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Cotidiano

Valdelice Veron, indígena de MS, recebe prêmio de liderança feminina nos Estados Unidos

Valdelice é filha do Cacique Marcos Veron, assassinado em 2003 quando tentava defender terras
Mariane Chianezi -
Valdelice Veron | Foto: Divulgação

Valdelice Veron, filha do cacique Marcos Veron, natural de Mato Grosso do Sul, foi premiada em Washington, nos , com o Prêmio Liderança Global da Vital Voices Global Partnership. O prêmio é organizado e criado pela ex-primeira-dama norte-americana e é voltado para apoiar lideranças femininas em todo o mundo.

Conforme a Universa, da UOL, Valdelice, porta-voz Guarani Kaiowá, a luta dos povos indígenas em seu discurso no Centro John F. Kennedy para Artes Performáticas, praticamente ao lado da Casa Branca.

“Nos últimos anos, no Brasil, mais de 300 indígenas foram executados, incluindo mulheres, crianças e caciques”, discursou, com rosto pintado de vermelho, usando na cabeça o Jeguaka (cocar) e carregando na mão o Mbaraka (chocalho que representa a transmissão de sabedoria).

Cacique Marcos Veron

“Terra, Vida, Justiça e Demarcação”. Por esses objetivos lutou ferozmente o cacique Guarani Marcos Veron de Mato Grosso do Sul, assassinado em 2003 quando tentava defender as terras de seus ancestrais de um ataque de pistoleiros e jagunços a mando de um fazendeiro de gado que queria estender seu pasto. Agora, em volta da terra demarcada a grande plantação é de soja.

Marcus Veron não é a única liderança indígena assassinada. Já morreram muitos de lá pra cá. Nos últimos 12 anos, 390 índios foram assassinados no estado, de acordo com o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) e aproximadamente 500 cometeram suicídios por não conseguir lidar com as humilhações, guerra psicológica e violência física a que são submetidos cotidianamente.

“Isso aqui é minha vida, minha alma. Se você me levar para longe dessa terra, você leva a minha vida”, afirmava Marcos Veron, que morreu para defendê-la.

Foto: Vanessa Monteiro

Luta por terras

Em abril de 1997, depois de anos sem retorno de consecutivos governos ao pedido de reconhecimento e demarcação da terra, Veron levou sua comunidade de volta para o Tekohá – terra sagrada ou lugar onde se é. Assim, começaram a reconstruir suas casas, cultivar os alimentos, reerguer a casa de reza e reviver seus rituais. Novamente ganhava vida a aldeia Guarani Kaiowa Takuara.

O fazendeiro que ocupava a área levou à justiça o pedido de reintegração e conseguiu. Em outubro de 2001, a polícia fortemente armada expulsou-os da terra para viverem debaixo de lonas de plástico ao lado de uma rodovia.

No início de 2003, a comunidade Veron decidiu retomar sua terra. E no dia 13 de janeiro o cacique foi violentamente espancado por funcionários do fazendeiro, morrendo algumas horas depois.

Os assassinos de Veron não receberam sentença pelo crime, foram acusados somente por crimes menores relacionados ao ataque, após uma audiência judicial no início de 2011. Ou seja, a justiça defendendo os latifundiários da região, onde já reinava o agronegócio, continuou perpetuando a impunidade dos poderosos.

Valdelice Veron, uma das filhas do Veron e liderança indígena, traz tristeza nos olhos quando o 13 de janeiro se aproxima.  “Essa data nos entristece, mas fortalece a nossa luta”. Atualmente, a morte de Marcus Veron é relembrada com um ritual na Takuara.

*Com informações ADUSB

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