O momento do sorteio já foi tenso e aconteceu o que a jurada, de 39 anos, não queria: a dispensa. Após acompanhar cinco júris neste ano, em Campo Grande, a investigadora civil e estudante de Biomedicina aguardava ser jurada no julgamento acerca da execução do estudante Matheus Coutinho. Segundo ela, o momento é “histórico” em Mato Grosso do Sul, com um número de jurados maior que os demais, o que a fez se interessar em participar, adquirir conhecimento e deixar as filhas em casa, sem as tradicionais “férias na fazenda” que já estão acostumadas.

“Quando iniciou ontem eu senti a tensão e o quanto poderia aprender estando ali. Só que daí houve o sorteio e fui dispensada, já que tanto a defesa como o promotor tem o poder de dispensar três cada um. Agora, estou no plenário, acompanhando tudo. O júri do Name e dos outros envolvidos é algo para a história de Mato Grosso do Sul. E eu queria contar que participei, almejava muito participar, por ser uma operação grande de jurados. Mas, entendo que não são todos selecionados e aí vou ficar aqui o tempo todo assistindo”, afirmou ao Jornal Midiamax.

Juiz Aluízio Pereira durante júri histórico em Campo Grande. (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Segundo a estudante, é um júri de “extrema responsabilidade”, tanto por se tratar de “pessoas poderosas” e que tinham “grande poder dentro do Estado”, como pela repercussão que o crime teve.

“Eu realmente parei esta semana. Iria passar uns dias para curtir as férias das crianças na fazenda, mas, resolvi adiar para me dedicar a este plenário. Mesmo não colaborando na banca de jurados, não podia perder esse acontecimento”, avaliou.

Atualmente, como trabalha com investigação civil, a estudante diz que está aprendendo muito sobre “fatos e fakes”. “Nem tudo que se vê é o que parece e nem tudo que parece é o que realmente é. É um aprendizado e isso tem um preço. Ontem minhas filhas é que fizeram almoço. Hoje eu já deixei tudo pronto, assim que cheguei no período noturno. Hoje eu já cheguei aqui às 7h30 e não tenho hora para ir embora, justamente para não perder nenhum detalhe”, argumentou.

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Previsão é de ao menos quatro dias

Considerado o maior da década e até da história em Mato Grosso do Sul, os réus Jamil Name Filho, o ex-guarda municipal Marcelo Rios e o policial civil aposentado Vladenilson Olmedo respondem pela morte de Matheus Coutinho Xavier, de 20 anos, que teria sido executado no lugar do pai, em abril de 2019, em Campo Grande.

Na ocasião, o alvo dos pistoleiros seria o pai da vítima, o capitão reformado da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) Paulo Roberto Teixeira Xavier, de acordo com denúncia apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul).

A morte e todo o esquema criminoso foi o início da Operação Omertà. Desde então, ficou evidenciado que a família Name era lídero do grupo e que os crimes tinham questões pessoas e financeiras.

Matheus foi executado na caminhonete – Arquivo Midiamax