Cerca de 6 mil servidores estaduais descontentes com o reajuste de 25% até 40% aprovado em assembleia do plano na última quinta-feira (27) organizaram comissão para entrar com medidas contra a decisão.

Uma das questões levantadas pelo grupo foi a possibilidade de entrarem na Justiça com pedido para anular a assembleia que definiu pelo aumento. A medida é reforçada por reclamação feita por servidores que não quiseram se identificar, mas relataram ao Jornal Midiamax que assembleia não levou em conta o voto da maioria, uma vez que grande parte dos profissionais não conseguiu participar justamente porque não foi liberada pelo Estado.

Além da anulação da assembleia, foi levantada a possibilidade de migração para outro plano de saúde.

Conforme nota do grupo, a comissão surgiu em razão do “descontentamento dos servidores com o plano de saúde”. Atualmente, seis mil servidores participam da comissão. Uma petição pedindo o cancelamento do aumento, aprovado na assembleia do dia 27 de julho, está sendo assinada e já conta com mais de três mil assinaturas. A comissão se organiza através de grupos de WhatsApp e Telegram.

Além do cancelamento do aumento, a comissão pede melhorias nos serviços prestados e maior transparência.

Pedido de CPI e ‘sumiço’ de R$ 17 milhões

Após verificar inconsistências no portal da transparência da Cassems (Caixa de Assistência dos Servidores de Mato Grosso do Sul), com déficit de R$ 17 milhões nos cofres da instituição, o deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) disse que pedirá abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Assembleia Legislativa para apurar o destino dos recursos.

O deputado explica que o montante não está na prestação de contas do hospital e é preciso entender para onde foi o dinheiro. “Eles fecharam o ano passado com um superávit de cerca de R$ 18 milhões, agora queremos saber qual o motivo desse aumento no plano, uma vez que o balanço foi fechado pelo próprio presidente em R$ 18 milhões. Sem contar que, atualmente, R$ 17 milhões não constam no caixa”, detalha.

Em nota, a Cassems alegou que teve déficit de R$ 37 milhões. Ainda, o plano disse que em 2021 apresentou, pela primeira vez em sua história, resultado financeiro negativo. Nos anos seguintes, diante de epidemias de dengue, gripe, e outras doenças respiratórias, a operadora teria sofrido sobrecarga.

Em relação ao pedido de CPI, o presidente da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Gerson Claro, descartou instaurar a comissão antes de ouvir o presidente da Cassems, Ricardo Ayache. “Atendendo ao pedido, vou convidar o presidente da Cassems para uma reunião na sala da presidência. Na oportunidade, qualquer deputado poderá fazer perguntas. Essa Casa não é Casa da politicagem. Me comprometo a fazer esse convite. O mais breve possível. Até amanhã teremos essa reunião marcada”, frisou.

Aumento no plano

Na última quinta-feira (27), a Cassems realizou assembleia para votar mudanças que deverão constar no plano de saúde para os servidores do Estado. Na ocasião, foi aprovada a exclusão da cobrança do fator participativo de tratamentos odontológicos ao criar a contribuição fixa de R$ 45, limitada a R$ 180 por família.

Conforme a Cassems, a proposta aprovada permite excluir a cobrança do fator participativo de tratamentos odontológicos e de outras terapias em que sejam necessários o uso de materiais de OPME (Órtese, Prótese e Materiais Especiais).

Assim, a contribuição fixa por beneficiário será mensal, no valor de R$ 45 e que é limitada a R$ 180 por grupo familiar natural, não abrangendo os agregados que também contribuirão com o valor individual.

No modelo anterior, o pagador do plano iria desembolsar uma coparticipação de 20% de OPME, cobrança prevista no Estatuto do plano de saúde, por procedimento realizado.

Com isso, no modelo antigo, em um procedimento em que a Cassems realizasse o investimento de R$ 205.222,00 na cobertura do OPME, a coparticipação do beneficiário, de 20%, neste caso equivale a R$ 41.044,40.

Atualmente, a Cassems tem cerca de 18 mil pessoas em débito com o plano, que são dívidas adquiridas em razão de tratamentos e terapias em que houve a necessidade de OPME. Quando somados, esses débitos – vencidos e a vencer – chegam a R$ 28.65.512,98 e com parcelamentos até 2051.

Mesmo com a alteração no modelo de contribuição, o plano de saúde mantém o valor médio, que é de R$ 362,00.