No ‘fim da linha’ e com maioria aposentada, emprego é desafio em Taquarussu, 3ª menor cidade de MS

Com 43 anos de fundação, município com 3,6 mil moradores é refúgio para quem quer tranquilidade

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Vista aérea do município de Taquarussu. (Prefeitura Municipal)

Localizada na faixa leste de Mato Grosso do Sul, Taquarussu aparece na terceira posição da lista dos menores municípios de Mato Grosso do Sul, conforme censo demográfico do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Com baixo índice de criminalidade e maioria da população já aposentada, a cidade com 43 anos de fundação é refúgio para quem quer uma vida de tranquilidade. 

Conforme banco de dados do IBGE, atualmente Taquarussu abriga 3.625 moradores, 107 a mais que no último censo demográfico divulgado há 12 anos, quando a população era de 3.518 pessoas. Embora tímido, aumento também foi notado na quantidade de domicílios, que saltou de 1.544 em 2010 para atuais 1.884.

Para o atual prefeito, Clóvis José do Nascimento (PSDB), os números são ainda maiores que os divulgados. “Está dentro da normalidade, mas acredito que a quantidade de moradores seja maior. Os critérios não consideram quem está na cidade há menos de seis meses e aqui temos uma população muito transitória”, afirma. 

Eleito em 2020 com pouco mais de 1,4 mil votos, Clóvis explica que a economia do município gira em torno do agronegócio e da renda do funcionalismo público, mesmo assim, a quantidade de postos de trabalho ainda aparece como um dos principais pontos de atenção. 

“Temos fazendas que plantam milho, soja e cana-de-açúcar e uma usina na divisa com Batayporã que emprega cerca de 350 funcionários daqui e absorve um pouco a demanda. Mesmo assim, nossa dificuldade com logística e ligação com outras cidades e estados atrapalha a chegada de novas empresas e isso reflete na criação de empregos”, detalha.

Isolada territorialmente e sem estrada de ligação para outras cidades, quem chega a Taquarussu precisa retornar para Batayporã ou Nova Andradina para acessar outras regiões.

Para aumentar o desenvolvimento de Taquarussu, a Prefeitura aposta na construção de ponte que ligaria o município ao Paraná, proposta que já está em discussão no estado vizinho. 

“Com a construção da ponte o trajeto até o porto de Paranaguá seria reduzido em aproximadamente 120 quilômetros e isso daria uma ajuda boa. Também queremos avançar no turismo ambiental, que utilizaria reserva que integra o Vale do Ivinhema para passeios, observação de aves e trilhas”, pontua Clovis. 

Sétima melhor escola de MS

Apesar de pequena, Taquarussu se destaca a nível estadual. Em 2022, o município ficou com a sétima posição do ranking que avaliou o ensino das mais de 200 escolas estaduais de Mato Grosso do Sul.

Entre os moradores de Taquarussu, o perfil se repete: moradores veteranos que nasceram, se criaram ou vivem há décadas na pacata cidade. Para quem fez “seu pé de meia” e se acostumou ao ritmo tranquilo, mudar não é uma opção.

“É um lugar sossegado, onde todo mundo se conhece e se ajuda e muito tranquilo para cuidar dos filhos. Não tenho um pingo de vontade de sair daqui”, Roberta Molina, de 29 anos. 

Funcionária de uma loja de móveis, ela é retrato do perfil taquarussuense: nascida e criada no município. Para ela, o único ponto negativo da região é a escassez de oportunidades de emprego. “A única coisa ruim é a falta de emprego. Quem não consegue na usina acaba sendo obrigado a procurar em Nova Andradina ou sair da cidade mesmo”, detalha. 

Na cidade onde vive com o marido e o filho, Roberta nem se lembra da última vez que ouviu falar sobre crimes ou confusão. “É muito tranquilo viver aqui”, finaliza.

Comerciante, Abner de Oliveira Gomes, de 40 anos, também nunca saiu da cidade onde empreende e cria os quatro filhos. “Sou feliz aqui e não trocaria por nenhum outro lugar. Daqui tiro meu pão de cada dia, trabalho e vivo tranquilo. Hospital atende bem, criminalidade não tem, acho que para ficar melhor só falta ter mais oportunidade de emprego mesmo”, completa.

História

Com área de 1.041 quilômetros quadrados, o que representa 0,2915% do território sul-mato-grossense, foi fundada por pioneiros do nordeste, São Paulo e Paraná, atraídos pelas terras férteis e oportunidades da região. 

Benedito Machado, Manoel Antônio Marciano Cordeiro, Agenor Francisco dos Anjos, Miguel Araújo, foram os responsáveis por lotear propriedades e implantar o primeiro povoado da área. Eles tiveram colaboração de Valero Nunes de Souzam que elaborou a planta da nova comunidade. Em 1963, Antônio Rodrigues estabeleceu a primeira casa comercial.

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