Coworkings prosperam, mas precisaram se adaptar ao ‘jeitão’ individualista do campo-grandense
Famosos pelas estações de trabalho compartilhadas, em Campo Grande empresas coworking preferem investir em escritórios privativos para ‘fisgar’ o público
Lethycia Anjos –
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Estações de trabalho compartilhadas, escritórios privativos ultramodernos e até salas de ‘descompressão’: nos últimos anos, os espaços de coworking têm ganhado destaque e se consolidado como um ramo lucrativo em Campo Grande. Entretanto, para se adaptar ao ‘jeitão’ mais individualista do campo-grandense, esses locais tiveram que passar por algumas mudanças.
Quando se fala em coworking, a primeira imagem que vem à mente são ambientes com inúmeras mesas compartilhadas, onde profissionais de diferentes segmentos podem discutir ideias e fazer networking. Apesar de essa abordagem existir em Campo Grande, o que tem se mostrado popular entre os profissionais são os escritórios privativos, possivelmente devido à cultura individualista predominante na Capital.
Fundada em 2018, a inOffice Coworking é um dos players desse ramo em Campo Grande. Em pouco tempo, a empresa expandiu e já conta com cinco unidades na Capital e uma em São Paulo.
Idealizada por Luciano Kenzo, 32 anos, e Thiago Andrighetti, 23 anos, a empresa foca em aliar o conforto ao que Campo Grande tem de melhor a oferecer: belas paisagens naturais. Segundo eles, ainda que ofereçam espaços de trabalho compartilhados, o sucesso real da empresa reside nas salas e escritórios privativos.
“Trouxemos para Campo Grande um sistema diferente do que existia. Nosso espaço é muito focado em ergonomia para que a pessoa possa sentar e produzir seu melhor trabalho. Aqui o profissional não precisa se preocupar com nada, o espaço é todo equipado, desde o café até o atendimento aos clientes, internet, impressora, limpeza; tudo está incluso”, explica Kenzo.
Na unidade do Chácara Cachoeira, as salas desfrutam de grandes janelas, que proporcionam um ambiente de trabalho imerso na natureza. Além disso, o espaço conta com uma área de “descompressão”, equipada com mesa de sinuca, piscina e uma área gourmet. Thiago Andrighetti ressalta que a meta é proporcionar uma experiência única aos clientes.
“Nossa intenção foi se afastar um pouco do típico coworking que encontramos em São Paulo, com ambientes de escritório convencionais e fechados. Nosso espaço incorpora zonas de lazer para que os clientes possam trabalhar e desfrutar de momentos de relaxamento”, explica.
Pioneiro
Primeiro Coworking de Campo Grande, o Conectivo, surgiu em 2016 com a proposta de espaços compartilhados e salas de reuniões. No entanto, com o passar do tempo, o proprietário Josué Sanches percebeu que as estações compartilhadas não se alinhavam com a mentalidade do campo-grandense.
Josué explica que as pessoas tradicionalmente encaram o ambiente de trabalho como algo privado, o que o levou, já no primeiro ano de operação, a investir em salas privativas, consolidando assim sua clientela.
“Quando começamos, tínhamos apenas estações de trabalho e salas de reunião, mas sempre visualizei que deveríamos focar nas salas privativas. Atualmente, tenho três unidades, sendo duas dedicadas exclusivamente a espaços privados”, destaca.
Segundo o proprietário, a escolha dos espaços varia conforme a profissão dos usuários dos coworkings. Para advogados e psicólogos, por exemplo, a própria natureza das profissões exige a privacidade proporcionada pelas salas privativas.
“Alguns setores se beneficiam mais dos espaços compartilhados, como as empresas de tecnologia, que requerem uma equipe trabalhando junta o tempo todo. No entanto, em certos casos, a preferência por espaços privativos revela mais sobre o comportamento individual do que sobre a necessidade real de um local fechado”, destaca.
Cultura ‘conservadora’ influencia até na decoração
Até mesmo a cultura conservadora da cidade influencia a decoração dos espaços de coworking. Josué comenta que, inicialmente, o Conectivo adotava cores vibrantes e decorações chamativas, mas precisou adaptar-se para atrair clientes.
“Quando inauguramos a empresa, tínhamos uma abordagem muito moderna, mas logo percebi que, para dialogar com o público campo-grandense, precisávamos adotar uma abordagem mais sóbria. Dessa forma, optamos por uma decoração mais discreta, com cores neutras, mas sem perder nossa identidade”, explica.
O proprietário enfatiza que a proposta do Conectivo é construir um ambiente inspirador, com o intuito de proporcionar a melhor experiência possível aos clientes.
Ele recorda que, em 2009, houve uma tentativa de coworking em Campo Grande, mas a ideia não vingou. Segundo ele, na época, essa abordagem ainda era muito disruptiva para uma cidade como Campo Grande.
“Quando decidi abrir o Conectivo, busquei conhecer outros empreendimentos, inclusive os que falharam, para identificar qual seria o modelo de negócios mais apropriado para a cidade”.
Pandemia foi determinante para o ‘boom’ dos Coworkings
Durante o período da pandemia de Covid-19, várias empresas adotaram o sistema de home office, o que tornou os espaços de coworking opções ainda mais viáveis, uma vez que muitos profissionais não tinham um ambiente adequado para trabalhar em casa.
