‘Educação’ é principal forma de combater exclusão no trabalho, pontua antropólogo Roberto DaMatta
O antropólogo Roberto DaMatta deu palestra no TRT-MS na manhã desta sexta-feira sobre alteridade e inserção no mercado de trabalho
Nathália Rabelo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
O antropólogo, professor e escritor Roberto DaMatta esteve no Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região, localizado no Parque dos Poderes de Campo Grande, na manhã desta sexta-feira (10) para palestra sobre alteridade no ambiente de trabalho. Evento marcou o início do ano letivo da Escola Judicial do TRT-MS.
Dessa forma, palestra traduz o conceito de alteridade e analisa a diversidade humana. Assim, cria-se a base social para discutir a inserção de negros, indígenas, população LGBTQIA+, egressos do sistema prisional no mercado, bem como as formas de acabar com a marginalização desses públicos.
Ao Jornal Midiamax, o antropólogo ressaltou que a principal forma de combater as desigualdades é por meio da educação e da discussão.
“Minha palestra aborda a antropologia social e como a gente traduz a questão da alteridade, o respeito ao próximo. Eu faço um exercício de desconstruir e penetrar no sentido profundo desse conceito, que faz parte da condição humana. Nós temos consciência da nossa condição e consciência da condição do outro. Então é uma dialética entre ‘nós’ e ‘eles’”, explica o pesquisador.
Ainda conforme DaMatta, é importante que as pessoas entendam o conceito de alteridade para levar isso ao mercado de trabalho, seja no processo de contratação de públicos hoje considerados ‘marginalizados’ ou para saber lidar com todas as diversidades no dia a dia. “Não faça com os outros o que não quer que faça com você”, pontua Roberto.
Campanhas de conscientização
Evento também contou com a presença de servidores do TRT-MS. Conforme o juiz do trabalho e coordenador pedagógico da Escola, Flávio Higa, o órgão possui duas frentes de atuação. Uma delas é a ‘institucional’, formado por campanhas de conscientização para fomentar a inclusão de pessoas e erradicação do trabalho infantil, por exemplo.
“Como exemplo, o TRT patrocinou o primeiro Campeonato de Futebol de Aldeias Indígenas. Também fazermos projetos para levar o judô às escolas e, assim, fazer a inclusão por meio do esporte. Também tem os projetos de acessibilidade e iniciativas, como palestras e eventos”, afirma.
Já no âmbito jurisdicional, o poder dá encaminhamento aos processos e também tenta focar em ações civis públicas coletivas para educar população e evitar futuros assédios, exclusões e preconceitos no ambiente de trabalho.
Processos mais recorrentes
Ainda conforme Higa, o número de processos envolvendo discriminação religiosa, principalmente a de raízes africadas, tem crescido no Estado nos últimos anos.
Ele ainda destaca as ações de preconceitos contra povos indígenas e assédios no geral como as principais causas que chegam ao TRT. Além disso, destaca como o mercado ainda precisa se preparar para agregar pessoas de todos os gêneros.
“As pessoas trans nem sequer chegam ao mercado de trabalho para serem discriminadas. Essas pessoas estão relegadas à prostituição e nós condenamos essas pessoas que estão na prostituição sem nem dar oportunidades. Sobre os egressos do sistema prisional: quem que contrata essas pessoas sem ser por obrigação legal? São poucas empresas ainda”, lamenta o juiz.
Assim, o especialista reforça que o país precisa sanar as ‘patologias’ que ainda assolam as interações no trabalho. Assim, é fundamental que as pessoas conheçam os seus direitos.
“Essa pessoa é dotada de dignidade, não precisa aceitar ambiente de trabalho hostil. Mulheres não precisam aceitar piadinhas, nem assédios. Negros não precisam aceitar apelidos e fingir uma falsa naturalidade”, diz.
Programação do evento
Conforme a organização, a palestra será realizada no Plenário Desembargador Nery Sá e Silva Azambuja, no prédio-sede do TRT/MS, ao longo do dia. A palestra de abertura com Roberto DaMatta ocorreu às 9h. Ainda pela manhã, o professor Mestre Felipe Santos Estrela de Carvalho aborda a palestra “Ações afirmativas como política da alteridade”.
Depois, será realizado intervalo para almoço ao meio-dia. O debate retorna às 14h com uma roda de conversa. Interessados podem se inscrever por este link.
A roda de conversa será conduzida pelo diretor da EJUD, desembargador Francisco das C. Lima Filho, com o tema “como transpor obstáculos por pessoas historicamente discriminadas, para inclusão social”, e contará com representantes LGBTQIA+, imigrante, indígena e egresso do sistema prisional.
Notícias mais lidas agora
- ‘Apenas vendedora’, diz ex-miss apontada como membro de quadrilha e acusada de estelionato
- Idoso de 70 anos morre na Santa Casa após cair em hélice de roçadeira em chácara
- ‘Tenho como provar’: nora vem a público e escreve carta aberta para sogra excluída de casamento em MS
- Adolescente é encontrada em estado de choque após ser agredida com socos e mordidas e pais são presos
Últimas Notícias
Mulher é presa por policiais do SIG com tablete de cocaína em hotel de Dourados
Ação foi realizada após acusada aparecer em galeria de imagens de celular usado vendido por ela
Homem morre em confronto com a polícia no Parque Novos Estados
Ele chegou a ser levado à UPA Nova Bahia, onde veio a óbito
Avaí vence a rebaixada Ponte Preta em jogo morno na despedida da Série B
O Avaí venceu a Ponte Preta por 2 a 1
Dourados inicia ações de saúde e prevenção contra diabetes nos bairros
Campo do Zé Tabela recebeu equipes da Secretaria Municipal de Saúde
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.