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Cotidiano

Sapos, canos furados e licença desatualizada: frigorífico fechado já teve abates suspensos em julho

Funcionários protestam em frente a Iagro pedindo a retomada das atividades
Thalya Godoy, Clayton Neves -
Sala do Departamento de Inspeção Final mostrada pela empresa no processo. (Reprodução)

Dezenas dos 119 funcionários do frigorífico Beta Carnes Alimentos LTDA, que opera em , realizam um protesto em frente à Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal), devido à das atividades da empresa desde a última quinta-feira (23). Em julho deste ano, os funcionários também se mobilizaram em protesto devido ao atraso no pagamento de salários.

A empresa foi lacrada e teve as atividades suspensas em novembro devido a uma série de itens apontados pela Iagro em desconformidade, desde sanitários a estruturais. 

Entre os pontos mencionados no Termo de Suspensão 003/23 pela agência estão falhas no encanamento, portas com fechamento ineficiente, licença desatualizada, salas sujas e com pragas, como pequenos sapos, aventais sujos, carcaças no piso, entre outros. 

As informações constam em um processo de mandado de segurança com pedido em caráter de urgência, aberto pela empresa, para retomar as atividades (abaixo mais detalhes).

Confira os itens em desconformidade apontados por fiscais agropecuários da Iagro:

  • Salas de tripas com encanamento de água furado, jorrando água do teto para a parede;
  • Sala de salga de tripas: portas com fechamento ineficiente, promovendo a entrada de moscas no setor e adjacências;
  • Canos amarrados com barbantes em diversos pontos da indústria;
  • A bomba de cloro não apresenta sinal sonoro, pois está sendo desligada periodicamente;
  • Na barreira sanitária de expedição de carcaças, além de suja, empoeirada, foi constatada a presença de pragas (perereca na parede);
  • Câmaras de resfriamento sujas, pelo lado de dentro, porta com borracha avariada, termômetros inoperantes, carcaças arrastando no piso, peça de cupim no piso;
  • Sala de aventais do setor de miúdos com aventais sujos, equipamentos de limpeza no mesmo local;
  • Câmaras de estocagem/congelamento: acúmulo de gelo nas portas, condensação, caixas em contato direto com piso e com as paredes, caixas molhadas e avariadas, portas da câmara de estocagem quebradas, termômetros inoperantes;
  • Sala de necropsia segue sem conclusão de obras de instalação e equipamentos;
  • Persiste falta de documentação de alteração da razão social/alteração SIE, conforme parecer técnico 202/2023, nos itens de comprovação de licença ambiental atualizada e apresentação do programa de controle de qualidade do estabelecimento;
  • Parecer técnico 201/2023 não foi respondido por parte da indústria e os seguintes itens seguem não conforme: lavagem de caixas durante o abate, contra fluxo e uso indevido de esterilizador de na área do DIF para desinfecção de caixas utilizadas nos miúdos do abate, lavador de botas ineficiente – já que não contempla a lavagem da sola das botas.

Suspensão em julho

Iagro
Protesto em frente à sede da Iagro (Leitor Midiamax)

A planta frigorífica no bairro Chácara das Mansões também foi alvo de fiscalizações em julho deste ano. 

Na época, a Iagro suspendeu as atividades temporariamente no dia 4, mas a empresa conseguiu na justiça uma liminar para continuar o abate, desde que fosse estabelecido um cronograma e prazos para que a Beta Carnes fizesse as adequações necessárias.

Já em novembro, a Iagro aponta que alguns itens verificados em julho e pactuados no Plano de Ação nº 121/SIE 251/2023 continuam em desconformidade com os padrões necessários, como de higienização, sanitário dos colaboradores, câmaras frias ineficientes, entre outros.

Pedido de liminar negado

Contudo, a Beta Carnes entrou, no sábado (25), com um mandado de segurança com pedido liminar em caráter de urgência para retomar os abates. 

A empresa argumentou que a suspensão acarreta enormes prejuízos, que não foi entregue documento a responsável técnico no dia da vistoria e nem que tiveram a oportunidade de se manifestar antes da interdição e fazer a defesa administrativa.

Empresa apontou no processo as adequações já realizadas. (Reprodução)

Além disso, expôs que a escala de abates já estava fechada com 1,5 mil bovinos para serem abatidos nesta semana, entre segunda e sábado. No pedido, a defesa pediu um prazo de 45 dias para se adequar às exigências. 

A empresa tem 119 funcionários diretos e capacidade diária de abate de 250 animais.

No processo, também foram anexadas imagens das adequações feitas nas plantas, como em salas e maquinários.

Porém, o juiz Robson Celeste Candeloro indeferiu o pedido de liminar, sob a justificativa que a suspensão não ocorreu por fatos novos e que a empresa já teria ciência da necessidade de adequações. 

“[…] reitera-se, ao contrário do alegado, é que o cronograma de correções não foi cumprido a contento, conforme documento de fl. 48/51, do qual se extrai, também, que as falhas devem ser sanadas para a garantia da qualidade dos alimentos produzidos (fl. 50 – parte final). Nesse passo, aparentemente, a interrupção das atividades também se baseia na existência de riscos à qualidade dos alimentos ali preparados”, ele diz. 

O que diz a Iagro?

O diretor-adjunto da Iagro, Cristiano Moreira de Oliveira, explicou ao Midiamax que a suspensão das atividades do frigorífico ocorreu porque o órgão precisa garantir a qualidade e segurança dos alimentos que chegam à população. 

Além disso, a pasta se reuniu com os funcionários da empresa, na manhã desta quarta-feira, e apontou que não há como estipular um prazo para retomar as atividades, pois antes precisam garantir a qualidade do produto. Ainda frisou que vários prazos teriam sido dados, mas que nem todos os itens teriam sido atendidos, mesmo os que não demandam muito dinheiro.

Diretor-adjunto da Iagro, Cristiano Moreira de Oliveira. (Clayton Neves, Jornal Midiamax)

“A partir do momento que a gente não consegue essa garantia [do produto estar apto ao consumo] a gente tem que suspender a produção até que se corrijam as não conformidades do frigorífico”, aponta.

Entre as irregularidades, ele aponta que uma das graves seria a bomba de cloro que não tem funcionado corretamente, o que prejudica a limpeza e desinfecção dos locais após os abates. O cloro seria, nesse caso, responsável por matar bactérias e impurezas. 

Outros pontos mencionados foram a temperatura não ideal das peças que saem do frigorífico, além da presença de insetos na planta frigorífica. 

“A estava saindo acima da temperatura ideal para ir para o comércio”, apontou o diretor-adjunto da Iagro. 

O que diz a empresa?

O Midiamax tentou contato com a empresa Beta Carnes via telefone e e-mail, inclusive com o advogado de defesa, mas até o momento da publicação desta reportagem não obteve resposta. O espaço continua aberto para manifestações.

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