Publicação feita no início desta semana em uma rede social revela a triste realidade do período de seca na região Pantanal de Mato Grosso do Sul. Em um vídeo, grupo de jacarés luta para sobreviver em meio a poça de lama formada pela pouca água caída de um bebedouro para gado.

 “Jacarezada tudo aqui na beira da pilheta por causa da água. Bicho todo agoniado morrendo aqui. Chega dá dó”, comenta trabalhador rural que faz as imagens, postadas nas páginas “Boiada MS” e “Comitivas do Brasil”, no Instagram.

“Este jacaré está só o esqueleto. Triste realidade do Pantanal”, comentou um internauta. “Um dia a conta chega. A natureza não aguenta mais tantas agressões e ganância disfarçada de desenvolvimento”, pontuou outro.

A situação foi registrada na Fazenda Sagrado, na região do Pantanal do Abobral, em Corumbá. Por causa da seca, que reduz o nível dos rios e deixa a mata mais seca, a área também tem sido assolada por frequentes queimadas. Inclusive, força-tarefa do Corpo de Bombeiros está na região em operação contra os incêndios.

Seca no Pantanal

Em abril, boletim de Monitoramento Hidrológico da Bacia do rio Paraguai, do Serviço Geológico do Brasil, revelou que a redução de chuvas em 2022 indica que as águas podem não inundar a planície, assim como ocorre nos últimos três anos.

De acordo com a Ecoa, ONG ligada à preservação do meio ambiente que integra o Observatório Pantanal — rede que reúne 43 organizações que atuam na conservação do bioma —, a falta de chuvas propicia o alastramento de pequenos focos de calor que podem se transformar em queimadas fora de controle.

“Sem a água para alagar a planície, surge uma extensa área de vegetação com imenso potencial combustível para os incêndios. Além disso, o trabalho de contenção do fogo pode ser prejudicado em regiões onde os corixos, canais e baías estão sem água ou trancados por vegetação, impedindo a chegada de brigadistas para combater as chamas”, afirma o instituto.

Pesquisadores do Ciência do Meio Ambiente Total, Danielle Correa, Enner Alcântara, Renata Libonati, Klécia Massi e Edward Park, divulgaram nesta semana um artigo sobre as condições de mudança nos incêndios florestais levando em conta a comparação da frequência e intensidade das ocorrências entre 2000 a 2021.

O estudo afirma houve aumento na frequência de áreas queimadas, principalmente, em pastagens do que em outros tipos de cobertura de sola, em contraste com as áreas de terra de cultivo, com poucas manchas de dano causada por incêndios florestais.