Mato Grosso do Sul está passando por uma onda de calor, e a meteorologia indica que em Campo Grande as temperaturas podem chegar a 37 graus. Quem sofre com o sol escaldante são os passageiros do transporte coletivo, que reclamam do longo tempo de espera e superlotação dos ônibus, aumentando a sensação de calor.

No ponto de ônibus da Rui Barbosa, muitos trabalhadores que esperam o ônibus para voltar para suas casas se mostram visivelmente cansados pelo calor. A diarista Marli Alves de Souza, 50 anos, afirma que mesmo com as janelas abertas, a quantidade de passageiros faz o calor aumentar dentro dos ônibus. “Tem que haver uma melhora nos ônibus, a gente paga tão caro na passagem. A gente que é trabalhador sofre, muito cheio e calor demais”, diz.

Em alguns pontos de ônibus, a falta de cobertura faz os passageiros ficarem à mercê do sol quente ou chuvas repentinas. A porteira Solemar Santos Corrêa, 55 anos, pega o ônibus todos os dias às 15h, na rua Maracaju, mas devido ao calor se desloca até o ponto da Rui Barbosa para conseguir se proteger do sol quente.

“Eu pego ônibus todo dia 15h, e está pegando fogo. Eu trabalho na Marechal [Rondon], e eu venho aqui ou pego na Maracaju, mas lá não tem cobertura e bancos nos pontos. O pessoal fica tudo encostado na parede”, afirma.

Passageiros chegam a passar mal de calor

Com o calor excessivo, os ônibus viram uma sauna, principalmente quando cai uma chuvinha pela tarde e as janelas precisam ser fechadas. A sensação térmica de calor é tão alta que alguns passageiros chegam a passar mal dentro dos ônibus.

A doméstica, Eliane Primo de Souza, 41 anos, já presenciou mais de uma vez situações em que algum passageiro desmaiou dentro do veículo, e nesses casos, o motorista é orientado a parar o ônibus para prestar os socorros e chamar um ônibus de reforço para conduzir os demais passageiros a seus destinos.

“Eu pego ônibus 6h20 para vir trabalhar. O ônibus vem lotado, a gente vem ma porta, não consegue nem passar na catraca. E às vezes, como está aquele calor de manhã, tem pessoas que passam mal dentro do ônibus. O motorista para o ônibus, chama o SAMU, e a gente é obrigado a esperar o reforço”, conta.

Dificuldades para PCDs

Passageiros PCDs (Pessoas Com Deficiência) e seus acompanhantes passam por dificuldades nos pontos de ônibus, já que muitos pela cidade não possuem proteção contra sol e chuva. A dona de casa, Adriana de Souza Avalos, 51 anos, aguardava com seu neto, que é PCD, no ponto de ônibus da Maracaju, e sem cobertura, se encostaram no muro para tentar se esconder de uma possível chuva, já que o tempo havia fechado.

“A dificuldade de pegar ônibus com ele é que não tem nenhuma proteção nos pontos de ônibus e a demora para passar. Já teve vez que o ônibus passou e não parou porque estava chovendo e eles precisam subir a cadeira de rodas. Dentro do ônibus é muito abafado também, calor demais”, explica.

Adriana espera o ônibus com o neto. (Henrique Arakaki, Midiamax)

O Jornal Midiamax entrou em contato com o Consórcio Guaicurus sobre a situação da superlotação dos ônibus, mas até o momento não obteve respostas. O canal segue aberto para manifestações.