Sabia? Conheça a história das personalidades por trás de 10 nomes de ruas em Campo Grande

Demanda de troca de nomes é oriunda da Câmara Municipal, assim, todo o trâmite passa pelos vereadores

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Ruas de Campo Grande
Ruas de Campo Grande (Foto: Ilustrativa/Arquivo/Jornal Midiamax)

Cada rua que percorre a sinuosa cidade de Campo Grande tem a sua própria identidade. O que poucas pessoas sabem é que muitas dessas vias já tiveram os seus nomes trocados para homenagear alguma personalidade marcante da cidade, seja ela famosa em todo o Estado ou por representar, de alguma forma, a história das pessoas que habitam a Capital. Por isso, o Jornal Midiamax te convida a conhecer a história de 10 personalidades que ‘emprestaram’ os seus nomes às ruas de Campo Grande. 

Vale ressaltar que essa demanda é oriunda da Câmara Municipal, assim, todo o trâmite passa pelos vereadores. Conforme informações da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), a equipe da secretaria verifica se já existe o nome proposto na cidade e aprova o nome, desde que não haja duplicidade. Além disso, o loteador também pode escolher a nova denominação. 

“Os nomes dos logradouros públicos, em loteamentos privados, são apresentados pelo loteador, cabendo à Prefeitura apenas analisar a questão de duplicidade de nomes”, informou o Município por meio de nota.

Assim, quando se trata de homenagens, é necessário verificar junto à Câmara Municipal de Campo Grande, que encaminha o nome sugerido para o logradouro para que a Prefeitura analise também a duplicidade.

Agora que você já sabe como funciona o trâmite, que tal conhecer um pouco mais a história por trás de algumas ruas da Capital? Acompanhe em seguida. 

Ruas que já tiveram os seus nomes trocados

O Jornal Midiamax selecionou tanto nomes de ruas em que as leis já foram sancionadas quanto as que já foram aprovadas, mas seguem em vigor. Isso porque o processo pode levar mais um ano até ser completamente regulamentado.

01. Rua Alexandrina Meireles Peralta 

O então vereador Delegado Wellington conseguiu alterar a Rua 148, localizada no bairro Vila Popular, para Alexandria Meireles Peralta por meio da Lei 6.483/20. Lei está sancionada. 

Biografia 

Alexandrina Meireles Peralta foi uma mulher que dedicou mais de 40 anos da sua vida ao trabalho e altruísmo no bairro Vila Popular. Como líder comunitária do bairro, fundou o clube de mães, sendo eleita por dois mandatos consecutivos.

Além disso, foi vice-presidente da Associação de Moradores da Vila Popular por dois mandatos, quando se empenhou principalmente em ofertar cursos de qualificação profissional aos moradores locais, bem como o auxílio às famílias carentes de remédios e alimentos. 

Ao longo dos diversos pedidos realizados à prefeitura para a melhoria de seu bairro, o principal foi a construção do Centro Comunitário. Até a construção do espaço, Alexandrina realizava os atendimentos à população em sua própria casa.

02. Travessa Pr. Mauro Clementino da Silva 

Já a Lei 6537/21 altera a denominação da Travessa das Hortênsias, localizada entre a Avenida Calógeras e a Rua 14 de Julho, para Travessa Pr. Mauro Clementino da Silva, na região da Vila Glória de Campo Grande. Projeto de autoria de Carlos Borges e dos ex-vereadores Veterinário Francisco e Dharleng Campos está em vigor. 

Biografia 

Homenagem foi dada ao Pastor Presidente da Terceira Igreja Batista, que faleceu no dia 23/09/20, vítima das complicações causadas pela Covid-19. A homenagem da via se dá por ser uma das entradas ao Templo da 3ª Igreja Batista.

O Pastor Mauro Clementino era bacharel em Teologia, Pedagogo, Bacharel em Administração, Pós-graduado em Teologia do Novo Testamento, Pós-graduado em Política e Estratégia Brasileira e Pós-graduado em Liderança Avançada Internacional, além de Doutorado em Ciências Religiosas e em Aconselhamento.

O pastor atuava na igreja há pelo menos 17 anos. Sua morte causou comoção entre os membros da igreja, amigos e familiares. Ele era conhecido como um servo de Deus que deixou legado de integridade aos fiéis. 

Pastor Mauro Clementino
Pastor Mauro Clementino (Foto: Reprodução/Facebook)

03. Rua Dona Maria Bezerra

A Lei 6.024/18, da então vereadora Cida Amaral, estabeleceu a mudança de nome da rua Pirassununga para Rua Dona Maria Bezerra, localizada no bairro Aero Rancho. Lei está sancionada. 

Biografia 

Falecida no ano de 2014, aos 71 anos, Dona Maria Bezerra foi líder comunitária e trabalhou por mais de 30 anos em prol da população do bairro Aero Rancho, um dos mais populosos da Capital. Voltada para ações de fortalecimento social, como também qualificação profissional, Dona Maria Bezerra era figura presente nas discussões em prol da Assistência Social.