Luciano Kenzo detalha que, na inOffice, a procura pelos espaços aumentou consideravelmente durante a pandemia, mas o verdadeiro “boom” ocorreu logo após esse período.
“Na época de pandemia, ficamos lotados. Várias pessoas de diferentes segmentos nos procuraram, até funcionários públicos que não aguentavam mais ficar em casa devido a distrações como filhos e cachorros, optaram pelo coworking”, explicou.
Josué relembra que, durante a pandemia, houve rumores de que os coworkings acabariam devido ao trabalho home office, mas o pós-pandemia mostrou exatamente o contrário.
“Trabalhar em casa é desafiador. No pior período da pandemia, recebíamos mensagens diárias de clientes que não aguentavam mais fazer home office. No pós-pandemia, a procura cresceu ainda mais”, explica o proprietário do Conectivo.
“O espaço mais caro é aquele que você não usa”
Segundo Luciano Kenzo, cada vez mais empresas com espaços amplos percebem que utilizar duas ou três salas é mais vantajoso do que alugar um espaço completo.
“Costumo dizer que o metro quadrado mais caro em Campo Grande não está na Avenida Afonso Pena, mas sim naquele que não é utilizado”, destaca.
Além disso, os espaços de coworking podem ser opções financeiramente vantajosas para as empresas. Kenzo ressalta que é possível reduzir até 70% dos custos de um escritório tradicional ao optar por coworkings.
“Não faz sentido montar um escritório completo, com todos os gastos e preocupações associados à posse de um imóvel, quando é possível escolher um coworking, onde os espaços são totalmente equipados e os custos são muito menores”, afirma.
Custo-benefício é o principal atrativo para os clientes
O perfil das pessoas que optam pelo coworking costuma ser bastante variado. Gabriel Potumati, proprietário da 199 Offices Coworking, explica que o espaço atende a uma diversidade de profissionais
“Aqui temos psicólogos, advogados, empresas de arquitetura, engenharia, tecnologia da informação, publicidade, seguros e até corretoras. No local, é possível alugar salas ou estações de trabalho, e na mensalidade estão inclusos serviços como energia, internet, água, limpeza, recepcionista, café, chá, sala de reunião e cozinha compartilhada”, disse.
Com uma vista privilegiada de Campo Grande, o advogado Douglas Alves, 43 anos, encontrou no coworking uma opção financeiramente viável após desfazer uma sociedade e perder seu antigo escritório.
“Quando encerrei minha sociedade, meu sócio ficou com o escritório. Decidi investir o dinheiro em meu negócio em vez de criar uma nova estrutura, o que acabou se mostrando uma alternativa mais econômica”, explica.
Antes de abrir sua empresa e optar pelo Conectivo Coworking, Douglas trabalhou por um período em home office e destaca que tinha dificuldades em lidar com as distrações.
“Com filhos, trabalhar em casa se tornava mais desafiador. Embora tenha suas vantagens, acredito que as desvantagens eram maiores. Aqui consigo separar meu espaço de trabalho do ambiente familiar”, disse.
O custo-benefício também foi o fator determinante para Talles Godoy, 32, escolher o coworking como sede oficial da empresa de assessoria contábil voltada à área médica.
“Quando comecei a procurar espaços para minha empresa, considerei a opção do coworking. Eu e meu sócio avaliamos cuidadosamente os aspectos positivos e negativos, e ficou claro que seria a alternativa mais econômica, além de proporcionar conforto tanto para nós quanto para os clientes que atendemos aqui”, ressalta.
Atualmente, Talles compartilha o espaço com outras duas pessoas que também integram sua empresa. Além da sala privativa, eles utilizam as salas de reuniões de maneira periódica para encontros com os clientes.
“É muito mais fácil estar em um local preparado, em uma localização privilegiada. Além disso, a flexibilidade de horário é uma grande vantagem. Aqui, tenho disponibilidade das 8h às 22h para trabalhar, o que me permite definir meu próprio horário”, enfatiza.
Confira quanto custa alugar um espaço em Campo Grande:
InOffice Coworking
Estação Plug N’ Work Compartilhada R$ 19,90 hora
Estação Plug N’ Work (reservado) R$ 550 por mês
Estação Plug N’ Work (privativo) R$ 750 por mês
Sala privativa a partir de R$ 1.200
Endereço Fiscal R$ 250,00 por mês
Endereço Comercial R$ 200,00 por mês
Auditórios entre R$ 560/4h a R$ 780/8h
Conectivo Coworking
Escritório individual a partir de R$ 269 por mês
Escritório integral a partir de R$ 590 por mês
Club 40 horas R$ 269,00
Clube 80 horas R$ 369,00
Icon Coworking
Sala de reunião para três pessoas R$ 70,00 hora
Sala de reunião para até sete pessoas R$ 80,00 hora
Sala de reunião para doze pessoas R$ 360 4h a R$ 720,00 8h
Sala de reunião entre R$ 280,00 a R$ 560,00 a diária
Posto de trabalho entre R$ 30,00 a R$ 80,00
199 Offices Coworking
Estação de trabalho a partir de R$ 350,00 por mês
Salas privativas a partir de R$ 1.200,00 por mês
Plano fiscal R$ 350,00
Plano comercial R$ 190,00
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