Tia de adolescente morto em Dourados com dengue hemorrágica diz que médica não pediu exame

Vítima passou duas vezes pela UPA antes de ser transferida para o Hospital da Vida, segundo informações da família

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Vítima passou duas vezes pela UPA antes de ser transferida (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Familiares do adolescente Julio César Arthur da Costa Escobar, de 14 anos, atleta de base do Clube Ubiratan, que iria se apresentar no Fluminense no próximo mês e morreu na madrugada desta segunda-feira (13), em Dourados, cobram esclarecimentos sobre o caso.

Segundo a tia da vítima, Priscila Anita da Costa Silva de Almeida, que falou em nome da família, a UPA precisa explicar porque inicialmente a médica não pediu exame para diagnosticar a dengue.

Priscila disse à reportagem do Midiamax que Julio começou a passar mal na quarta-feira (8) e que ele foi levado no início da noite para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento), onde ficou até a madrugada e depois foi liberado.

“A médica que atendeu o Julio disse que ele estava com a garganta inflamada. Aí a minha irmã questionou com a médica se não poderia ser dengue e ela disse que não, que era isso mesmo, garganta inflamada. Mas meu sobrinho já estava com dores no corpo também”, conta a tia do adolescente.

“Na UPA ele tomou uma benzetacil e a uma hora da manhã a gente trouxe ele para casa. Ainda na quinta-feira ele não quis comer e aí na sexta-feira (10) a minha irmã levou ele de volta para UPA por volta de 9h30 da manhã. Levaram ele para dentro e em seguida fizeram exame de Covid e também de dengue, onde testou positivo”, explicou.

Ainda segundo Priscila, o adolescente deu entrada na UTI do Hospital da Vida. “No sábado ligaram para minha irmã e disseram que ele seria intubado. Os médicos lá cuidaram muito bem dele, mas nesta madrugada ele não resistiu”, relatou a tia, ainda questionando o fato da médica não ter feito o exame na primeira consulta na Upa.

“Não tenho palavras para descrever os nossos sentimentos. É uma dor muito intensa que atinge toda nossa família. Meu marido {Sidnei Silva Almeida, que era como se fosse um pai para ele}, não consegue nem ficar em pé. Ele está completamente arrasado. A gente pensa que ele não foi bem atendido lá no UPA né. Para mim houve negligência sim e isso não pode ficar sem resposta”, questiona Priscila.

“Quanto a acionar os órgãos responsáveis, isso não precisa nem a gente falar. Temos os laudos, o receituário dele, temos provas de como ele foi atendido e do que aconteceu. Tudo isso temos como provar”, comenta a tia do pequeno jogador que já estava com as malas prontas para o teste no Rio de Janeiro.

Atleta faria teste no Rio de Janeiro e já estava com as malas prontas (Foto: Reprodução/TV Morena)

O outro lado

A reportagem do Midiamax entrou em contato com a prefeitura de Dourados, que é responsável pela UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e também pelo Hospital da Vida, que confirmou o diagnóstico de dengue hemorrágica. Segundo a assessoria de comunicação, assim que o resultado ficou pronto, o paciente foi transferido para o Hospital da Vida.

Atendimento noturno

A morte do atleta da base do Clube Ubiratan repercutiu na Câmara de Vereadores, que nesta segunda-feira (13) faz duas sessões em virtude do ponto facultativo do Carnaval. Diogo Castilho (PSDB) disse que o caso requer explicações. “Estamos nos solidarizando com a família neste momento difícil, mas também estamos pedindo providências práticas há alguns dias para evitar que esse tipo de coisa volte a acontecer”, disse o parlamentar.

Segundo ele, uma das medidas que podem ser adotadas é o funcionamento das unidades de saúde no período noturno. “A nossa briga hoje dentro da câmara é por respeito à população por melhoria da qualidade de atendimento. Estou apresentando novamente um requerimento pedindo a abertura dos postos de saúde no período noturno para que isso possa desafogar e melhorar o atendimento na UPA”, explica o vereador, que é médico.

Conteúdos relacionados