Árvore assassina? Faixa chama atenção e alerta sobre perigos de figueira gigante em Campo Grande

Raízes e galhos da espécie acabaram tomando conta da rua e causando estragos, deixando vizinhança preocupada

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Espécie não é recomendada para o plantio em áreas residenciais por poder causar problemas (Fotos: Nathalia Alcântara)

Tem uma árvore enorme causando medo nos moradores da Rua Doutor Pacífico Lopes Siqueira, que fica no Bairro Jardim América, em Campo Grande, próxima ao Parque de Exposições Laucídio Coelho. De tão temerosos com acidentes graves que ela possa causar, uma faixa foi colocada para avisar que se trata de uma “árvore assassina”.

José Siqueira da Silva, 69, é funcionário de uma oficina que fica logo em frente à árvore. Ele afirma que o patrão foi quem pediu para colocarem a faixa no meio da extensão do tronco, há 15 dias. Sobre as características conhecidas sobre a espécie na região, comenta que possivelmente tem cerca de 130 anos e mede 13 metros de altura por 30 metros de largura. O tamanho realmente impressiona, tanto é que os galhos da árvore alcançam o outro lado da rua, fazendo uma cobertura vegetal sob a rua.

As raízes são bastante extensas e chegaram a invadir o banheiro da oficina, diz ainda José. “A raiz entrou ‘dentro’ do vaso sanitário e o banheiro teve que ser refeito”, ele conta, inclusive.

Galhos da árvore alcançam até o outro lado da rua
As raízes da figueira expostas na calçada

Os outros vizinhos também estão preocupados com os galhos grandes que caem nos quintais e telhados e também com os estragos causados pela invasão das raízes nos muros e em um prédio. Além disso, desconfiam do possível apodrecimento do caule, o que representaria um risco de queda.

A árvore teria ganhado a pecha de assassina, segundo José, devido a um boato que circula no bairro. “Um empregado morreu aqui dentro da oficina e dizem que um galho da árvore atingiu ele, porque encontraram um corte na cabeça”, explica. Nada confirmado, no entanto.

Ação judicial pede providências

José também afirma que os moradores do Jardim América e o proprietário da oficina onde ele trabalha fizeram inúmeros pedidos para que a equipe da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) fizesse a poda ou eliminação da árvore, porém, não foram atendidos. Diante disso, seu patrão, Helnuth Maaz, teria entrado com uma ação judicial para que as providências sejam tomadas.

O Jornal Midiamax entrou em contato com a assessoria da prefeitura de Campo Grande para saber sobre a avaliação da árvore e o status dos pedidos dos moradores, porém, não houve resposta até o fechamento desta matéria.

Sobre o possível apodrecimento da árvore, um aparelho de ultrassom da equipe da Semadur é capaz de fazer a análise e tirar uma conclusão. Não foi possível confirmar também junto à prefeitura se esse procedimento já foi feito.

Figueira da espécie Ficus elastica

Em avaliação feita por foto, o biólogo especialista em botânica e professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Geraldo Damasceno, suspeita que a árvore seja da espécie Ficus elastica, também chamada popularmente de figueira.

Galhos que caíram são da figueira, segundo funcionário de oficina
É grande o galho caído no telhado da oficina. (Foto: Nathália Alcântara / Midiamax)

Ele confirma que, se plantadas em áreas residenciais e comerciais, as figueiras de todas as espécies tendem a causar os problemas relatados pelos moradores do Jardim América. “Elas emitem muitas raízes, que procuram encanamentos e vasos sanitários, além de quebrarem calçada”. Por essa razão, o recomendado é não plantá-las em locais assim. “É uma árvore de grande porte. Se for plantar, que seja num local aberto, que não haverá problema”, ressalta.

Uma mesma árvore foi eliminada na Praça do Rádio Clube em 2020, após ter constatada necrose e infestação de cupins.

Geraldo Damasceno entende que a frase serviu de alerta, porém, não concorda com ela. “Chamar a árvore de assassina é absurdo, a planta não vai matar ninguém”, avisa.

Campo Grande tem várias figueiras, mas não há casos conhecidos de mortes causadas por elas. “Uma vez houve uma queda, mas era em um local com constantes inundações, que apodreceram a árvore”, ressalva o biólogo.

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