Cozinha é desmontada sem aviso e ONG suspende distribuição de sopão em Campo Grande

Fraternidade Despertar distribui mensalmente marmitas e sopão para cerca de 500 pessoas e contava com móveis cedidos pelo Governo do Estado

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Móveis da cozinha foram levados. (Foto: Canal Fala Povo)

Os voluntários e funcionários da organização Fraternidade Despertar, no bairro Dom Antônio Barbosa, foram pegos de surpresa com a retirada repentina dos móveis, eletrodomésticos e utensílios por servidores da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos), na última sexta-feira (17).

O projeto social, que existe desde 2012, possui uma parceria com o Governo de Mato Grosso do Sul há oito anos, em que foram cedidos móveis para o funcionamento da Fraternidade Despertar. Em imagens enviadas ao Canal Fala Povo é mostrado como a cozinha ficou vazia após a retirada dos utensílios.

A organização atende mensalmente cerca de 500 pessoas com a distribuição de marmitex aos sábados e sopão aos domingos. 

De acordo com a coordenadora do projeto, Diana Peres, foram levados móveis da cozinha, como fogão, geladeira e freezer, além de ar-condicionado, mesas e cadeiras.

“Um caminhão chegou e levou tudo sem falar o motivo. Os servidores ainda vão voltar para levar outras coisas”, afirma a coordenadora Diana Peres. 

Além da distribuição de comida, o espaço também acolhe o projeto “Mãos de Luz” em que oito voluntárias costuram roupas para bebês de mães gestantes carentes. 

Apesar deste projeto não estar ligado diretamente à parceria com o governo, a direção teme que também seja interrompido. 

“O projeto acaba porque nós sempre sobrevivemos com doações, promoções e rifas e para manter um projeto deste tamanho não teremos como”, afirma a coordenadora. 

O presidente da Fraternidade Despertar, Nilton Giraldeli, conta que a equipe da organização, composta majoritariamente por voluntários, ficou triste pela forma como foram retirados os bens públicos cedidos, sem comunicação prévia. 

“Nós ficamos arrasados, aquilo ali é para atender a comunidade”, ele afirma. 

Além disso, o trabalho de distribuição de refeições será interrompido, já que não contam com os utensílios necessários para preparar a comida. 

“Nós perseveramos porque era uso compartilhado, não fechamos nenhum dia da pandemia. É um projeto de valorização humana”, relembra Nilton. 

O presidente da organização conta que, com a chegada da nova gestão ao governo do Estado, ele tentou duas vezes conversar com a titular da Sead, Patrícia Oliveira, porém sem sucesso. 

Então, ele solicitou uma audiência com a Sead e ligaram na semana passada, depois da retirada dos móveis, marcando o encontro com o secretário-adjunto, Anderson Warpechowski, para a próxima quarta-feira (22). 

“O problema foi a forma que fizeram, isso, sem aviso, telefone, sem nada. Só deixaram um bebedouro porque imploramos para não levar”, lamenta. 

O que diz o Governo?

O Midiamax solicitou uma nota da Sead para pedir esclarecimentos sobre o motivo da retirada dos bens públicos cedidos para a Fraternidade Despertar. Confira abaixo a resposta:

“A reformulação do programa Rede Solidária, incluindo a unidade I no Dom Antônio Barbosa, com novas propostas de atuação e com foco nas famílias das regiões atendidas, está em estudo, via Sead. Projetos e ações que contemplem as necessidades locais estão em foco, buscando com a reformulação a excelência dos serviços. Questões físicas e pedagógicas estão sendo resolvidas para que esse atendimento seja colocado de forma contínua. É importante ressaltarmos que a região possui Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que garante o atendimento da demanda durante esse processo, sempre em benefício da população”, informou a nota.

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