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Cotidiano

VÍDEO: Lixo em ciclovias aumenta dor de cabeça e empurra ciclistas para risco em avenidas

Reportagem flagrou morador jogando carriola de lixo ao lado de ciclovia
Clayton Neves -
Trecho da ciclovia da Avenida Nasri Siufi tomado por lixo. (Foto: Kísie Ainoã / Jornal Midiamax)

Além da estrutura precária e falta de conexão entre as pistas, as ciclovias de enfrentam outro problema recorrente na cidade: a obstrução de trechos pelo acúmulo de lixo e falta de limpeza. Com a situação que se repete por diferentes regiões, diariamente ciclistas são obrigados a dividir espaço com motoristas, enquanto se submetem ao risco iminente de acidentes.

Enquanto produzia reportagem em trecho da Avenida Nari Siufi, equipe do Jornal Midiamax flagrou morador jogando carriola de lixo ao lado da ciclovia. Nossa equipe até tentou chamar atenção, mas o jovem ignorou e foi embora, deixando para trás mato e resíduos da limpeza de um terreno. 

Ao redor, lixo e por toda parte, em um retrato do desrespeito ao espaço público e a falta de manutenção. Além de variados tipos de móveis, amontoados de garrafas, sacolas plásticas, restos de construções e de podas de árvores. Nas montanhas de lixo, roupas, calçados, madeira e muitos materiais que poderiam ser reciclados. 

Confira imagens feitas no local:

“Eu sempre usava a ciclovia para fazer caminhada, mas parei porque o lixo tomou conta e não dá para passar. Também começou a ficar perigoso porque muito andarilho começou a ficar aqui”, comenta a moradora Renata Pereira da Costa, de 41 anos.

A reportagem encontrou Renata caminhando na margem da avenida, andando o mais colada possível ao meio-fio para se proteger de carros e motos que passavam a todo tempo, muitos em alta velocidade.

“É um risco que a gente corre todo dia, também tem muito motorista que buzina e que não gosta de ver a gente na pista, mas não tenho o que fazer, vou andar no meio do lixo?”, desabafa. Para a trabalhadora, o trajeto de risco é diário e a solução parece distante. “É todo dia gente jogando lixo aqui, inclusive, muita gente vem de longe e até para carro para despejar entulho”, finaliza. 

Com ciclovia tomada por sujeira, ciclista se arrisca na pista por onde circulam carros. (Foto: Kísie Ainoã / Jornal Midiamax)

Para outro morador da região, o desuso da ciclovia se intensificou pela falta de manutenção e pelo início de uma obra de esgoto na região, que bloqueou longo trecho da linha. A partir daí, o local foi lançado ao abandono. “Começou a obra um pouco para frente e o pessoal parou de usar. Como diminuiu a quantidade de gente passando, começaram a jogar lixo na margem da mata que tem do lado da ciclovia”, comentou.

A Águas Guariroba, responsável pela obra, informou que a região recebe a implantação do interceptor que vai conectar os bairros adjacentes à rede de coleta de esgoto. Segundo a empresa, o serviço ainda está em andamento, no entanto, assim que as obras avançarem, a ciclovia será reposta.

“A empresa lamenta pelo transtorno gerado, mas destaca que as obras trazem benefícios para a comunidade como valorização imobiliária, preservado e mais saúde e qualidade de vida para os moradores”, finalizou. 

O Jornal Midiamax questionou a Prefeitura de Campo Grande sobre a situação nas Avenidas Lúdio Martins Coelho e no prolongamento, na Nari Siufi, também perguntou se há planos para melhorar a mobilidade urbana da área, no entanto, até o fechamento dessa reportagem não tivemos retorno.

Mobilidade urbana deficitária

Na semana passada, série de reportagens do Jornal Midiamax trouxe à tona diferentes problemas no sistema de mobilidade urbana para ciclistas de Campo Grande. Na avaliação de Júlio Botega, doutor em arquitetura e urbanismo e professor da (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), a falta de ligação entre um itinerário e outro, por exemplo, reforça o cenário ruim. 

