A Feira do Bosque da Paz deve mudar a estruturação nos próximos dias, pois a Associação das Meninas e o Sebrae assinaram neste domingo (19) um termo de cooperação técnica para qualificação dos expositores. Vender na famosa feira do bairro Carandá Bosque tem uma disputa e fila de espera de dois mil feirantes.

As idealizadoras são mãe e filha, Karine e Denize Zambone, são de Curitiba e perceberam o potencial nos metros quadrados da feira, ao ar livre e o verde. Tais exposições seriam comuns na cidade natal e foram incrementadas na Capital sul-mato-grossense. A primeira edição aconteceu em agosto do ano passado.

O levantamento feito pela organização e o Sebrae estima que desde a inauguração já foram arrecadados R$ 7,2 milhões em vendas, sendo em média o faturamento de R$ 700 mil por edição e visita de 15 mil pessoas a cada segundo domingo do mês. Para elas, há espaço para todos, entretanto, a falta de suporte poderia “desorganizar” a tradicionalidade. A futura qualificação deve ampliar a oferta de serviços.

“Não tem nada industrial, só artesanato, culinária. Não temos estrutura para atender todo mundo [lista de expositores]. Espaço tem, mas não iríamos conseguir dar suporte para o expositor. Atualmente, só consegue entrar alguém novo com a desistência de um feirante. Por exemplo, se alguém da gastronomia sai, selecionamos alguém do mesmo segmento”.

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Termo assinado neste domingo (Alicce Rodrigues, Midiamax)

Capacitação gratuita

Agora, o acompanhamento do Sebrae visa capacitar os autônomos ao mercado em ascensão. Andrea Barrera, analista técnica do Sebrae e responsável pelo projeto de parceria, diz que a empresa irá dar suporte gratuita em diversos serviços, como em consultoria, gestão, marketing e precificação. Os expositores serão clamados de acordo com a lista e serviço.

Um dos grandes exemplos de capacidade e talento, mas carência em empreender, é a professora aposenta e artista Maria Nancy, de 65 anos, que praticamente dava o artesanato de presentes e precificava “na hora” para quem gostava de algo, antes de participar da feira. Agora, a artesã tem a marca Sonhos de Maria, a arte em tecidos.

“Uma amiga estava se inscrevendo me indicou. Fui chamada na primeira seleção. Eu fazia os artesanatos e dava de presente para a família, coisas foram se acumulando, mas apareceu a possibilidade. Vi a oportunidade de hobby em negócio”.

Os expositores de artesanato pagam mensalidade de R$ 35 e os do ramo da gastronomia R$ 50. O valor arrecadado é destinado para manutenção do espaço, aplicado na limpeza, instalação de banheiros e orientadores de visitantes. Os interessados em se inscrever podem acessar o perfil pelas redes sociais @feirabosquedapaz.

Dona Maria coloca a arte nos tecidos (Alicce Rodrigues, Midiamax)

No cronograma do campo-grandense

Karine conta que a família é formada por artistas, a mãe tinha o talento e ambas sonhavam em organizar algo do zero. Durante um período, a presidente da feira enfrentou depressão, quando uma amiga sugeriu que ela apresentasse o trabalho em uma exposição. Pouco depois a família passou a procurar artistas e colocar a ideia em prática. No início, cerca de 800 pessoas se inscreveram e dessas 450 começaram a tradicional feira. O número atual é de 586 expositores e uma lista de espera de duas mil pessoas.

A professora aposentada Sônia Maria Alves, de 75 anos, passeava mais uma vez na feira, afinal, também tem o artesanato enraizado na família. Ela diz que as edições da feira estão no “calendário” da casa. “Fui criada com o artesanato, acho de uma criatividade sem limites. Gosto muito da feira, venho e faço minhas comprinhas. Já sou cliente fixa de alguns expositores também”.

A edição deste domingo chega a 14ª , das 9h às 15h, na Rua Kame Takaiassu com das Folhagens.