Causada pelo vírus Lyssavirus, a raiva é capaz de infectar mamíferos e seu principal agente transmissor no perímetro urbano é o morcego. já registrou 7 casos confirmados para a doença até o mês de agosto, quase um registro por mês, quantitativo que supera os casos positivos de 2022. No ano passado, foram seis nos 12 meses. Diante disso, população deve ficar atenta para vacinar animais de estimação e evitar o aparecimento de morcegos dentro de casa. Saiba como mais abaixo.

Segundo a médica veterinária e coordenadora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Cláudia Macedo, todos os anos há casos confirmados de morcegos contaminados com raiva em Campo Grande. Em 2022, foram seis positivos, enquanto até agosto de 2023 o número aumentou para sete, quase um registro por mês. Conforme a especialista, o CCZ percebeu um aumento significativo nos últimos três anos, justamente pela maior procura da população aos agentes de zoonoses.

Porém, nenhum dos casos evoluiu para o contágio em algum ser humano. “Quando o morcego entra em contato com ser humano, a gente já orienta a ir à unidade de saúde o mais rápido possível. A raiva é letal, não tem cura, então a pessoa tem que ir para a unidade”, explica.

Conforme apuração do Jornal Midiamax, o último caso de raiva humana no município foi registrado em 1968. Já em cães e gatos, o último surto ocorreu 1988. Após 23 anos, ocorreu um caso isolado em 2011 de raiva canina, quando um cão adquiriu a doença por meio do contato com um morcego contaminado com o vírus.

Criação de laboratório para testagem em massa

O CCZ recolhe morcegos praticamente todos os dias na Capital. Só esse ano, foram 587 animais da espécie recolhidos pelos agentes, que passam por testes de raiva realizados em parceria com a (Agência Estadual de Defesa Sanitária e Vegetal de Mato Grosso do Sul).

Funciona da seguinte forma: o morador aciona a entidade para recolher o bicho e ele é levado até a sede da Iagro para a testagem. Para ampliar a oferta de testes, o CCZ deseja captar recursos para criar o próprio laboratório de biologia molecular e, assim, conseguir fazer testes de raiva em larga escala para maior agilidade ao diagnóstico.

Porém, Cláudia adianta que laboratório está nos planos para o próximo ano. Durante esse período, entidade busca a captação de recursos por meio de convênios com Ministério da Saúde, parlamentares e da prefeitura. “É um laboratório que gera um custo muito alto, então o teto da prefeitura desse ano não contempla o valor”.

Agentes do CCZ seguem com fiscalizações em bairros (Foto: Midiamax, Arquivo)

Como identificar um morcego com raiva?

Ainda conforme a médica veterinária, a espécie do morcego já contempla o vírus da raiva circulante nas suas colônias que se contaminam entre si, por isso sempre algum terá a doença. Dessa forma, o ciclo não se interrompe. Na hora de recolher o bicho em alguma residência, os agentes sempre suspeitam que os morcegos positivos para raiva são aqueles que apresentam modificações no seu comportamento.

Morcego caído no chão ou que voa durante o dia, uma vez que tem hábitos noturnos, são indicativos de raiva porque todo animal contaminado tem alterações neurológicas. Diante disso, as principais maneiras de prevenir a raiva é evitando a entrada de morcegos dentro das residências e contaminação dos animais domésticos.

Como evitar morcegos dentro de casa

Conforme o CCZ, o morcego começa a sair dos lugares escuros no fim da tarde com o pôr do sol. Esse é o momento de fechar portas e janelas tanto de casas quanto condomínios e apartamentos. Cláudia ainda ressalta que a região com maior índice de recolhimento do animal é a área central devido
a grande presença de árvores e prédios.

“Os prédios e apartamentos também têm uma particularidade que são as juntas de dilatação – espaço regular entre estruturas. A função é aliviar tensões provocadas pela movimentação do concreto – então essas juntas acabam criando um espaço para abrigar esses animais”.

Caso o morcego entre na residência, o morador pode ligar para o CCZ que vai encaminhar um profissional habilitado para fazer o recolhimento. O local funciona todos os dias das 7h às 21h. O telefone é o (67) 3313-5001. Enquanto isso, morador deve se manter distante, bem como animais domésticos, do morcego e nunca encostar nele.

Importância da vacinação de cães e gatos

Uma vez que o morcego é principal transmissor de raiva no perímetro urbano, cuidados com os animais domésticos são fundamentais. Cláudia explica que dificilmente um ser humano vai se infectar diretamente com um morcego porque o contato é mais difícil. Porém, animais domésticos podem, por exemplo, tentar morder algum caído no chão.

Uma vez que o contato dos humanos é frequente com seus pets, os bichinhos devem estar devidamente vacinados.

“O CZZ de Campo Grande está com campanha de vacinação antirrábica, então se o morador receber os agentes, ele vai permitir a vacinação dos seus animais de estimação. Se ele não quiser a vacinação gratuita, deve recorrer às clínicas particulares”.

Prefeitura intensifica atendimento (Foto: Assecom)

Vacine o seu pet contra a raiva

Agentes do CCZ de Campo Grande já percorrem os bairros para a vacinação de cães e gatos contra a raiva. De acordo com a prefeitura, a ação faz parte da Campanha Anual de Vacinação Antirrábica iniciada no último mês, com intuito de imunizar 80% da população, estimada em 287.768 cães e gatos.

As doses são gratuitas e protegem os animais contra a raiva, que é fatal. Paralelamente também será realizado o novo censo para contabilizar o número de animais na Capital. As equipes trabalharão realizando a contagem e vacina concomitantemente.

A vacinação percorre as sete regiões urbanas e distritos do município, seguindo um cronograma preestabelecido. O cronograma pode ser conferido no perfil do do CCZ ou diretamente com o setor pelo telefone (67) 3313-5001.

Desde 2005, é feito o trabalho de vacinação de casa em casa. Mesmo sem novos casos de raiva em cães e gatos há mais de uma década, a vacina antirrábica é obrigatória em todo território nacional. Ainda de acordo com a prefeitura, há a necessidade da vacinação, já que Campo Grande é uma área com morcegos diagnosticados positivos para a doença.