‘Não abandono’: mães de presidiários enfrentam frio para passar dia ao lado dos filhos em MS

Mães se reuniram na fila da Penitenciária Estadual de Segurança Máxima logo pela manhã, quando Campo Grande registrava 13ºC

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Mães se concentram em frente à Penitenciária de Segurança Máxima (Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax)

O Dia das Mães amanheceu com os termômetros a 13ºC em Campo Grande, porém, o vento gelado não impediu que cerca de 1.200 mães se reunissem na fila da Penitenciária Estadual de Segurança Máxima neste domingo (14) para verem os seus filhos, que cumprem pena no local, em um dia em que o amor supera qualquer barreira.

Todas as mulheres contaram ainda com café da manhã social promovido pela Assembleia de Deus, responsável por oferecer alimentação, louvores, sorteio de brindes e orações às mulheres que acordaram cedo para conseguirem ver os seus filhos. Nilo Henrique Cáceres, quem estava à frente da ação, alega que realiza o café da manhã desde 2007.

À espera da abertura dos portões, Maria Lúcia da Silva de Campos saiu bem cedinho do Santa Emília e conseguiu um lugar na grande fila que separava o presídio do mundo externo. Aposentada, a mulher de 51 anos contou ao Jornal Midiamax que o filho, de 34 anos, foi preso por ter sido ‘mula’ [pessoa usada por traficantes para transportar a droga ilegal por fronteiras policiadas]. Ele passou por Jardim, Dourados e, depois, transferido para Campo Grande, onde a família mora.

Ao longo dos anos, é sucinta em afirmar que sempre visitou o filho, até mesmo quando estava doente.

“Não abandono. Tudo existe ex, mas ex-filho e ex-mãe nunca vai existir”, afirma. Ela foi preparada para passar uma tarde agradável com o filho e aproveitou para levar churrasco com acompanhamentos. Afinal, hoje é dia de comemorar o amor e a chegada cada vez mais próxima da liberdade.

“Eu estou aliviada, pra mim é um presente porque meu filho vai sair no dia 30 de julho com a tornozeleira. É um milagre porque ele precisava ficar sete anos preso, mas vai ficar três”.

(Foto: Marcos Ermínio/Jornal Midiamax)

Emoção infinita

Francisca Souza, de 67 anos, também aguardava para ver o filho de 38 anos, preso há um ano e cinco meses por envolvimento com tráfico de drogas. Para não deixar o mais jovem passar necessidade, a moradora do Tarsila do Amaral percorreu ao menos 38 quilômetros para levar blusa de frio e bolo para comemorar o Dia das Mães.

Mãe de nove filhos, sendo cinco homens e quatro mulheres, tudo o que mais queria nesta data era comemorar com a família reunida.

“É muita triste, não queria estar aqui neste lugar, queria todo mundo em paz em casa. Mas também estou feliz porque ele tem previsão de sair [da prisão] mês que vem”, diz.

Assim, Francista deve ficar na penitenciária até 15h e, depois, jantar com o restante da família.

“Não abandono”

Apesar do pedido de não comparecer ao local no Dia das Mães, Ivanilsa de Souza ignorou o desejo do filho e chegou bem cedo à Penitenciária Estadual de Segurança Máxima. Ela é mãe do rapaz de 26 anos, preso por envolvimento com roubo, e quis fazer uma surpresa bolo, bolacha, carne assada e acompanhamentos.

Para ela, não existia outra possibilidade de passar o Dia das Mães senão estar ao lado do jovem. “Só tem eu por ele. A mulher largou ele, mas eu não abandono. É dolorido, mas tem que estar aqui”, alega.

Aos 51 anos de idade, a maior esperança de Ivanilsa é que o filho saia da prisão em outubro, de preferência antes do seu aniversário, no dia 19 do mesmo mês. Depois de lá, pretende passar o Dia das Mães com as irmãs e o outro filho em casa.

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