As ferramentas de trabalho para jardineiros foram ampliadas: o chapéu, garrafa de água e muito protetor solar. Trabalhadores da categoria, apesar de acostumados à lida na exposição ao sol, precisaram mudar a rotina para amenizar o sofrimento do calor intenso dos últimos dias em Campo Grande.

Antônio Rodrigues dos Santos, 60 anos, começou a trabalhar com jardinagem ainda adolescente, há 43 anos. Com a pandemia, foi infectado com covid-19 e ficou desolado com as sequelas, como a falta de ar, o que dobra a dificuldade nos serviços. Mas brinca que continua “forte” e não parou de trabalhar

“Trabalho mais com a manutenção do jardim, mas precisei mudar o horário, trabalho de manhã, até umas 10h dá para aguentar o sol, a tardezinha é mais complicado porque só vai ficar fresco muito à noite e vai escurecendo. Para falar a verdade, sou meio relaxado e não uso protetor, mas um chapéu ou protetor de ouvido de vez em quando. Não tinha enfrentado um calor assim, é uma coisa meio estranha”.

Vagner Oliveira, de 39 anos, conta que antes das recentes altas nas temperaturas fazia cerca de quatro prestações de serviços por dia, agora reduziu para apenas um. Ele também prefere iniciar as atividades nas primeiras horas da manhã, entre 6h e 7h.

“No calor, muitos clientes estão cancelando serviços por preocupação com nós, jardineiros, sempre relatam que ficam preocupados. Os trabalhos que faço, geralmente, furam de duas a três horas, os mais comuns são limpeza de quintal, corte de grama e poda de plantas”, detalha.

A mudança de horário é unânime entre os profissionais. Caio Mendes, de 48 anos, conta que tem o costume de congelar uma garrafa de água na noite anterior para levar e tomar o líquido gelado na atividade. Ele ainda adquiriu mais roupas com manga longa nesse período.

“Quem é autônomo não tem outra alternativa, não para de trabalhar. O jeito é colocar roupa com manga, um chapéu, não difere muito do que fazia antes, mas estou passando mais protetor solar. A gente que é da área sabe que se enrolar demais, o serviço demora mais, eu não paço pausa para descanso, só quando é serviço muito grande que paro para almoço. Parar para beber água, não considero uma pausa porque é essencial”.

Caio também relata que houve redução no número de clientes durante a temporada de calor extremo. “Tem cliente que não gosta de barulho antes das 6h, por exemplo, ou se for em trabalho [prédio comercial], não tem ninguém antes das 7h. Vai muito do cliente, da conversa e da confiança. Quem é meu cliente de anos, é mais fácil de combinar um horário. Dos anúncios de rede social é mais gente que não conheço. O valor do trabalho é por metro², o tipo do trabalho, o preço não varia”.

Cuidados com o sol

A dermatologista Gabriely Lessa Sacht explica que não existe uma quantidade de tempo fixo para tal dano na pele, mas há orientação de evitar o máximo possível em estar exposto ao sol das 10h às 15h.

“Sempre que estiver exposto deve usar filtro solar ou roupas de proteção e manter uma boa hidratação bebendo água. O intervalo entre a reaplicação de filtros solares é a mesma para qualquer idade, quando expostos ao ar livre reaplicar a cada duas horas durante o dia. Se estiver em lugares fechados, reaplicar a cada quatro horas durante o dia. Lembrando que os bebês menores de seis meses não podem usar filtros solares, devendo usar roupas e chapéus protetores quando estiverem expostos ao sol”.

A hidratação aliada ao uso de protetor solar com FPS maior ou igual a 30 em áreas de pele exposta, quando a roupa não cobre, podem garantir mínimas de bem-estar e proteção durante a onda de calor.

“Para esse período de clima muito quente também é importante reforçar o uso de roupas leves e que permitam a transpiração, como roupas de algodão, pois são importantes para regulação da temperatura do corpo e manutenção da hidratação”.