‘Espremidos que nem sardinha’: conselheira da ONU ouve reclamações de estudantes em MS

Alice Wairimu Nderitu ouviu relatos de representantes das comunidades indígenas e quilombola de Dourados e de outros segmentos

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Juliane expôs problemas das aldeias de Dourados (Foto: Marcos Morandi, Midiamax)

Após retornar da visita à retomada Guapoy, em Amambai, a conselheira e subsecretária da ONU (Organização da Nações) Alice Wairimu Nderitu participou de uma conversa com estudantes e professores na noite desta terça-feira em Dourados. O encontro aconteceu na Fadir (Faculdade de Direito da Universidade Federal da Grande Dourados).

Entre os relatos feitos por representantes das comunidades indígenas e quilombola de Dourados, está o da jovem Juliene Aquino, moradora da Aldeia Bororó. “Estamos cada vez mais espremidos que nem sardinha em lata”, disse a indígena que é estudante de Relações Internacionais.

A afirmação, segundo ela, contextualiza a situação vivenciada pelas aldeias da Reserva Indígena Federal e também das retomadas. “O único lugar que temos árvores é na aldeia indígena de Dourado. Porque o resto só é soja, milho e cana. Infelizmente logo isso vai acabar porque estamos vivendo cada vez mais apertados”.

A indígena também cobrou políticas públicas para as populações das aldeias, principalmente que contemplem as mulheres e os jovens que, segundo ela, estão cada vez mais oprimidos. “Não temos um conselho específico para a nossa população indígena. Dourados também não tem uma delegacia da Mulher que funcione 24 horas”, disse Juliene, que faz parte do Conselho Municipal da Juventude.

Entre algumas carências existentes na Reserva Indígena Federal, ela também apontou um dos problemas crônicos das aldeias Bororó e Jaguapiru e também das retomadas, que é a falta de água potável. “Infelizmente as nascentes das aldeias estão tudo secando, estão sendo poluídas pelo agrotóxico”, disse Juliene.

Além do relato da jovem indígena, Alice ouviu, por meio de tradução simultânea, depoimentos do professor Eliel Benitez da UFGD, cedido para o Ministério dos Povos Indígenas, de Tonico Pereira, da Funai, de Leila Rocha, da Aty Guassu, de Eva Patrícia Braga Fernandes, da comunidade quilombola da região da Picadinha, e também de Alexandra Montgomery, representante da Anistia Internacional.

Alice Wairimu Nderitu disse que essas visitas às comunidades indígenas de Mato Grosso do Sul, como a que aconteceu na retomada Guapoy, em Amambai, irão fazer parte de um relatório que será entregue ao secretário-geral da ONU. Na manhã desta quarta-feira (9), ela visita uma aldeia de Caarapó. A agenda não é aberta aos jornalistas.

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