Se a frase “quem morreu fica no esquecimento” precisasse de uma ilustração, o descuido dos túmulos no Cemitério Cruzeiro, em Campo Grande, seria a imagem perfeita. Túmulos de moradores sepultados e destinados para gavetas estão com o concreto quebrado, inclusive deixando a ossada dos corpos visível para quem passa.

O modelo vertical para o enterro seria um método para otimizar o espaço, já que houve um gradativo aumento de óbitos no período da pandemia. No entanto, segundo o que a reportagem apurou, não houve estudo técnico para implementação do enterro vertical em um dos cemitérios mais antigos da Capital.

O Jornal Midiamax foi até o setor do cemitério destinado aos túmulos verticais. No trecho não há lápides, a maioria dos túmulos tem escritas simples identificando o local. As laterais estão abrindo valas, “engolindo” túmulos mais antigos.

Em uma parte, um dos túmulos está inclinado a afundar na vala em direção a passarela de concreto onde está o espaço.

Um dos túmulos está com o concreto aberto e ossadas ficam à mostra. “Tampas” estão deixadas nas laterais da passarela, que são divididas em quatro fileiras, somando mais de 90 caixas de concreto.

Outro trecho em que se observa o abandono é o corredor de acesso, onde estão retiradas de estruturas de concreto, que seria de responsabilidade particular.

Ossada visível e tampa aberta no local (Foto: Henrique Arakaki, Midiamax)

Em nota, a prefeitura disse que a limpeza e manutenção são feitas diariamente por meio de uma programação. “A Prefeitura não tem autorização para mexer em túmulos privados”, pontuou em nota.

Sobre o estudo técnico e condições da passarela de concreto, a reportagem entrou em contato com o município e aguarda retorno.

Notificação ambiental

Desde março deste ano, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviço Públicos) notifica titulares de túmulos/familiares sepultados nos cemitérios públicos municipais para adequação de jazigos segundo as regras ambientais.

A notificação seria uma medida de regularização ambiental para adequação à resolução Conama nº 335/2003, que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios. As regras definidas pela Resolução Conama nº 335/2003 implicam em várias ações para evitar impactos ambientais, como a contaminação do solo pelo chamado necrochorume, líquido gerado a partir da decomposição do corpo humano. Para evitar essa contaminação, vários requisitos devem ser atendidos, entre eles a impermeabilização da camada superficial do solo.

Uma das formas de regularizar os túmulos é construindo paredes que impeçam o contato do caixão com o solo e a construção de gavetas verticais, o que ainda libera espaço para novos sepultamentos. A prefeitura afirma que essa adequação deve ser feita conforme projeto aprovado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana. Para ter acesso a este projeto, os proprietários devem ir pessoalmente ao cemitério onde possuem jazigo ou parentes enterrados.

Vasos com acúmulo de água parada

Criadouro de mosquito

Em dia de ‘chove e esquenta’, clima propício para proliferação do mosquito-da-dengue, o que não faltam são abrigadouros para larvas. Vasos de flores, copos com água e até brinquedos acumulam água parada.

A cidade enfrenta uma epidemia, com nível de alerta em todas as regiões da cidade, conforme o LIRAa (Levantamento Rápido de Índices para Aedes aegypti), somando falta do inseticida Cielo UVL, o fumacê. Conforme a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), o Ministério da Saúde não faz o repasse desde o final do ano passado.