Falha Bioceânica: carga com carne de MS que estrearia rota partiu sem nenhum documento de exportação

Titular da Semadesc, Jaime Verruck, está no comboio de marketing que deve chegar sem a carga no Chile

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Carga de carne saiu do frigorífico Friboi (Foto: Divulgação, Setlog)

O que era para ser o ‘test drive’ da Rota Bioceânica expôs a falta de preparo da organização da III Expedição da Rota de Integração Latino-Americana. Isso porque a carga de 13 toneladas de carne bovina de Mato Grosso do Sul chegou a aduana de Ponta Porã sem nenhuma documentação para exportação.

O caminhão está carregado com carne bovina do frigorífico Friboi, da JBS, e sob responsabilidade do Setlog (Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística de MS), que encabeça a expedição ao Chile junto com a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).

Apesar de todo o aparato das instituições, empresários e políticos, a carga chegou a Ponta Porã na sexta-feira (24) sem nenhuma documentação para exportação e nem chegou a dar entrada na aduana. A expectativa era de que a carga chegasse ao norte do Chile, no Porto de Iquique, no dia 29 e encontrasse a equipe.

Porém, de acordo com a Receita Federal em Ponta Porã, faltou preparo e organização da equipe da Rota Bioceânica. “O caminhão chegou na sexta-feira (24), às 16h e não tinha nenhum documento para exportação. Esses documentos começaram a ser elaborados a partir da primeira hora desta segunda-feira (27), sendo que foi contratado um despachante para realizar esse trabalho”, disse a Receita Federal em nota.

“Evidente a falta de preparo da equipe”

Em entrevista ao Jornal Midiamax nesta terça-feira (28), representante da Receita Federal em Ponta Porã esclareceu que há dois meses, em 19 de setembro, houve uma conversa preliminar com a equipe da Rota Bioceânica, quando foram dados direcionamentos sobre a documentação necessária para que a carga fosse enviada ao Chile.

Para sair do Brasil e cruzar o Paraguai e a Argentina até o Chile, a carga precisa de habilitações dos três países, além da documentação necessária à exportação. Porém, os trâmites não foram seguidos pelas equipes do Setlog e da Semadesc.

“Para nós, ficou evidente a falta de preparo da equipe, pois eles não se prepararam para a viagem. Estamos desde sexta-feira dando todas as orientações necessárias, mas não temos o que fazer, já que o caminhão nem entrou no recinto”, disse representante da Receita Federal ao Jornal Midiamax.

Equipe da aduana ainda esclarece que é comum o despacho de cargas para exportação, como soja e carne, o problema, neste caso, é a falta de preparo da equipe da Rota Bioceânica. “Atendemos exportação de soja durante a safra, triplicamos o atendimento aqui. Estou agora com um despacho de carne que chegou hoje e vai sair hoje ainda. O problema não é burocrático”, esclarece.

A expectativa das autoridades era de que a carga chegasse ao Porto de Iquique, no norte do Chile, na quarta-feira (29), após cinco dias de viagem. A comitiva com mais de 100 empresários e autoridades, como o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Jaime Verruck, passou pela Argentina segunda-feira (27) e deve chegar ao Chile nesta terça.

A empresa JBS informou que apenas a carga pertence à empresa, enquanto o caminhão e a documentação estão sob responsabilidade do Setlog. Semadesc e Setlog foram procurados e o espaço segue aberto ao posicionamento.

Equipe passou por San Salvador de Jujuy, na Argentina, na segunda-feira (27). (Foto: Divulgação, Semadesc)

Expedição com 100 pessoas não evita ‘mico diplomático’

A viagem que começou na última sexta-feira (24) é a terceira expedição da Rila (Rota de Integração Latino-Americana), que tem objetivo de percorrer todo o trajeto da rota bioceânica, de Campo Grande até Iquique, no Chile.

Neste ano, 30 veículos e 100 pessoas participam da expedição, entre eles políticos caronistas que deixam a atuação nos cargos de origem para participar da viagem que protagoniza ampla ação de marketing.

Neste domingo, a viagem teve incidentes envolvendo caminhonetes atoladas em estradas com poucas condições de tráfego para veículos pesados.

A agenda dos próximos dias será intensa, a previsão é que o grupo só retorne para Campo Grande no dia 5 de dezembro.

Confira abaixo o cronograma da expedição:

Dia 27/11 (segunda-feira)
– Segue viagem rumo a fronteira com o Chile (passo de Jama)
– Aduana e Imigração (Argentina e Chile)
– Segue viagem até San Pedro de Atacama – Almoço
Tarde livre. Pernoite em San Pedro de Atacama.

Dia 28/11/2023 (terça-feira)
– Segue viagem para Iquique
– Almoço em Iquique
Agenda com autoridades locais. Encontro com a carga transportada. Embarque da carga de retorno. Pernoite em Iquique.

Dia 29/11 (quarta-feira)
– Almoço em Iquique
– Agenda Oficial em Iquique (Participação no evento 4º FORO DE LOS TERRITORIOS SUBNACIONALES DEL CORREDOR BIOCEÁNICO CAPRICORNIO, com empresários chilenos, paraguaios, argentinos bolivianos e mais de 600 chineses com tradição em comércio internacional)
– Pernoite em Iquique

Dia 30/11/2023 (quinta-feira)
– Segue viagem para Salta
– Almoço San Salvador de Jujuy
– Jantar em Salta. Pernoite em Salta.

Dia 01/12 (sexta-feira)
– Agenda com autoridades Salta
– Rodada de Negócios
– Segue viagem San Salvador de Jujuy
– Agenda Oficial Jujuy
Pernoite.

Dia 02/12 (sábado)
– Segue viagem para Asunción
Jantar pernoite em Asunción

Dia 03/12 (domingo)
– Em Asunción. Agenda com autoridades.

Dia 04/12 (segunda-feira)
– Agenda Asunción, com autoridades
– Almoço Asunción. Saída para Ponta Porã.
– Jantar e pernoite em Ponta Porã

Dia 05/12 (terça-feira)
– Retorno e chegada em Campo Grande.

Rota Bioceânica

A Rota Bioceânica encurtará a distância para as exportações e importações brasileiras entre mercados potenciais na Ásia, Oceania e Costa Oeste dos Estados Unidos. Também integrará a América do Sul e transformará Mato Grosso do Sul em um hub logístico, um centro de distribuição de mercadorias.

Mato Grosso do Sul é o coração da rota, que vai seguir pela cidade de Porto Murtinho; cruzará o território paraguaio por Carmelo Peralta, Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo.

Depois irá atravessar por território argentino as cidades de Misión La Paz, Tartagal, Jujuy e Salta; ingressando no Chile pelo Passo de Jama, até alcançar os portos de Antofagasta, Mejillones e Iquique.

Obra de acesso à ponte custará R$ 472 milhões

Foi divulgado no Diário Oficial da União do dia 16 de novembro, o resultado da licitação para implantação de acesso à ponte da Rota Bioceânica, na região de Porto Murtinho. A empresa receberá R$ 472 milhões pelo serviço.

De acordo com o aviso de homologação e adjudicação, a licitante vencedora é a Construtora Caiapó Ltda (CNPJ 00.237.518/0001-43). O valor total da licitação é de R$ 472.410.911,22.

O objeto da contratação é a elaboração de projetos de engenharia, bem como a execução das obras de implantação e pavimentação de acesso à ponte sobre o Rio Paraguai, na BR-267, contorno rodoviário de Porto Murtinho. Também fica a empresa responsável pela construção do Centro Aduaneiro de Controle de Fronteira.

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