“Parece não haver planejamento, exemplo disso é a ciclovia que sai da UFMS e passa pela Fábio Zaran. Quando chega no Mercadão ela simplesmente é interrompida, sendo que poderia seguir pelo menos até a Afonso Pena ou continuar pela Orla Ferroviária até a Praça São Francisco, se conectar com a ciclovia da Orla Morena e chegar à Avenida Heráclito Figueiredo. Essa falta de conexão desmotiva as pessoas”, comenta.

Outro grande desafio apontado por Júlio é desenvolver na sociedade o senso de que é preciso pensar no sistema de ciclovias da mesma maneira que se pensa no carro, com implantação de vias com início e fim, conexão e segurança. 

“Uma das coisas mais absurdas que vi em Campo Grande é a ciclovia da Via Parque que em determinado momento é jogada para a calçada para os carros terem chance de virar a direita. É tudo para o carro e enquanto se pensar dessa forma não terá muita chance para a bicicleta”, acrescenta. 

Ciclovias em Campo Grande

Segundo a Prefeitura de Campo Grande, a cidade tem mais de 100 quilômetros de ciclovias, no entanto, muitas delas precárias, principalmente em bairros afastados do Centro. 

Em mapa disponibilizado pela Planurb (Agência Municipal de Meio Ambiente e Planejamento Urbano) é possível notar que as ciclovias de Campo Grande se concentram nas seguintes avenidas:

  • Dos Cafezais 
  • Gury Marques
  • Doutor Nasri Siufi
  • Nova America
  • Graça Aranha
  • Lúdio Martins Coelho
  • Duque de Caxias, Noroeste
  • Prefeito Heráclito Diniz de Figueiredo
  • Afonso Pena 
  • Desembargador José Nunes da Cunha Nelly Martins 
  • Cônsul Assalf Trad
  • José Barbosa Rodrigues 
  • Amaro Casto Lima
  • Senador Filinto Muller

Também passam pelo quadrilátero do Parque do Soter, na área interna do Parque das Nações Indígenas e nas ruas Arthur Pereira e Petrópolis.

Apesar de cruzar por ruas de diferentes bairros, entre os ciclistas se mantém a reclamação de que a quantidade de faixas para ciclistas não atendem à demanda da cidade e limitam-se às maiores e mais conhecidas avenidas da cidade. 

Além disso, basta analisar o mapa para notar diversos pontos com ciclovias isoladas, sem que haja ligação entre elas. Na Rua Artur Pereira, por exemplo, ciclovia às margens do Córrego Lageado abrange extensão de apenas 14 cruzamentos. Na Rua da Divisão, a situação se repete e somente 18 ruas são atendidas. 

Questionada sobre a expansão e readequação das rotas, a Prefeitura de Campo Grande informou que desenvolve estudos para revisar o PDTMDU (Plano Diretor de Transporte e Mobilidade Urbana da Capital) da cidade e implementar mais ciclofaixas, no entanto, não informou detalhes do levantamento nem qual a intenção envolvida. 

Morte de ciclista

No último sábado (27), o ciclista Wyllyan Caldeiras, de apenas 18 anos, morreu atropelado por um ônibus no Bairro Nova Campo Grande. O rapaz foi atropelado por um ônibus depois de ser atingido pela porta de um carro estacionado.

O acidente foi flagrado por câmeras de segurança. Nas imagens é possível notar que o automóvel Siena está estacionado na Rua Nove. O ciclista transita pela rua e assim que passa ao lado do carro, o motorista abre a porta.

Assim que Wyllyan é derrubado, é atropelado pelo ônibus que passava no mesmo momento. Testemunhas contaram que o ciclista ainda estava respirando após o acidente, mas morreu em seguida.

O motorista do Siena fugiu do local sem prestar socorro. Ele se apresentou à polícia na segunda-feira (30) e disse não ter visto a vítima ser atropelada. O suspeito prestou depoimento e foi liberado.

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