Profissão piloto: sonho de criança une tranquilidade e acrobacias no céu de MS

Nesta terça-feira (24), é comemorado o Dia da Aviação e da FAB

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Dia celebra o Patrono da Aeronáutica Brasileira (Divulgação, FAB)

Santos Dumont, talvez, teria dimensão da modernidade que a aviação tem atualmente? Todavia, o feito do criador do 14 Biz e patrono da Aeronáutica Brasileira marcou o início da história da aviação mundial e conta com o Dia da Aviação, comemorado nesta segunda-feira (23). O marco dá continuidade a quem se aventura ao cruzar o céu em Mato Grosso do Sul.

Mas se engana quem pensa que a aviação se restringe ao voo comercial ou particular, a profissão abre um leque de oportunidades, por exemplo, o aviador agrícola, instrutor de voo, militar e carga. De acordo com o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), a média salarial do piloto de avião é de R$ 8,1 mil.

O balanço de 2022 indica que houve cerca de 500 contratações novas no mercado e apenas 21 desligamentos. Os dados do MPT (Ministério do Trabalho) mostram que a cidade com maior remuneração é Sonora, com salário médio de R$ 5,3 mil.

Do legado à modernidade

A FAB (Força Aérea Brasileira) publicou neste ano um acervo on-line em homenagem aos 150 anos do pai da aviação, reunindo informações históricas desde 1873 a 2023. O trabalho é interativo, com vídeos e exposição de fotos da aviação.

Inclusive, a área militar é o setor que mais atrai pilotos para desbravar os ares. O salário mensal médio de piloto da FAB pode variar entre R$ 9.923 e R$ 17.442, segundo a plataforma Glassdoor – que reúne informações sobre empresas e órgãos com base em avaliações de funcionários.

Simulação de resgate aéreo no EXCON Tápio 2023 (Divulgação, FAB)

A BACG (Base Aérea de Campo Grande), nossa “Sentinela Alada do Pantanal”, começou as atividades em maio de 1932, diante da política do então Ministério da Guerra, que viu a necessidade de apoio da aviação militar na região. Na época, foi criado o Núcleo de Destacamento de Aviação em Campo Grande.

Na edição do Excon (Exercício Conjunto) Tápio 2023, cerca de 30 aeronaves decolaram em treinamento de resgates em situações de perigo até o transporte de tropas e cargas. As diferentes aeronaves envolvidas, como os helicópteros H-36 Caracal e H-60 Black Hawk, os caças A-29 Super Tucano e A-1, o avião-radar E-99 e a Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) RQ – 900, mostraram as habilidades e capacidades fortalecidas no Estado.

Para se ter uma ideia, a organização da FAB em Mato Grosso do Sul conta com a BACG, DTCEA-CG (Destacamento de Controle do Espaço Aéreo em Campo Grande), EAS-PARA-SAR (Esquadrão Aeroterrestre de Salvamento – Paraquedistas de Salvamento e Resgate), Esquadrão Onça (Primeio Esquadrão do 15º Grupo de Aviação) e Esquadrão Flecha (3º Esquadrão do 3º Grupo de Aviação).

  • EAS-PARA-SAR foi criada em 1946, composta por paraquedistas em missões de misericórdia, socorro imediato a acidentes aeronáuticos e marítimos, dentre outras mais, todas essas em locais de difícil acesso.
  • Esquadrão Onça tem uma tradição desde a criação, em 1970. As principais missões reúnem serviços de transporte de cargas, suprimentos e medicamentos para regiões mais distantes. A unidade ainda tem a maior quantidade de títulos na RAT (Reunião da Aviação de Transporte), um torneio que reúne toda a aviação de transporte da Força Aérea Brasileira numa acirrada disputa entre os tripulantes.
  • Organização do Departamento de Controle do Espaço Aéreo que presta os serviços de tráfego aéreo, telecomunicações, informação aeronáutica e meteorológica nas diversas localidades de interesse da aviação.
  • O Esquadrão Flecha tem a missão da interceptação de aeronaves ilegais que entrem em território nacional. Com a aprovação da Lei do abate e aeronaves modernas, conseguiram diminuir significadamente o tráfego ilícito pelas fronteiras do país.
Aeronave militar
Aeronave militar em treinamento (Divulgação, FAB)

O que é preciso para ser um piloto?

