Tradicionalmente, o Centro de Campo Grande recebe maior número de pessoas no período de fim de ano. Este ano ainda soma o consumo do Natal, Ano Novo e Copa do Mundo. Com mais pessoas nas ruas, o fluxo de veículos também é maior. Condutores citam os principais problemas que causam caos e trânsito lento nessa época do ano.

Na sexta-feira (2), o fluxo de veículos no dia em que a seleção brasileira jogava causou filas nos cruzamentos das principais ruas da região, tanto antes como depois do jogo. Para quem trabalha no trânsito, o conselho é ser paciente, como explica Darcy Ferreira Gomes, de 54 anos, mototaxista.

“Fica congestionado o dia inteiro, desde 7h até à noite, quando o Brasil joga na Copa do Mundo. A gente vai cortando no trânsito, não tem o que fazer. Outra coisa é não dar sinal, é mal de Campo Grande ter gente que não sinaliza. Mas se a gente for falar mesmo de mudança, não é só no fim do ano, de uns 5 anos para cá, o trânsito tem ficado mais complicado”, disse.

O taxista Carlos Roberto Araújo da Silva atua na área há 28 anos e para ele o que causa filas nos cruzamentos é a falta de sincronização dos semáforos no Centro.

“Muda sempre, fica sincronizado uns 2 dias e depois muda. O problema não é o fluxo de carros maior, mas a falta de sincronismo que lota uma rua. Na Rua Bahia hoje em dia tem horário de pico que é muito ruim, antes ela tinha uma onda verde boa. A Rui Barbosa também, está menor as faixas. Na Rua Brilhante o fluxo consegue ser melhor mesmo com os pontos de ônibus”.

“Mudanças comuns”

Condutor há 37 anos, o aposentado Miguel Antunes Britto, de 67, ressalta que a complicação no trânsito maçante também está na falta de rotas alternativas procurada pelos condutores e que o fluxo altera conforme o período.

“O motorista habilidoso, como eu, e que passa todos os dias por um local vai pegar outro. Quando tinha obra na [Rua] 14 de Julho, a 15 de Dezembro era um transtorno, às vezes, valia mais a pena descer a 13 de Maio e pegar a Fernando Corrêa. Agora, por exemplo, a 14 é mais tranquila, fica mais pesado nos cruzamentos mais para cima, na Dom Aquino, Mato Grosso e principalmente a Avenida Afonso Pena”.

(Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Ivanise Rotta, gerente de educação da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), reforça não haver congestionamento no trânsito da cidade, mas fluxo lento. “O que caracteriza o congestionamento é quando o veículo fica completamente parado por minutos ou horas. Vemos isso em grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro, Florianópolis”.

A solução para a especialista é observação dos condutores no trajeto que faz, por exemplo, ao identificar o constante fluxo lento em determinado trecho, se possível, transitar em rotas alternativas ou mudar os horários de saída.

“Educação para o trânsito é um exercício. Não estamos em uma guerra, não devemos olhar o outro como um inimigo, o trânsito é um espaço coletivo. A minha ou sua necessidade não pode estar acima de um todo, não é individual. Ninguém tem preferencial por pressa, a não ser bombeiro ou socorro com a sirene ligada, pontua”. E afirma ainda que é importante dar exemplo para que as crianças cresçam vendo um comportamento correto no trânsito.

Avenidas são as mais perigosas

De acordo com dados do GGIT (Gabinete de Gestão Integrada da Vida no Trânsito) e do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, as vias com maior índice de acidentes, são as avenidas de Campo Grande.

De janeiro a 24 de novembro, a Avenida Afonso Pena registrou 450 sinistros; Duque de Caxias, 243; Presidente Ernesto Geisel, 215; Mato Grosso, 211; Guaicurus, 159. A Agetran ressaltou que essas avenidas são largas e possuem maior fluxo de veículos, além de serem vias que interligam várias regiões da Capital.

“Todas as avenidas são bem sinalizadas, o asfalto também é o melhor. A afirmação, através de análises de acidentes do GGIT, é que o principal fato que leva ao óbito e a acidentes graves é a alta velocidade desenvolvida pelos veículos acima do permitido na via. Todas as vias de Campo Grande têm o limite máximo de 50 km/h, não é 70 ou 80 km/h. A segunda é o dirigir sob efeito de álcool. Outra é a CNH irregular ou vencida, ou sem o documento”, disse.

Para a especialista, enquanto infrações graves de trânsito não passarem de multas administrativas para conduta criminosa para o judiciário, o número de acidentes continua no nível.