Uma portaria expedida pelo MPI (Ministério dos Povos Indígenas) determinou a renovação do grupo de trabalho criado com finalidade de propor medidas resolutivas sobre a situação fundiária do povo Kinikinau, localizado em Bonito, no Mato Grosso do Sul.

A medida assinada na última sexta-feira (25) pelo secretário-executivo do MPI, Eloy Terena, dá continuidade ao que foi estabelecido pela Portaria n° 101 de 18 de abril de 2023.

“Renovar o Grupo de Trabalho constituídos (…), prorrogando a sua validade por igual período, sendo este de mais 90 dias, com suas conclusões a serem encaminhadas à Ministra dos Povos Indígenas”, diz o artigo 1º da portaria.

Tentativa de retomada

O povo Kinikinau tenta reivindicar uma área no município e tem enfrentado resistência de fazendeiros que também alegam ser proprietários. Para acelerar o processo, os Kinikinau tentaram, em 2019, regressar por conta própria ao seu território tradicional, retomando parte da TI Agachi. Porém, não obtiveram sucesso.

Na primeira tentativa, os indígenas estavam com a posse consolidada desde a madrugada do dia 1º de agosto de 2019, e mesmo assim foram alvos de ações truculentas da Polícia Militar (PM) local.

Uso de helicópteros

No final do mesmo dia, os policiais realizaram uma operação sem ordem judicial e sem aviso prévio – o que é considerado ilegal. Cerca de 130 homens da PM, apoiados por helicópteros e ônibus escolares, realizaram o despejo de forma violenta, com bombas e tiros de bala de borracha contra mulheres, crianças e idosos.

Em uma tentativa de fortalecimento, os Kinikinau construíram uma pequena Oca, conhecida como Xiri Xiri (casa do Beija Flor), na aldeia Mãe Terra. Nesse espaço, as famílias confeccionam as cerâmicas do povo, ensinam as crianças sobre a cultura e os artefatos indígenas Kinikinau.