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Cotidiano

No centro do Pantanal, famílias pedem ‘socorro’ por água potável, alimentos e acesso à cidade

Moradores de comunidades do Paiaguás elaboraram um documento, onde relatam as dificuldades de se viver na região
Priscilla Peres -
Água suja, poço e banheiro sem porta (Foto: Divulgação, IMNEGRA)

Cerca de 120 famílias que moram na região do Paiaguás, no Pantanal sul-mato-grossense, elaboraram um documento denunciando dificuldades diárias enfrentadas por elas. A falta de acesso à prejudica a alimentação, saúde, educação das pessoas que não tem nem água potável para beber.

No documento que foi encaminhado a autoridades estaduais, como Governo do Estado e Ministério Público Federal, os moradores explicam que o trajeto de Corumbá até as comunidades ribeirinhas dura entre nove e 10 horas, em camionetes ou caminhões. Isso porque não há estradas e o caminho é feito por dentro do mato, com buracos e erosões.

As famílias são compostas, em maioria, por criança e idosos. Os moradores alegam que as crianças acabam por ter a vida escolar prejudicada, vezes por falta de certidão de nascimento, vezes por não terem condições de dar continuidade aos estudos após o 9º ano, por não ter como se deslocar até a cidade para estudar.

Ainda conforme o relatório, a dificuldade no acesso à cidade é prejudicada ainda pela falta de regulamentação do transporte na região. Os moradores denunciam que freteiros transportam pessoas e mercadorias de maneira ilegal e sob cobrança de valores altos, como R$ 250 por pessoa e R$ 60 por volume de mercadoria. Situação que inviabiliza ainda mais a ida até Corumbá.

O documento foi elaborado com auxílio do instituto da Mulher Negra do Pantanal, presidido por Ednir de Paulo.

Faltam alimentos, remédios e água potável

Os moradores das comunidades situadas no Paiaguás, recebem assistência do programa Povo das Águas realizado pela prefeitura de Corumbá, que leva atendimento médico e doação de cestas básicas. Porém, o auxílio é insuficiente para as demandas das 120 famílias.

O relatório aponta que em 2023 foram duas visitas à região, com doação de cesta básica que inclui 10 kg de arroz, 3 kg de feijão, 2 kg de macarrão, 3 pct de fubá, entre outros alimentos e itens de higiene. Porém, devido à periodicidade da assistência e a falta de acesso à cidade, moradores necessitam de mais alimentos.

Quando a comida doada acaba, eles precisam recorrer à compra de alimentos que chegam até a comunidade em preços exorbitantes, como R$ 70 um pacote de arroz de 5 kg, R$ 15 por 1 kg de feijão e R$ 18 por 2 kg de açúcar.

Em relação à saúde, mesmo com atendimento médico pelo programa, faltam remédios. Apenas um agente de saúde atende a região, que não possui posto de saúde e farmácias. A água também é um problema, já que o recurso disponível são poços, mas nem todos dispõem de recursos para a perfuração.

O documento aponta que muitas famílias optam por realizar poços de maneira manual, ainda assim, bebem água turva e sem nenhum tratamento. Também não há banheiros e nem fossas, restando aos moradores fazer necessidades fisiológicas no mato.

Educação: aulas em dias alternados e salas insalubres

Equipe do instituto da Mulher Negra do Pantanal esteve nas comunidades do Paiaguás para conferir as denúncias e sobre educação, destaca a situação insalubre das escolas, sem ventilação, falta de alimentos e infestação de bichos.

Na Municipal Santa Aurélia, foi constatado falta de água potável, de internet, de impressora, de alimentos frescos. Além de dificuldade no transporte das crianças, infestação de morcegos e aranhas. Os banheiros sem limpeza e portas.

Já na Sebastiâo Rolon – Extensão Nazaré, nunca foi feita limpeza na caixa d’água com 9 anos, apenas um banheiro está apto para uso, o alojamento das crianças não tem ventilação e há muitas quedas de energia.

Denúncia encaminhada às autoridades

Presidente do instituto da Mulher Negra do Pantanal, Ednir de Paulo explica que esteve no local e auxiliou na elaboração do documento, que foi encaminhado às autoridades. Ela afirma que protocolou o documento no Ministério Público Federal.

Também afirma ter encaminhado o documento para o Governo do Estado. “Sou conselheira do CONFULES – este Relatório, está com o Secretário de Estado Jaime Verruck e Dra Patrícia – Secretaria de Estado e Direitos humanos”.

A prefeitura de Corumbá foi procurada sobre as denúncias e o espaço segue aberto ao posicionamento.

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