Pedalar na defensiva, é assim que a maioria dos ciclistas descreve a rotina no trânsito de Campo Grande. No último fim de semana, Wyllyan Caldeiras, de 18 anos, perdeu a vida ao ser atingido pela porta de um carro e ser atropelado por um ônibus no bairro Nova Campo Grande. O Jornal Midiamax preparou 5 orientações de segurança para quem luta pela mobilidade entre veículos maiores.

Dori Perez começou no pedal em 2015, no grupo de bikers chamado Pedal de Poodle, como forma de lazer em ciclovias e passeios urbanos. Só depois de três anos, começou a fazer trilhas e roteiros mais longos em grupo, trip trail, competições e cicloviagens. A estrada também é rota de risco no trânsito.

“Assim como os motociclistas e pedestres, estamos mais expostos aos riscos, mais vulneráveis. Por isso, toda a atenção ainda é pouco. Mesmo diante de tantos cuidados, ainda assim, nos deparamos com os riscos no trânsito como a falta de atenção dos condutores, alta velocidade, estacionam na ciclovia e nos cruzamentos invadem a ciclofaixa impedindo a livre passagem do ciclista”, reclama.

Ela reforça que a morte do jovem ciclista deixou a comunidade em choque, pois “são situações que poderiam ser evitadas se cada um fizesse sua parte. Também somos condutores de veículos e temos esse olhar diferente”.

Nos roteiros urbanos, algumas orientações são sempre reforçadas, como:

  • Dê preferência em utilizar ciclovia. Quando não há essa opção, o ideal é pedalar na mão certa, à direita.
  • Manter uma distância de 1 metro e meio dos carros da via.
  • Quando há pedal em grupo, manter alerta um por todos e todos por um, avisando sobre os obstáculos, buracos na via, travessias, cruzamentos, sinais e pedestres.
  • O grupo também deve manter uma distância segura entre si, pois no caso de uma frenagem rápida ou obstáculo, há um tempo certo para desviar e manter o equilíbrio.
  • O contato verbal é utilizado por todos, avisando sobre carros, motos, vai parar, vai seguir, virar a direita ou esquerda, etc.
  • Uso de itens de segurança devem ser obrigatórios, como o capacete, luvas, óculos e sinalizadores.
  • Sinal vermelho é Pare, sempre.

O bicicleteiro Pedro Dias Garcia explica que cuidar de si no trânsito é uma das melhores saídas em meio ao caos. Ele pontua que a infraestrutura da cidade dificulta o aumento de ciclistas na cidade, como buracos, e poucas ciclofaixas. Para ele, as dicas que mantêm o ciclista seguro são:

  • Ficar atendo quando um carro for parar na frente;
  • Gesticular com as mãos para condutores perceberem intenção de conversão ou desvio;
  • Procurar vias calmas;
  • Ficar o mais visível possível para condutores;
  • Evitar andar perto da calçada pelo risco de cair em bueiros.

O que desmotiva o pedal em Campo Grande

O último levantamento do Coletivo Bici nos Planos Campo Grande, em 2020, aponta que 45,3% dos moradores se sentem desmotivados em pedalar pela falta de infraestrutura adequada e 41,5% por insegurança no trânsito. A pesquisa reuniu questionário aplicado nas sete regiões da cidade com a opinião de quem anda de bike.

O levantamento indica que 39,1% dos ciclistas utilizam a “magrela” como principal meio de transporte nos sete dias da semana. Dos entrevistados, 36,5% utilizam a bike por ser um veículo de transporte mais barato; outros 26,4% por ser mais rápido e prático; e 26,1% por ser mais saudável.

Segundo a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), a cidade possui 103 quilômetros de ciclovia, em 20 avenidas, entretanto, 52,5% dos entrevistados disseram que mais e melhores estruturas para o pedal aumentariam a frequência de utilizar a bicicleta. Cerca de 80,5% usam para o trabalho, em seguida 62,4% para compras e 53,7% para o lazer.