De armários a mesas, os móveis planejados são itens de desejo para quem tem uma casa própria e quer investir no imóvel. Mais caros que móveis prontos comprados em lojas tradicionais, os sob medida demandam pesquisas para que o consumidor consiga economizar. Em razão da pandemia, a marcenaria é um dos setores que mais sofreu alta dos itens, assim como todo o setor de construção, por isso, realizar o sonho do planejado tem sido cada vez mais difícil para os campo-grandenses.

Apesar da alta dos valores, o setor ainda atrai consumidores em Campo Grande, que apesar de pagar até o dobro do preço praticado antes da pandemia, fecham negócio. Conforme o setor, o MDF, queridinho dos clientes, teve valor das placas saltando de R$ 100 para R$ 200.

O aposentado José Alves ensaiou por anos para comprar um guarda-roupa planejado. A vontade era ter um roupeiro que ocupasse de ‘fora a fora’ a parede do quarto. O primeiro orçamento assustou e a solução naquele momento foi comprar algo tradicional.

“Fiz o orçamento em 2020. O valor foi de R$ 1,7 mil. Achei demais. Eu fui e comprei um guarda-roupa grande em uma loja de varejo, mas ainda não era o que eu queria. Ficou um espaço na parede e resolvi, neste ano, comprar um armário nas medidas que preenchesse o espaço. Se eu tivesse comprado o guarda-roupa planejado lá em 2020, teria saído mais barato”, lamenta. Somente o armário custou R$ 1 mil.

Mesmo com o produto caro, José não desistiu da compra por conta do desejo em ter um item que se encaixasse naquele espaço do quarto. Não só fechou negócio, como comprou também duas novas mesas de cabeceira para o quarto. “Compra completa para o quarto ficar bonito”, diz o aposentado.

‘Quase o dobro do preço’

E esse é o cenário, conforme o marceneiro Carlos Roberto Nogueira, proprietário da Tok Final Móveis. Ele conta que o preço da matéria-prima dobrou nos últimos dois anos, mas isso não desanima o consumidor.

“A matéria-prima de marcenaria, depois da pandemia, subiu muito de preço, quase dobrou. Mas nesses últimos meses deu uma estabilizada. Mas na questão de procura, não senti que diminuiu. A procura por móveis planejados continua bem”, disse o empreendedor.

Ele ainda comenta que na pandemia temeu ficar sem trabalho, mas o que aconteceu foi o oposto. “Quando veio a pandemia, até ficamos com medo de ficar sem serviço, mas não diminuiu não. Até precisei contratar ajudantes para dar conta”, relatou.

Carlos relata que tenta ao máximo não repassar os aumentos absurdos da matéria-prima para os clientes e acaba por muitas vezes tirando da sua mão de obra. “Tentamos não passar [os reajustes] para o cliente, tiramos um pouco da gente para amenizar o preço, porque se passamos todo o reajuste do material para o cliente, acabamos que não fechamos o negócio”, comenta.

Adaptação no mercado

Reginaldo Silva tem a BS Marcenaria com o sócio, Flávio Augusto, e comenta que os últimos anos têm sido assustadores quanto aos valores da matéria-prima para os móveis planejados. A solução é negociar com o cliente e facilitar o pagamento.

“Realmente subiu demais o preço das coisas. Quem não está a par do mercado e nos procuram [para orçamentos], até mesmo em outras marcenarias, se assustam com os preços. Creio que não só o ramo da marcenaria enfrenta essa crise. Seja o pedreiro, o mecânico, e por aí vai. Mas damos um jeitinho e o mercado não para. Tanto empresas como clientes buscam se adaptar, buscando as melhores formas de negociação”, comenta.