Profissionais são afastados após mãe indígena e bebê morrerem durante trabalho de parto em MS

Cimi denunciou negligência médica após Distrito Sanitário Indígena ter recebido dezenas de ligações

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Posto de Saúde da aldeia Potrero Guassu (Foto: Divulgação/CIMI)

A morte de uma mulher e um bebê indígena durante trabalho de parto, na aldeia Potrero Guassu, por suposta negligência médica gerou revolta de moradores da cidade de Paranhos, a 389 km de Campo Grande. Após a repercussão do caso, o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul emitiu uma nota em que lamenta o ocorrido e informa que os profissionais envolvidos foram afastados.

O caso ocorreu no dia 14 de junho, mas a informação só foi divulgada nesta quarta-feira (21), pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário), que alega negligência médica.

No comunicado, o Dsei informou que segue apurando as circunstâncias do caso para identificar a causa dos óbitos.

“Estamos comprometidos em tomar todas as medidas necessárias para esclarecer os fatos. A Coordenação do DSEI-MS estabeleceu pelo afastamento dos profissionais envolvidos no caso até que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos”, destaca a nota.

O caso

Conforme o Cimi, por volta das 3 horas da madrugada um dos filhos da vítima procurou auxílio médico ao ver a mãe em trabalho de parto. Na ocasião, uma moradora da aldeia, prestou atendimento à família e efetuou cerca de dez ligações à plantonista da Sesai (Secretaria de Saúde Indígena) e à coordenação técnica do mesmo polo base, mas não foi atendida.

A moradora também recorreu a um grupo de funcionários da área da Saúde da aldeia, mas também não recebeu auxílio. O hospital do município também foi acionado. No entanto, uma atendente informou que só poderia liberar a ambulância com a anuência da equipe da Sesai, que não atendeu nenhuma das solicitações.

A vítima foi transportada junto ao seu marido até o hospital em um carro particular. Mas, ao chegar ao local, mãe e filho não resistiram. Na certidão de óbito consta a causa da morte como “desconhecida”. O que segundo o Cimi é uma prática recorrente na região.

Casos recorrentes

Segundo o Conselho Indigenista Missionário, casos como esse são recorrentes em comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul. Em visita à Terra Indígena Limão Verde, no município de Amambai, foi registrada a morte de um bebê de 30 dias de vida. No documento de óbito da criança, foram apontados “vômito e diarreia” como justificativa do falecimento.

Além da desassistência e a ausência de atendimento médico nos territórios, a falta de medicamentos é outro problema enfrentado pelos indígenas do Mato Grosso do Sul.
“Às vezes o médico passa a receita para a gente comprar o remédio, mas não temos como comprar. Então temos que recorrer aos remédios caseiros, que já estão bem difíceis de encontrar dentro das reservas”, relata uma liderança indígena.

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