Plantas frigoríficas em Mato Grosso do Sul enfrentam uma crise que envolve recuperação judicial, atraso de salários e demissões. 

Tudo isso ocorre paralelamente ao MS Day, organizado pelo Governo de Mato Grosso do Sul, em São Paulo, nesta terça-feira (1º), com o objetivo de apresentar o Estado como potencial econômico e atrair investimentos. A expectativa é que o evento reúna centenas de empresários.

Uma das empresas que enfrenta crise é a Boibras, em São Gabriel D’Oeste, que entrou na Justiça com um pedido de recuperação judicial na última terça-feira (24). A planta emprega mais de 400 pessoas diretamente. 

Entre as dificuldades financeiras elencadas no processo está a desvalorização na arroba do boi gordo, dificuldades para conseguir crédito devido à alta taxa de juros, especialmente durante a pandemia da covid, a concentração de grandes empresas frigoríficas e o avanço de supermercados sobre a comercialização da carne em detrimento de açougues, o que desvalorizou o preço de venda da proteína. 

Nos autos, a Vara Regional de Falências, Recuperações e de Cartas Precatórias Cíveis em Geral determinou a constatação prévia da real situação da empresa, bem como da documentação apresentada, antes de decidir sobre o deferimento do pedido de recuperação judicial. 

Demissões

Contudo, a Boibras não está sozinha nas dificuldades para manter o funcionamento. Outra empresa do setor frigorífico que estaria enfrentando dificuldades financeiras é a Beta Carnes, em Campo Grande. 

Em 10 de julho, o Jornal Midiamax mostrou que cerca de 200 funcionários paralisaram as atividades na planta devido ao atraso salarial e direitos trabalhistas, como o depósito do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço). 

O resultado três semanas depois são dezenas de trabalhadores demitidos, conforme o relato de ex-funcionários.

Dois que conversaram com o Midiamax, e terão a identidade preservada, contaram que foram mandados embora em meados de julho junto de outros colegas. Até o momento, nenhum deles recebeu o salário de junho, o parcial de julho ou o acerto do trabalho. 

“Estou só na diária passando aperto em casa com uma filha pequena. Hoje tenho que comprar leite, só não sei como vou comprar”, contou um ex-trabalhador que não tem perspectiva de quando irá receber.

Além dessas duas plantas, informações preliminares são de que uma planta em Nioaque também enfrentaria dificuldades e teria dado férias coletivas. 

A reportagem tentou contato via telefone, e-mail ou WhatsApp com as empresas mencionadas nesta reportagem, o Sindicato das Indústrias de Frios e Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul, o prefeito de Nioaque, Valdir Júnior, o Sticcg (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Carnes e Derivados de Campo Grande), mas não obteve resposta. O espaço continua aberto para manifestações.