O registro e a atuação exigem uma série de etapas e responsabilidades antes, durante e depois de cada voo. Há um planejamento minucioso no plano, rota, tráfego aéreo e condições para o voo.

Delci Eger Pazzinato, gestora e orientadora vocacional da Fly Company há 25 anos, explica que a formação do piloto tem início com piloto privado, começando pelo conhecimento teórico, em seguida as horas de voo de tempo mínimo 40h, o candidato deve passar por exames médicos para receber o chamado CMA (Certificado Médico Aeronáutico), sendo aprovado nos exames médicos está apto a se matricular na parte prática.

“Com esta licença, o piloto não pode trabalhar profissionalmente, para isso deve fazer o segundo curso, piloto comercial, novamente parte teórica e parte prática, nesta licença o candidato deve cumprir no mínimo 150h, somando com as horas do piloto privado. No piloto privado, alguns jovens vêm por curiosidade e acabam se apaixonando, outros porque o pai é piloto e querem seguir a mesma carreira, temos aqueles que desde pequenos já eram apaixonados. A formação do piloto é uma via de mão dupla, onde exige muita responsabilidade por parte da instituição e disciplina e comprometimento por parte do aluno, sempre digo que negociamos tudo, menos a segurança e a qualidade.”

A aviação é regulamentada pela Anac (Agência da Aviação Civil), que fiscaliza o cumprimento das exigências dos manuais dos cursos. Os manuais são elaborados pela escola e parte pela Ciac (Centro de Instrução da Aviação Civil), no caso a Fly Company. O valor mínimo de investimento na carreira é de R$ 30 mil.

“Os manuais são elaborados de acordo com que acreditamos, onde a qualidade e segurança seja a prioridade. Obtendo assim os melhores resultados. Nossa equipe [é] composta por mais de 60 instrutores, temos a convicção que o resultado do reconhecimento no mercado, se da principalmente pelo comprometimento e disciplina de toda nossa equipe. Temos mais de oitocentos profissionais formados por nós trabalhando nas grandes Companhias Aéreas, como também na aviação executiva, não esquecendo dos Comissários de Voo e Mecânicos Aeronáuticos que também fazem parte deste time”.

joão
João Victor realizou sonho de criança em conquistar habilitação de piloto (arquivo pessoal)

Sonho de criança

João Victor Oliveira Nóbrega, de 26 anos, é jovem, mas já sabia o que queria desde criança. Ele atua como instrutor de voo há quatro meses. O piloto ainda conta que não passou por nenhuma situação difícil em voo, resultado do treinamento na escola de aviação. Aliás, os padrões são criteriosos. O aluno só “sai do chão” depois de muito estudo e avaliação do professor. Na Fly Company, por exemplo, em uma das aulas o aluno voa sozinho com um modelo construído para instrução.

“Todas as vezes que viajava de avião me imaginava sendo piloto um dia. Na aviação todo aviador tem sua história de paixão com a aviação. Minha família sempre me incentivou, apesar de não ter ninguém que atua na área foram meu suporte e continuam vibrando com minhas conquistas na aviação”.

A remuneração alta é atraente, apesar do funil de alunos formados. João Victor garante que é necessário dedicação.

“A carteira de piloto comercial permite que você atue como piloto particular, táxi aéreo ou linha aérea. Para cada área as empresas exigem seus requisitos para ingresso. A remuneração vai depender da sua atuação e de qual equipamento você voa. Após se formar piloto, o caminho natural é se tornar Instrutor de Voo para acumular horas de voo e experiência. Para quem ama a aviação e quer seguir essa carreira, nunca desista do seu sonho, se empenhe e estude muito. A maior recompensa para o nosso esforço é quando estamos na cabine de um avião.”

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