“Tira casaco… coloca casaco”, a título de comparação com um trecho do filme Karate Kid, o sul-mato-grossense tem travado um “treinamento de arte marcial” com as mudanças frequentes no tempo – um dia, calor que beira 40°C e queda nos termômetros para menos de 15°C no dia seguinte. A previsão desta semana indica máxima de 41°C até terça-feira (12) e virada no tempo para mínima de 9°C a partir de quarta-feira (13).

A médica pneumologista Andrea Cunha explica que todos os extremos são nocivos ao corpo humano, entretanto, as variações bruscas no clima descompensam a imunidade, desencadeando ou agravando quadros clínicos.

“Os problemas maiores são as oscilações, de 15°C passa para 30°C, no dia seguinte está 20°C. Com essas oscilações bruscas nas temperaturas, as pessoas podem sentir com sintomas respiratórios, por exemplo, com a tosse, chiado, falta de ar, cansaço na respiração. Quando a temperatura está permanentemente alta, também exige cuidados, mas as oscilações são mais prejudicais”, detalha.

Portanto, blindar a imunidade é uma tarefa difícil no Estado, principalmente para pessoas diagnosticadas com problemas respiratórios. A pneumologista reforça que hábitos devem ser adotados tanto para predispostos às crises quanto aqueles que podem evitar inflamações ou infecções neste período.

“As pessoas precisam se hidratar, usar soro fisiológico nasal, cuidar mais da umidade. E como se faz isso? Se alimentando de forma adequada, fazendo atividade física periódica”, orienta a profissional.

Sintomas de mal-estar com calor

A onda de calor emite o risco de hipertermia – quando a temperatura do corpo humano ultrapassa 40°C e desencadeia sintomas que levam ao óbito. Para se ter uma ideia, o corpo descompensa e eleva o calor corporal.

Diferente da febre, em que o corpo luta para combater e normalizar, a hipertermia resulta na “incapacidade do mecanismo regulador de temperatura do hipotálamo em controlar as diferenças entre ganho e perda de calor, e da dissipação inadequada do calor pelo corpo”, como cita estudos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).

Alguns sintomas alertam para o mal-estar causado pelo calor:

  • Transpiração excessiva;
  • Dores de cabeça;
  • Tontura;
  • Fraqueza;
  • Cãibras;
  • Alucinações;
  • Convulsões;
  • Pressão arterial baixa;
  • Respiração curta e acelerada;
  • Desmaios;
  • Náuseas e vômitos.

Procurar médico em UBS ou UPA?

Diante de sintomas e constatação do calor, a Dra. Andrea Cunha relembra o constante aviso da hidratação diária e hábitos que fortalecem o sistema imunológico, principalmente de idosos e crianças, que são pacientes mais vulneráveis às doenças desencadeadas nesse período.

“Na persistentemente de temperatura alta, tem que lembrar de se hidratar bastante, usar soro fisiológico no nariz, ingerir água que depende do peso em adultos, a 40 ml por quilo. As pessoas com algumas doenças respiratórias, como a bronquite, asma, enfisema, precisam estar com o tratamento de prevenção em dia. Muitas deixam para a crise, mas pressão alta e diabete, essas doenças respiratórias também exigem que as pessoas façam um acompanhamento médico periódico e utilize as medicação de proteção”, descreve.

Outra dúvida frequente nesses casos é onde buscar atendimento médico e quando é necessário atendimento de urgência ou emergência. A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) não possui um levantamento sobre agravos que podem ter sido provocados pelo calor excessivo. A médica Andrea Cunha explica que pessoas com mal-estar que estão com sintomas agravados, como a falta de ar, por exemplo, devem procurar uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

“[Deve ter] atenção principalmente para quem tem doenças respiratórias crônicas ou idosos e crianças, por exemplo, a tosse, falta de alta, um quadro persistente, deve procurar um atendimento médico. Quando é falta de ar intensa, que não dá para esperar uma consulta agendada em uma unidade básica ou consultório, deve ir até uma UPA ou Pronto Socorro. A falta de ar, por exemplo, pode ser um quadro que descompensou de forma aguda e que precisa ser atendida logo”.

Já em casos “arrastados”, aqueles em que o paciente no diagnóstico da doença ou o morador que gostaria de evitar uma crise, deve procurar atendimento médico de acompanhamento, em UBS (Unidade Básica de Saúde), que requer atendimento agendado e de prevenção.

Ambiente isolante

A arquiteta Patrícia Grison Fortti exemplifica soluções para amenizar temperaturas nos ambientes internos. Para a escolha mais assertiva, antes de tudo, o morador deve entender por onde e como decorre essa intensa troca térmica, por exemplo, se vem da cobertura ou aberturas para chegada do calor dentro de casa. Logo, identificar qual seria a solução mais eficaz para buscar soluções.

“Quanto às alternativas e a depender do cenário comentado acima, temos opções mais simples como o uso de proteções internas das esquadrias (cortinas, persianas, telas solares, películas térmicas), como o famoso Insulfilm (que, na verdade, é uma marca e não especificamente o produto); proteções externas como brises, pinturas cores claras (tanto em telhados como nas paredes) já que a cor clara comprovadamente reflete mais os raios solares, marquises e varandas também são excelentes para proteger as aberturas e amenizarem drasticamente a incidência solar através delas, sobretudo em contato direto com os vidros”, descreve.

E por falar vidro, a especialista comenta que o “sistema low” – vidros de baixa emissividade controlam a temperatura -, reflete isolamento térmico. Nesse quesito de isolante, há opções de emprego de materiais como o gesso nas paredes ou forros.

“Uma rápida intervenção é o uso da vegetação nos ambientes internos para melhorar a umidade do ar – que acaba ficando critica principalmente quando se tem ondas de calor e no nosso inverno, que é extremamente seco – manter níveis de umidade melhora a sensação térmica além dos demais benefícios para a saúde; os materiais empregados dentro do ambiente como mobiliários ou objetos em madeira, tecidos frios como cetim, seda, objetos em barro, cerâmica também melhoram a sensação térmica. Muito importante citar sobre a iluminação artificial, atentar-se para as tipologias das luminárias e sobretudo as lâmpadas: incandescentes e fluorescentes emitem muito calor e aquece o ambiente, utilizar LEDs”.

“Outras soluções que utilizarmos são técnicas de resfriamento como regar o entorno imediato, sistemas e equipamentos de resfriamento dos telhados (muito utilizado em fábricas) que há também para o setor residencial. E claro, a vegetação sempre será a melhor aliada! Ambientes que contém água e plantas equilibram as temperaturas de forma incrível, pois tendem a trazer a umidade que se esvai com as altas temperaturas. Todas as soluções podem ser aplicadas isoladas ou em conjunto a depender do contexto”.

E no frio?

Como já citado, os extremos e as oscilações descompensam a imunidade. Durante temperaturas frias aliadas ao tempo seco, diversas síndromes são desencadeadas e lotam unidades de saúde. Os principais sintomas são de problemas respiratórios e infecciosos.

A Aborl (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia) aponta exemplo mais comuns nesse clima: alergia, asma, sinusite, bronquite, bronquiolite e otite.

Entretanto, semelhante ao calor, a recomendação aos moradores também sugere o equilíbrio em hábitos:

  • Lave as vestimentas;
  • Tenha uma alimentação equilibrada;
  • Beba água;
  • Evite poeira;
  • Mantenha higiene;
  • Evite ambientes fechados;
  • Faça exercício físico.