A mulher foi exemplo e inspiração da possibilidade de mudança das condições da comunidade, tendo atuado de forma constante para romper barreiras. Passou mais de 20 anos lutando por melhorias para a vida das pessoas que moram naquela região. Também ficou reconhecida por desenvolver intenso trabalho frente à Associação de Moradores do Jardim Aero Rancho, proporcionando para a população capacitação e profissionalização.

Maria Bezerra de Lima Santos era casada, mãe de sete filhos, chegou no bairro Aero Rancho e montou, na sua varanda, uma pequena vendinha. Ali ela fez muitas amizades e ouvia muitas pessoas em meados de 1985. 

Assumiu a liderança comunitária, logrou êxito na aquisição do terreno para construção da Igreja Católica Santa Terezinha dos Anjos, e também do terreno onde hoje se encontra o prédio da Associação do bairro.

Através de suas solicitações, Dona Maria Bezerra trouxe vários benefícios para a Região do Aero Rancho, como cursos para mães e terceira idade, campanhas de limpeza e também melhorias para a sede da associação. Reconhecida por toda classe política, foi a que mais lutou para ver o bairro asfaltado. 

04. Rua Doutor Paulo Coelho Machado

Uma das vias mais íngremes da Capital, a atual Rua Doutor Paulo Coelho Machado, antiga Rua Furnas, faz homenagem a uma grande personalidade. A Lei 3.844, de 2001, que está sancionada, foi de autoria da então vereadora Maria Emília Sulzer. 

Biografia 

Paulo Coelho Machado foi um grande pecuarista, advogado, jornalista e escritor sul-mato-grossense. Nascido em Campo Grande, atuou também como vereador da Capital e ocupou a cadeira 21 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

Homem também foi presidente de importantes associações, como Sindicato Rural de Campo Grande, Cruz Vermelha Brasileira, Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil, Rádio Clube, Rotary Club, Liga Sul-Mato-Grossense Pró-Divisão do Estado de Mato Grosso, Associação sul-mato-grossense de Criadores de Nelore e Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul.

Paulo Coelho Machado
Paulo Coelho Machado (Foto: Arquivo/Midiamax;Reprodução)

05. Rua Evaristo Figueira de Freitas

A Lei 6.224/19 alterou para Rua Evaristo Figueira de Freitas a antiga Rua Janeiras, localizada no bairro Moreninha III. O encabeçado pela ação na época foi o ex-vereador Chiquinho Telles. Lei está sancionada. 

Biografia 

Evaristo Figueira de Freitas nasceu em 1929 no município de Camapuã. O pai de três filhos se mudou com a família para Campo Grande, onde se instalou no bairro Moreninha III. Na região, conquistou sua humilde moradia na Rua Bicuíba, nº 119, quadra 43, lote 01, sendo o primeiro e único morador na época. 

Como um dos primeiros moradores da Vila Moreninha, lutou bravamente, junto com demais cidadãos, pela melhoria do bairro, como a construção de creches, da Escola Municipal e da Unidade Básica de Saúde Dr. Judson Tadeu Ribas, a instalação da feira popular, a realização de torneios amadores de futebol, a inclusão de linhas de transporte público, além da busca incessante de asfaltamento para as ruas, tendo após longa batalha conseguido a sonhada pavimentação.

Após aposentado, caminhava pelo bairro reunindo reivindicações dos moradores para encaminhamento das necessidades para a Prefeitura e Câmara Municipal. Morou na mesma residência até seu falecimento, em 2007. 

06. Rua Francisco Goulart

O vereador William Maksoud foi autor da Lei 6.350/19, que modificou o nome da Rua Número 01 para Rua Francisco Goulart, localizada no Parque Novo Século. Lei está sancionada. 

Biografia 

Francisco Goulart nasceu em Santa Maria de Suaçuí, no estado de Minas Gerais, em 15 de novembro de 1958. Mudou-se para Campo Grande, onde foi residente de domiciliado na Rua Autonomista, nº 1.071, no bairro Giocondo Orsi. 

Exercia a profissão de Funcionário Público e era Pastor da 1ª Igreja Batista do 7º dia. Em 2 de abril de 2019, Francisco Goulart faleceu, deixando esposa e quatro filhos.

07. Rua Ignácio Theodoro Pereira

O vereador Carlos Augusto Borges também é responsável pela Lei 6.943/22, que denomina como Rua Ignácio Theodoro Pereira o trecho que interliga a Av. Frida Puxian com a Av. Guaicurus, compreendido entre a Rua dos Democráticos e Rua Salomão Abdalla, no Jardim Itamaracá. Lei está em vigor. 

Biografia 

Ignácio Theodoro Pereira nasceu em abril de 1921 em Itajaí (SC). Com apenas uma carroça, 13 sacos de farinha e o desejo de empreender, fundou o então ‘Comercial Pereira’ em 1962, primeiro negócio do casal na região.

Então, a família inaugurou o primeiro supermercado em Itajaí, a rede ‘Comper’, em 1972. No ano de 1984, empresários decidiram expandir seus negócios, chegando então a Campo Grande com a inauguração da primeira filial do Atacado Bate Forte. 

