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Cotidiano

Com bancas de celulares fechadas por sonegação, trabalhadores temem desemprego no Centro

Operação conjunta da Polícia Civil apreendeu R$ 1 milhão em produtos
Karina Campos, Clayton Neves - Publicado em
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banca
Banca nesta manhã (Nathalia Alcântara, Midiamax)

As bancas de celulares que foram fiscalizadas e tiveram mercadoria apreendida no Centro de Campo Grande permanecem de portas fechadas nesta quarta-feira (22). Para trabalhadores da região, apesar da irregularidade das empresas, a dificuldade financeira e o desemprego podem ser nova realidade para quem dependia do movimento dos pontos de venda.

Na manhã de terça-feira (21), diversas viaturas da Polícia Civil realizavam a operação, que investigava a exploração da venda de capinhas, películas, fones de ouvido e outros produtos em desacordo com a legislação e descaminho. Ou seja, a investigação identificou venda de produtos sem nota fiscal. Principal alvo da operação, um indiano teve R$ 1 milhão em produtos apreendidos.

Sandra Barbosa é promotora de vendas e trabalha próximo a um dos pontos de “batida”. Ela diz que já comprou acessórios na tradicional venda, mas não teve problema. Uma conhecida trabalha em uma unidade que fechou.

“Todo mundo precisa trabalhar. Ela [conhecida] é uma menina que tem quatro filhos, ganhava uns R$ 300 por semana, o que garantia sustento. Pelo lado de perder o emprego, acho ruim. A maioria das pessoas que trabalham [nas bancas] eram pessoas sem estudo, que vivem em comunidades”, disse.

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Sandra e Talita acompanharam a fiscalização na região (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Talita Gabam, colega de trabalho de Sandra, se intrigava com a quantidade de lojas do setor espalhadas pela região central, muitas com várias na mesa rua. “Nunca entendi porque tem a cada esquina, se era lavagem de dinheiro, mas é muito complicado [apreensões], a pessoa perde tudo, fica no prejuízo”.

Gabriel Abrão Borges, trabalha em frente a uma banca alvo, relata que para a classe trabalhadora quem perde é o funcionário, que tende a ficar sem emprego diante da loja fechada. “Tinha pessoas que chegavam todos os dias antes das 7h. A gente tinha uma rotina de interação. Eu tinha confiança de comprar, mas a gente não sabe o que vai acontecer agora”.

Preferindo o anonimato, um trabalhador de 53 anos diz que uma das lojas alvos da operação estava em funcionamento há oito anos. “Muita gente fica desempregada”.

gabriel
Gabriel tinha interação na rotina de trabalhador com funcionários de loja fechada (Nathalia Alcântara, Midiamax)

Operação ‘Nightmare’

Conforme acompanhado pela reportagem do Jornal Midiamax, diversas viaturas da Polícia Civil e Decon fizeram batidas em ruas do Centro, como a Rui Barbosa, Dom Aquino, Marechal Rondon, 14 de Julho e 13 de Maio.

“Os alvos trazem produtos de fora sem qualidade, não expedem nota fiscal e não dão termo de garantia, e quando o consumidor procura as lojas, eles mandam procurar os seus direitos. A população procurou a Decon e o Procon, e a gente incitou essa operação como fiscalização”, disse o delegado titular da Decon, Reginaldo Salomão.

Ao todo, 11 viaturas e 44 policiais atuaram com o intuito de dar garantia e qualidade aos produtos vendidos ao consumidor campo-grandense na Operação ‘Nightmare’. A polícia investiga os seguintes crimes: explorar a venda de produtos em desacordo com a legislação e descaminho.

A rotulagem e sonegação fiscal também será apurada. Sobre as mercadorias que possuíam nota fiscal, elas eram empresas suspeitas de serem “noteiras”, ou seja, que vendem a nota fiscal, sem que a mercadoria tenha passado por elas.

Durante a operação, menores com idade, a partir de 15 anos, foram flagrados trabalhando em condições inadequadas nas bancas e lojas de assistência técnica. A situação será denunciada ao Ministério do Trabalho para que as medidas cabíveis sejam adotadas.

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