As ameaças de morte contra uma criança de 10 anos em um grupo escolar de WhatsApp, em Campo Grande, acende o alerta para os perigos virtuais e o cyberbullying. Aluna disse que queria matar a colega e mandou a foto de facas no grupo.

Segundo a presidente da Associação SOS Bullying, Ana Paula Siqueira, os ambientes virtuais representam um perigo para os jovens. “O cyberbullying é uma forma grave de bullying, que ocorre nas redes sociais a aplicativos de mensagens, acessando as vítimas 24 horas por dia, 7 dias por semana”, explica.

No caso da aluna campo-grandense, as ameaças ocorreram em maio, por meio de áudios e imagens de facas, entre alunos do 5º ano. Questionada, a vítima informou que as perseguições ocorrem desde o ano passado.

Ana Paula alerta que é dever da escola e dos administradores escolares tomar as medidas previstas em lei e necessárias para neutralizar o cyberbullying. A criança que ameaçou menina de morte em grupo de escola foi suspensa das atividades na Capital.

“Mesmo que a situação tenha ocorrido fora da instituição e fora do horário de aulas, é um grupo de crianças que faz parte do colégio. Já temos decisões judiciais que confirmam a responsabilidade da escola e dos seus gestores, ainda que o caso tenha ocorrido nas redes sociais”, explica Ana Paula.

Lei do Bullying

A Lei 13.185/2015 (Lei do Bullying), estabeleceu medidas de conscientização, prevenção, combate à violência e desenvolvimento de cultura da paz a serem aplicadas por todas as escolas do país.

“Esse plano precisa estar registrado por escrito e ser aplicado continuamente ao longo de todo o ano. Não basta uma palestra no começo do ano letivo para combater o bullying”, diz a especialista.

Em janeiro deste ano, foi sancionada a Lei 14.811/2024 que altera o Código Penal e criminaliza o bullying e o cyberbullying, que agora pode resultar em até 4 anos de reclusão para os autores.

“O combate ao bullying é uma ação constante, que envolve escola e responsáveis. No caso de crianças e jovens, é preciso estar atento ao comportamento, socialização na classe e no intervalo de aulas, e inclusive vistoriar celulares, aplicativos e redes sociais. O bullying é um assunto sério e que deixa cicatrizes psicológicas e psiquiátricas que esses jovens vão levar por toda a vida”, completa Ana.