Basta andar por Campo Grande para encontrar os pombos perambulando por aí, seja nas praças ou nas calçadas, aves muitas vezes passam despercebidas, mas também geram preocupação quanto à transmissão de doenças.
Os pombos urbanos não são animais nativos da fauna brasileira, uma vez que foram introduzidos por imigrantes europeus no século 16 com a colonização do território. Aves se adaptaram à região e, atualmente, são consideradas pragas urbanas. Dessa forma, os pombos instalam-se em forros, beirais de telhados, caixas de ar-condicionado, edifícios, galpões, etc. Motivo de transtorno entre moradores, a espécie causa estragos nos imóveis e transmitem doenças zoonóticas aos humanos.
Dentre as zoonoses que podem ser transmitidas por pombos, destacam-se:
- Salmonelose: doença infecciosa provocada por bactérias. A contaminação ao homem ocorre pela ingestão de alimentos contaminados com fezes dos animais.
- Criptococose: doença provocada por fungos que vivem no solo, em frutas secas e cereais e nas árvores; e nos excrementos de aves, principalmente pombos.
- Histoplasmose: doença provocada por fungos que se proliferam nas fezes de aves e morcegos. A contaminação ao homem ocorre pela inalação dos esporos (células reprodutoras do fungo).
- Alergias e dermatites.
Essa espécie está distribuída em todo o mundo, sendo mais grave nas áreas urbanas. Na capital, moradores se incomodam com o seu aparecimento devido aos riscos apresentados.
Sujeira, barulho e doenças
Elcy Claudino, 60 anos, é assistente social e mora em condomínio do bairro Santa Luzia, de Campo Grande. Ela conta ao Jornal Midiamax que vive uma luta contra os pombos há 9 anos, desde que se mudou para região com o filho, de 40 anos, e a neta, de 10.
Ela explica que já tentou de todas as formas reduzir a população de pombos na sua casa – como instalação de telas, cola especial nas caixas de ar-condicionado, higienização e demais medidas orientadas pelo CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) – mas aves sempre acabam voltando.
“Os carros dos condomínios ficam todos sujos. Quando tem muitos pombos a gente aciona o CCZ, que vem fazer a dedetização. Mas eles voltam. Tem os barulhos, principalmente à noite, a sujeira também é complicada porque dá muitos problemas respiratórios. Eu preciso limpar meu ar-condicionado várias vezes ao ano”, explica a moradora.

Manejo de pombos
Dessa forma, o CCZ orienta a população a instalar barreiras físicas, manutenção predial, reparos e limpezas para evitar o aparecimento de bombos. Além disso, ressalta que o extermínio dos bichos é crime.
“Para a permanência de pombos em determinado local, são necessários quatro fatores ocorrendo: abrigo, acesso ao abrigo, alimento e água disponíveis. É então recomendado realizar manejo ambiental nos locais onde ocorre o problema. O extermínio desses animais é crime. O emprego do manejo com a utilização de barreiras físicas é suficiente para afastar essas aves das edificações infestadas. Outra recomendação importante é não oferecer nem deixar disponíveis alimentos para esses animais”, informa o Centro de Controle de Zoonoses.
Portanto, é necessário deixar o lixo com restos de alimentos bem ensacados, não deixar rações disponíveis o dia todo e cuidar do ambiente domiciliar para evitar o aparecimento dos bichos.
Além disso, o CCZ realiza vigilância zoossanitária e orientações de manejo nos locais onde ocorre infestação, mediante solicitação da população através dos telefones 2020-1796 (horário comercial) e 3313-5000 (das 7h às 21h).
Medidas de prevenção
Outras medidas de prevenção e controle elencadas pelo Ministério da Saúde são:
- Retirar ninhos e ovos;
- Umedecer as fezes dos pombos com desinfetante antes de varrê-las;
- Utilizar luvas e máscara ou pano úmido para cobrir o nariz e a boca ao fazer a limpeza do local onde estão as fezes;
- Vedar buracos ou vãos entre paredes, telhados e forros;
- Colocar telas em varandas, janelas e caixas de ar-condicionado;
- Não deixar restos de alimentos que possam servir aos pombos, como ração de cães e gatos;
- Utilizar grampos em beirais para evitar que os pombos pousem;
- Acondicionar corretamente o lixo em recipientes fechados;
- Nunca alimentar os pombos.
Assim, o Ministério da Saúde ressalta a importância de controlar a população desses animais na comunidade para aves procurarem locais mais adequados para viverem. Um pombo na cidade vive em média 4 anos, enquanto em seu ambiente natural pode viver até 15 anos.