Empresa desiste e corredor da Gunter Hans enfrenta desgaste à espera de nova licitação

Há mais de um ano, a tão esperada estação de ônibus acumula lixo e riscos de acidente de trânsito

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Corredor com obras paralisadas (Nathalia Alcântara)

Cavaletes e cones indicam o desvio no corredor da Avenida Gunter Hans, em toda a extensão do bairro Aero Rancho, em Campo Grande. O que seria uma promessa de modernização e fluidez do trânsito está com obras paralisadas desde o ano passado. O desgaste das muretas aumenta enquanto poder público não rescinde o contrato com a construtora que desistiu da obra.

Diante dos dois anos de espera desde o início das obras, em 2021, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que a empresa que venceu a licitação e iniciou a obra pediu a rescisão do contrato. Assim, uma nova licitação só seria lançada com a formalização da rescisão entre a construtora e o município.

Os questionamentos sobre a obra indicam que houve renegociação com a empreiteira, já que em setembro de 2022 a prefeitura alegou que a empresa responsável pela obra revisava alguns itens da planilha de custos.

“Em função dos aumentos de preços do óleo diesel e dos produtos asfálticos, a empresa alega desequilíbrio econômico-financeiro do contrato”, declarou na época.

Ou seja, o andamento da construção segue parado e sem previsão de continuidade, dependendo de burocracia em negociações. Por hora, os canteiros ficam a mercê de entulho, acidentes de trânsito e poeira.

Corredor é esperança de acelerar trânsito em bairro populoso

A Avenida Marechal Deodoro e seu prolongamento, a Avenida Gunter Hans, que até 1980 era o trecho urbano da BR-060, serve de linha divisória de duas regiões urbanas da cidade: Lagoa e Anhanduizinho, onde somente dois bairros, Aero Rancho e Coophavila 2, têm mais de 50 mil habitantes.

Imagine o cenário, quem segue pela rotatória do “Trevo Imbirussu” teria duas faixas e o corredor ao lado esquerdo. Entretanto, não há sinalização horizontal e em horários de pico motoristas passam para a faixa que seria exclusiva de ônibus. A partir daí, o condutor que seguia pela faixa exclusiva de ônibus disputa a conversão na faixa da direita para evitar a colisão com a mureta.

Lixo acumula nos corredores (Nathalia Alcântara)

Paralisada

Apesar da sensação de abandono, a obra está dentro do prazo, já que a conclusão para entrega é até 2024. Uma das frentes de serviço começou em 2014. O projeto teve incentivo de R$ 110 milhões do PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana liberados para recapeamento de vias e construção dos corredores de ônibus.

Segundo o Painel de Obras do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, a obra é descrita como “reestruturação do sistema integrado de transporte”, que está em situação de construção e 21% em execução pronta. O início da movimentação para o recurso foi liberado em fevereiro de 2017, com investimentos de R$ 149.238.727,00 em financiamento.

O projeto abrange a partir da rotatória com as avenidas Bandeirantes e Manoel da Costa Lima, início do trecho em pista dupla, a faixa exclusiva de ônibus será implantada rente ao canteiro central.

As estações de pré-embarque serão implantadas entre as ruas Tabira e Visconde de Suassuna; entre a Avenida Panambi Vera e a Rua Guaraí; entre as ruas Roney Paim Malheiros e Tenente Antônio João Ribeiro. A última estação será entre as ruas Eduardo Contar e Túlio Alves Quito.

Terminais concluídos

Dos corredores prontos, as estruturas que já atendem ao plano ficam na Rua Rui Barbosa e Brilhante. Continuam no papel as estações na Avenida Bandeirantes e Rua Bahia, destas, apenas há sinalização horizontal indicando o futuro corredor exclusivo para trânsito de ônibus.

Na Rua Bahia a situação é ainda mais complicada, já que a sinalização está na terceira faixa da esquerda, enquanto os pontos de ônibus ficam na terceira faixa da direita. Enquanto as obras não acontecem, a faixa exclusiva continua sendo “vaga de estacionamento”.

Inclusive, em setembro deste ano o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa negou liminar para suspender a obra. O caso foi julgado pela 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande impetrada por comerciantes da via que questionam o projeto.

Nova relicitação

Na última segunda-feira (22), a prefeita Adriane Lopes (PP) informou que as estações de embarque da Rua Bahia, Avenida Bandeirantes e Rua Brilhante serão relicitadas.

“Nós vamos relicitar, dar andamento. O secretário de obras, junto com a Agetran e eu já fizemos reuniões e temos um plano moderno de mobilidade urbana para Campo Grande. Nós estamos avançando em várias áreas da cidade para melhorar o fluxo do trânsito. Fizemos um estudo de todas as regiões para entender como a nossa Agetran pode trazer respostas mais rápidas, melhorando a qualidade de vida do campo-grandense”.

Em fevereiro, a prefeitura publicou edital para 11 pontos de embarque contendo dois bancos de concreto, cada, quatro metros e cobertura metálica, além de sinalização nas áreas.

Conforme o Portal da Transparência, o valor de R$ 1.078.532,94 seria para realizar as obras nas Ruas Guia Lopes, Brilhante, Bahia e Avenida Bandeirantes.

As etapas das ruas Brilhante e Guia Lopes já teriam sido realizadas, segundo a assessoria. A Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) informou que as estações de embarque estão sendo relicitadas e o valor deve cair, mas o montante ao certo só será informado quando as propostas estiverem abertas.

O prazo de vigência do contrato será de 90 dias acrescidos ao prazo de execução total previsto para a contratação.

Construções de R$ 110 milhões

Em junho deste ano, o Jornal Midiamax descreveu que nenhum dos 71 dos ônibus adquiridos pelo Consórcio Guaicurus, que renovam a frota na cidade, não têm portas laterais para atender os corredores. Tais obras existentes custam R$ 110 milhões.

Os ônibus com portas dos dois lados atenderiam à demanda dos corredores de ônibus, já que os “pontões” também foram construídos na pista esquerda para que a porta do ônibus não abrisse para a rua.

Assim, Campo Grande “enterra” os R$ 110 milhões previstos desde 2014 pelo PAC (Projeto de Aceleração do Crescimento) Mobilidade Urbana liberados para recapeamento de vias e construção dos corredores de ônibus, a serem entregues até o próximo ano.

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