‘De plantão’: Mãe que trabalha no seu dia comemora com a família quando pode
O clichê “todo dia é Dia das Mães” é dilema para mulheres que vão continuar rotina de trabalho neste domingo (14)
Karina Campos –
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Do início da vida à continuidade dela: em tudo há uma mulher atuando. No Dia das Mães, a máquina do mercado de trabalho também não para por mera data capitalista, se assim podemos dizer. Então, há mulheres de plantão neste domingo (14). Em Campo Grande, trabalhadoras contam como relevam a rotina em datas especiais.
Já são 30 anos acostumada em folgas rotativas no setor de UTI Neonatal, por isso, para a técnica de enfermagem Ana Cristina de Almeida o clichê “Dia das Mães é todo dia” não seria apenas um bordão.
“Há muitos anos venho trabalhando até chegar minha vez de folgar. Nossa profissão tem um ‘Q’ de estar trabalhando em feriados, Natal e Ano Novo. Me acostumei a não estar em casa, mas quando passo trabalhando fico feliz”.
Por estar em um local sensível onde a maternidade é o acalento, mães que estão acompanhando bebês nas incubadoras recebem uma rede de apoio dos profissionais, conforme Ana, pois estar trabalhando na data não enfraquece a dor da mulher que passa por um momento difícil.
“Por incrível que pareça, o Dia das Mães na UTI Neonatal não tem clima difícil, pelo contrário. Temos um grupo de enfermeiros, técnicos e outros que fazemos uma data calorosa entre funcionários e as mãezinhas acompanhantes, fazemos um almoço e uma lembrancinha. Quem trabalha comemora outro dia ou antes, sai para jantar à noite. É uma data importante, mas para comemorar todo dia”.
Os anos de profissão reforçam a rotina, segundo Ana. Recentemente, comemorou mais um ano de vida da mãe, que completou 80 anos. Nesta data ela pediu folga e celebrou pelo ano todo.
“Sou mãe de uma moça de 21 anos que se formou em biomedicina, fiz minha parte mãe [de criar] um bebê, uma adolescente e agora uma adulta. Sou muito feliz com isso, mesmo com muitas dificuldades, faltando em casa em dias especiais, mas acaba que toda família entende e ajuda”.
Quem trabalha por outras mães
Rosangela do Carmo Bringel, de 46 anos, tinha uma marmitaria, mas fechou durante a pandemia e agora trabalha como cozinheira junto com o marido, churrasqueiro. Dizendo que ama a profissão, ela conta que não se importa de trabalhar no dia.
“No fim de semana a demanda é maior, então tem que trabalhar. Sou cozinheira há 23 anos e meu filho nunca reclamou, porque sabe que preciso trabalhar, ele sempre me apoia. Nosso serviço dura de 8 a 10 horas, chegamos cedo e saímos só depois de servir. É cansativo, mas é gratificante quando você vê o cliente satisfeito”, disse.
Tardar a comemoração com a mãe
Jaqueline Rossini Nascimento é gerente de um restaurante, por isso, já prevê a exaustão e correria para o almoço no Dia das Mães. O jeito será tardar o abraço caloroso na mãe para significar a comemoração e adiar o presente.
“Não tenho filho ainda, mas minha mãe está viva e sou muito apegada. Somos três irmãos; só eu que não vou estar com ela no domingo. A folga do restaurante é na segunda-feira, então vou ficar com ela nesse dia. No domingo é impossível, saio do restaurante com os pés doendo, já são sete anos nessa correria para atender muito bem quem pode comemorar com a mãe nesse dia”, finaliza.
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