Depois de passar quase quatro anos na fila por uma cirurgia de hérnia inguinal, um menino, de apenas 6 anos, precisará voltar para o início da lista de espera – que segue em passos lentos, enquanto ele cresce com dores e dificuldade para realizar atividades que antes eram comuns, como correr e brincar.

A família, que mora em Campo Grande, explica que o menino nasceu com hérnia inguinal, passou por cirurgia aos seis meses de vida, fez acompanhamento por um tempo na Santa Casa e recebeu alta médica. No entanto, não demorou muito tempo até que fosse descoberta outra hérnia inguinal. Mesmo com encaminhamento e solicitação médica, o pequenino permaneceu em uma dolorosa espera por procedimento cirúrgico.

Com o passar do tempo, enquanto ele amarga a espera pela cirurgia, o problema se agravou e a única resposta dada à família a respeito do procedimento, era: “Ele está na fila, precisa aguardar”. A situação preocupa os pais.

“É muito complicado porque não temos previsão e enquanto isso, meu filho não pode mais correr e brincar como antes. Ir para escola é muito difícil, sentimos que isso tem atrapalhado muito o desenvolvimento dele e até mesmo a interação com outras crianças porque ele sente dor o tempo todo. Precisa tomar medicação todos os dias para diminuir a dor”, relata o pai.

Procurada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) explica que não é possível seguir o encaminhamento atual e que o menino precisará passar por nova avaliação e, para isso, retornará para o início da fila.

“O paciente deverá passar por uma nova avaliação na unidade de saúde para que a solicitação de cirurgia seja atualizada, considerando a possível alteração na gravidade. Sendo assim, o serviço entrará em contato com a família para marcar a consulta. Após essa avaliação, o mesmo deve ser encaminhado para serviço especializado”, justifica.

Demora começa na espera por consulta com especialista

O drama das famílias começa na espera pela consulta com especialista. Raísa, mãe de um menino de 3 anos, espera há meses para que o filho seja avaliado por um urologista pediatra na rede pública de saúde em Campo Grande.

“Para mim, enquanto mãe, isso é muito difícil. Ver meu filho chorando de dor e não ter o que fazer é muito ruim”, lamenta a mãe.

Entre idas e vindas, melhoras e pioras no quadro de saúde da criança, Raisa buscou uma clínica particular para fazer um ultrassom. Pelas imagens, foi levantada a hipótese de hidrocele e hérnia escrotal, mas ele teria que passar por um especialista em urologia pediátrica que pudesse avaliar os resultados apontados no exame.

No dia 20 de março, última vez que ela levou a criança até a unidade de saúde, foi informada de que precisaria aguardar 120 dias para que um médico especialista pudesse avaliar o filho.

A Sesau confirmou que houve a inserção de uma solicitação para regulação ambulatorial, mas até esta sexta-feira (17), nenhum contato foi feito a respeito da consulta com especialista.