Atual e necessário, tema da redação do Enem leva reflexão sobre lutas e histórias invisíveis no Brasil

Especialistas comemoram tema sobre herança africana do Brasil

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Tema da redação surpreende candidatos ao Enem (Arquivo, Midiamax)

O tema da redação do Enem 2024 pegou muitos candidatos de surpresa no domingo (3). Atual e necessário, ‘Desafios para a valorização da herança africana do Brasil’ fez milhares de candidatos refletirem sobre o racismo, invisibilidade que afrodescendentes enfrentam diariamente, episódios de violência física e verbal, o silenciamento da população negra, e os resgates às origens de um povo que construiu a história e cultura do Brasil.

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Para a educadora social, Romilda Pizani, a educação é a principal ferramenta de transformação no mundo e por isso é tão importante que o tema tenha conquistado este espaço de reconhecimento. Conforme a ativista, isso evidencia a compreensão de que o Brasil é um país majoritariamente negro e que é fundamental haver a discussão acerca de políticas públicas e seus impactos na sociedade, principalmente para a população negra.

“Acessar políticas públicas para a população negra ainda é o maior desafio, e isso está relacionado a uma série de fatores que muitos insistem em dar invisibilidade, mas que quando se pontua de forma tão emblemática, contribuindo com que milhares de pessoas parem para pensar sobre, tudo muda, a sociedade muda”, enfatiza.

O tema e seus impactos

Para Romilda, é o conhecimento que liberta, inclui e ajuda a construir um cenário de possibilidades, mas, embora o destaque importante, o tema exposto em uma redação de um Exame tão importante não é suficiente para ser considerado uma ruptura no racismo, por exemplo.

“Ainda temos um longo caminho para percorrer. Conhecer nos liberta da ignorância do não saber, o que não quer dizer que com o conhecimento estaremos eliminando o racismo. Estamos pautando o racismo, isso nos mostra que conhecer não é o suficiente. Até porque, quem fortalece o racismo, não são pessoas desprovidas do conhecimento”, pondera.

Para o professor de redação Ale Jamil Meres, o tema não é fácil, tão pouco óbvio, mas de enorme relevância por trazer à tona a questão da democratização cultural, sempre muito elitizada.

“A cultura sempre foi elitizada e determinada pelos europeus. Isso é muito interessante, e a questão da visibilidade trabalha-se bastante com a questão da empatia, você se colocar no outro diminuindo o preconceito, aquela visão violenta que se tem a grupos diferentes daqueles que são patronizados até então pela história”, explica.

Na opinião do especialista, o tema foi uma ótima escolha visto que a população negra é majoritária no Brasil e sua representatividade em todas as esferas – política, cultural, escolar na constituição dos acadêmicos e faculdades – não corresponde ao mesmo percentual que eles têm na pirâmide e na distribuição da população brasileira.

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