coxão duro ou de coxão mole, em média. Mas desde o mês passado a gente voltou para perto da casa dos R$ 40”, detalha Andreia.

Dessa forma, mesmo se recuperando um pouco da elevação de preços e das dívidas dos anos anteriores, mas tendo que manter o consumo de itens básicos, as famílias contraíram muitas dívidas.

Cartão de crédito

“As famílias se endividaram com cartão de crédito para poder assumir as despesas básicas de sobrevivência. Despesas com aluguel, despesas de energia elétrica, da água”, completa a economista. Ou seja, muitas contas parceladas “em cima” de despesas do cotidiano. 

Sendo assim, mesmo com a retomada de medidas do Governo Federal especialmente voltadas para as classes mais pobres e para os trabalhadores que ganham o salário mínimo ou remunerações menores, assim como o retorno da política de valorização do salário mínimo, equilibrar as contas continua sendo um desafio.

Afinal, também se tornou mais caro produzir. “Além dessa crise toda, teve aumento dos custos industriais, aumento da energia elétrica, enfim, e isso, em alguma medida, vai chegando no preço do consumidor”, detalha Andreia.

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