Em 2009, dez anos após a abertura no mercado catarinense, a rede Compre Fort abriu sua unidade no Centro-Oeste, em Mato Grosso do Sul, e passou a se chamar Fort Atacadista.

Ignácio Pereira faleceu em 1997, deixando sete filhos e todo um legado de negócios à sua família. O ‘Grupo Pereira’ possui mais de 16 mil colaboradores em mais de 94 unidades de negócio distribuídas por cinco estados e pelo Distrito Federal.

08. Rua Nestor Rodrigues Borges

A Lei 6.915/22, que está em vigor, altera a atual Rua Aspen, localizada no Portal Itayara de Campo Grande, para Rua Nestor Rodrigues Borges. Ideia foi encabeçada pelos vereadores Papy e Carlos Augusto Borges. 

Biografia 

Nascido em 1933, Nestor Rodrigues Borges é natural de Itarumã (GO) e se mudou para Cassilândia ainda pequeno, cidade onde estabeleceu família posteriormente. Autodidata, pecuarista e humanitário, foi um entusiasta de causas sociais e do desenvolvimento regional. Assim, parte de sua trajetória foi compilada por bons momentos com sua família em Campo Grande, pois tinha convicção de que o futuro político do Brasil estava na Capital. 

Dono da expressão “Primeiro! Ajudar os mais vulneráveis, e depois pensar em si”, Nestor ficou conhecido por seu legado de amor e paixão pela vida. O homem faleceu em 18 de maio de 2014 no hospital de Câncer Alfredo Abrão, em Campo Grande, deixando filhos, netos e bisnetos.

09. Rua Karla Marques Coury Derz

Já a Lei 6.209/19, do vereador Papy, alterou o nome da Rua Utinga, localizada no Bairro Chácara Antônio Vendas, para Rua Karla Marques. Lei está sancionada.

Biografia

Karla Marques Coury Derzi nasceu em 1954, em Uberlândia (MG), e se mudou para Campo Grande ainda jovem, onde se formou em Letras pela UFMS. Poliglota, falava Inglês, Francês e Latim. Por isso, ficou conhecida como renomada professora de Língua Portuguesa dos colégios Dinâmico, Maria Montessori e Alexander Fleming.

A educadora também foi voluntária na Escola Pública E. E. Zamenhof e administrou cursinhos preparatórios para vestibular. Apaixonada pela literatura, disseminou a cultura para os alunos durante muitos anos e era carinhosamente chamada de ‘Mestra’ pelos estudantes e colegas de trabalho.

Karla Marques faleceu em acidente de moto aos 61 anos de idade enquanto viajava entre Rio Negro e Campo Grande. Mesmo assim, seu legado ficará marcado para sempre na educação campo-grandense.

10. Rua Desembargador Rêmolo Letteriello 

De autoria dos vereadores Otávio Trad e Alírio Villasanti, a Lei 6.771/22 altera a denominação da Rua do Selenita para Rua Desembargador Rêmolo Letteriello, no Bairro Montevidéu. O projeto foi aprovado e está em vigor. 

O projeto teve objetivo de homenagear a família do Desembargador Rêmolo Letteriello, atribuindo seu nome a um logradouro público municipal localizado na região da Amansul (Associação dos Magistrados de Mato Grosso do Sul), onde foi eleito o primeiro presidente para o biênio de 1979 a 1980.

Biografia

Desembargador Rêmolo Letteriello foi casado com Regina Lúcia Xavier Letteriello, era pai de Nélida Cristina Xavier Letteriello, Cíntia Xavier Letteriello e Andrêa Xavier Letteriello. Formou-se em Direito pela Universidade do Paraná, em 1966, e foi nomeado para o cargo de juiz, em 1976, na cidade de Coxim. 

Rêmolo Letteriello
Rêmolo Letteriello (Foto: Reprodução)

Além de ter sido o primeiro presidente da Amansul, Rêmolo foi promovido a Desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul em 1987. Também foi Corregedor-Geral de Justiça de MS no biênio 1989-1990; Diretor Geral ESMAGIS — Escola da Magistratura de MS entre 1993-1994, presidente do TRE-MS de 1998 a 1999 e presidente do TJMS até 2000.

Rêmolo Letteriello também ocupou a cadeira 22 na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e recebeu várias medalhas de mérito ao longo da vida. 

Prazo para a troca de placas

O Jornal Midiamax solicitou à prefeitura de Campo Grande informações sobre prazos de trocas de placas a partir do momento que Leis são sancionadas. Segundo a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), não há um prazo oficial determinado para a instalação do postdoor com a denominação de logradouro público.

“A considerar a importância da correta identificação dos logradouros, a Semadur pretende executar esta tarefa o mais breve possível. As demandas são relacionadas e encaminhadas à empresa, contratada através de processo licitatório, para confecção e instalação mediante a Ordem de Execução de Serviços emitida pela Semadur”, informou por meio de nota.

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