Goteiras na recepção e marcas de infiltração na sala de espera são reflexos da ação do tempo e do corte de verbas na Casa da Mulher Brasileira de Campo Grande. Desde 2017, o Governo Federal reduziu os subsídios para manter o espaço que garante atendimento integrado a mulheres vítimas de violência, mesmo assim, a escassez de recursos não foi o bastante para paralisar os atendimentos, que quase triplicaram desde a inauguração em 2015.

“A Casa atende todas as pessoas com uma série de serviços. Aqui, a mulher conta com uma rede de apoio e é amparada com atendimento continuado, que se mantém mesmo depois de ela ter sofrido alguma agressão”, comentou a promotora da 4ª Defensoria Pública, Camila Maués.

Em 2015, no primeiro ano de funcionamento, a Casa atendeu 8.770 mulheres que procuraram o espaço por conta própria e outras 36.381 foram encaminhadas por outros órgãos, como a Defensoria Pública, Guarda Municipal e Polícia Civil ou Militar. Em 2022, sete anos depois, os números saltaram para 15.043 atendimentos na recepção e 196.834 por encaminhamento.

Apesar dos recursos que faltam, quem trabalha na Casa da Mulher Brasileira atribuiu o bom funcionamento do espaço ao trabalho conjunto e diário das diversas equipes que compõem o local. 

“Participei da inauguração e hoje me sinto honrada em estar à frente da Delegacia da Mulher. Isso tudo só funciona porque temos uma equipe completa, que sempre está de portas abertas, 24 horas, para atendimento e amparo”, comentou a delegada titular da Deam (Delegacia Especializada de Proteção à Mulher), Elaine Benicasa. 

Em discurso durante a cerimônia em comemoração aos 8 anos da Casa da Mulher Brasileira da Capital, a prefeita Adriane Lopes (Patriota) lembrou do período difícil pelo qual o complexo passou. “Quando assumi [a Prefeitura] em 2017, a Casa já estava quase para fechar as portas porque não tinham mais recursos. Naquela época a Prefeitura teve de fornecer amparo”, pontuou. 

Mulher à frente do Executivo Campo-Grandense, Adriane falou sobre as dificuldades de ser mulher na política. “Recebi muitas críticas de gente que acreditava que eu não teria competência por ser mulher. Mas com trabalho e uma equipe integrada provamos que conseguimos”, pontuou.

De acordo com ela, a meta é continuar a focar no trabalho em prol do fim da violência contra as mulheres. “A Casa da Mulher Brasileira é instalada em locais onde o índice de violência é muito alvo, por isso, entendemos que nosso trabalho deve continuar para fortalecer principalmente as políticas de prevenção”, finalizou.

Serviço

O grande diferencial da Casa da Mulher Brasileira é oferecer em um único local serviços especializados para os mais diversos tipos de violência contra as mulheres: acolhimento e triagem, apoio psicossocial, delegacia, Juizado; Ministério Público, Defensoria Pública, promoção de autonomia econômica e até mesmo cuidado com as crianças – brinquedoteca, alojamento de passagem e central de transportes.

O principal objetivo é facilitar o acesso aos serviços especializados no combate à violência doméstica, além de garantir condições que promovam o empoderamento da mulher e sua autonomia econômica.