O nome de Antônio Fermiano, ex-combatente da Segunda Guerra Mundial na Itália, passou a integrar a galeria de Personalidades Notáveis Negras da Fundação Cultural Palmares nesta quinta-feira (27). Fermiano, que nasceu em Botucatu, São Paulo, em 1922, faleceu no dia 6 de abril de 2021, aos 98 anos, em Campo Grande, onde serviu, viveu e faleceu junto da família.

História

Antônio é neto de escravos e o sétimo dos onze filhos do casal Cristina e Laudelino Fermiano. Começou a trabalhar na lavoura com 9 anos, na Experimental Edegardia, cuja área hoje pertence ao campus da Unesp. Também trabalhou como candeeiro de boi, na plantação de café e na atividade de lenheiro. Fermiano optou pela carreira militar em 1943, tendo ingressado no 18º Batalhão de Caçadores, em Campo Grande, quando foi convocado para a FEB.

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Antonio com a família (Foto: Exército Brasileiro)

Antonio embarcou em 23 de novembro de 1944, aos 21 anos, em um navio com destino à guerra sem saber se iria voltar com vida. Ele foi um combatente pelo Regimento Sampaio da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Formalmente, em março de 1945, o soldado Antônio Fermiano foi designado para o 1º RI (Regimento de Infantaria), tomando o número de identidade provisório 5981. A participação de Fermiano foi registrada por meio de elogio coletivo, em junho de 1945.

No dia 8 de maio de 1945, enquanto ocorria a comemoração Aliada pela vitória sobre as forças teuto-italianas na Europa, Getúlio Vargas, à época, ditador no Brasil, desmobilizava o efetivo da FE. Mesmo antes do retorno dos pracinhas brasileiros já eram considerados civis. Vaticinando, o então presidente do Brasil Getúlio Vargas temia que fosse destituído do poder, o que ocorreu no mesmo ano. Ainda no mesmo ano, Fermiano com vários companheiros de farda, tiveram uma raríssima oportunidade: conheceram pessoalmente o Papa Pio XII, na Cidade do Vaticano, recebendo bênçãos.

Fermiano somente no mês de julho recebeu sua identificação definitiva, pela Seção de Identificação da AG- Ajudância Geral, sob o nº TO-238. O “TO”, que significa “Teatro de Operações”, indica que sua identificação definitiva só foi confeccionada no Teatro de Operações da Itália.

Ainda hoje persiste uma lenda de que os membros da FEB eram homens mirrados, raquíticos e doentes. Contrariando essas falácias, o próprio exemplo de Fermiano, pois tem 1,81 m de altura, bem acima da média dos brasileiros ainda hoje. A Força Expedicionária Brasileira procurou selecionar para seus quadros o melhor do Brasil.

Antônio Fermiano embarcou para a Itália em 1944 e participou do combate de Monte Castelo e tomada de Montese. Nesta última, chegou a ser ferido e recebeu a Medalha de Sangue do Brasil. Conforme nota divulgada pela Anvfeb (Associação Nacional de Veteranos da Força Aérea Brasileira).