Patrimônio imaterial brasileiro a Mata Atlântica segue em constante ameaça devido ao desmatamento de sua flora nativa. Com 6,3 milhões de hectares de seu território localizados dentro do bioma, Mato Grosso do Sul ocupa a quarta posição entre os cinco estados com maiores índices de desmatamento.

Dados da Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram que entre os meses de outubro de 2021 e de 2022, o desflorestamento chegou a 20.075 hectares (ha), o correspondente a mais de 20 mil campos de futebol de futebol em um ano ou um Parque Ibirapuera (SP) desmatados a cada três dias.

Um dos mais importantes biomas brasileiros, a Mata Atlântica abriga cerca de 70% da população nacional e responde por cerca de 80% da economia do Brasil, além de produzir 50% dos alimentos consumidos no país. Cinco Estados do bioma acumulam 91% do desmatamento: Minas Gerais (7.456 hectares), Bahia (5.719 ha), Paraná (2.883 ha), Mato Grosso do Sul (1.115 ha) e Santa Catarina (1.041 ha).

Apesar dos números apresentarem uma redução de 7% em relação ao identificado em 2020-2021 (21.642 hectares), a área desmatada é a segunda maior dos últimos 6 anos e está 76% maior que o valor mais baixo registrado na série histórica, 11.399 hectares, entre 2017 e 2018.

Diretor executivo da SOS Mata Atlântica e coordenador do Atlas, Luís Fernando Guedes Pinto, explica que entre os fatores que contribuem para o aumento do desmatamento em Mato Grosso do Sul, está a expansão em larga escala da agricultura e pecuária, principais culturas do Estado.

Conforme a pesquisa, dez municípios brasileiros concentram 30% do desmatamento total do período, dentre eles, apenas um está situado em Mato Grosso do Sul, na cidade de Porto Murtinho com 424 hectares da área desmatada.

Maior área florestada do planeta

Marcada pela vegetação alta e diversificada, a Mata Atlântica cobria todo o litoral brasileiro do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Já Mato Grosso do Sul abriga a maior área contínua preservada de Mata Atlântica no interior do Brasil.

De acordo com o Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), devido a sua localização, a Mata Atlântica foi o bioma mais devastado devido ao avanço da colonização. Hoje, restam pouco mais de 12% da mata nativa preservada e por isso, foi reconhecida pela Unesco como reserva da biosfera, a maior em área florestada do planeta, com cerca de 78 milhões de hectares.

Ao todo são 62 milhões em áreas terrestres e 16 milhões em áreas marinhas, que percorrem 17 estados brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, a Mata Atlântica concentra o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, com 76,4 mil hectares, e diversos atrativos naturais abertos a visitações nas cidades de Bonito e Jardim.