A Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) esclareceu que não tem pendências financeiras com o hospital e já repassou R$ 173,3 milhões para unidade neste ano. A Santa Casa de Campo Grande informou, nesta terça-feira (2), que suspenderá os atendimentos ambulatoriais e eletivos, atendendo apenas casos de urgência e emergência, devido à crise financeira e falta de reajuste no contrato de prestação de serviços com a prefeitura.

Em nota, o município disse que todos os repasses estão sendo feitos em dia, inclusive, com valores acima do previsto em convênio, que seria somado por emendas e incentivos. “Todos os repasses foram feitos dentro do que estava pactuado. De janeiro a julho deste ano, o hospital já recebeu R$ 173,3 milhões. Desde 2017, foram mais de R$ 1,6 bilhão destinados à Santa Casa. Cabe ao hospital esclarecer sobre eventuais problemas gerenciais que culminaram no alegado déficit”, pontuou.

A secretaria ainda ressaltou que se mantém aberta às tratativas “visando sempre assegurar a devida assistência à população”.

Impasse entre Sesau e Santa Casa

A decisão do hospital terá validade após 48 horas do comunicado. Em nota, a Santa Casa disse que sem o reajuste no contrato de prestação de serviços médico-hospitalares, a unidade registra crise de desabastecimento, e a decisão visa evitar a suspensão imediata do atendimento à população e preservar a assistência da Urgência e Emergência.

O documento assinado pelo presidente do hospital, Heitor Rodrigues Freire, frisa que a unidade espera que a prefeitura tome as providências urgentes para evitar o agravamento da situação.

Na última quinta-feira (28), o hospital havia emitido um alerta de situação de desabastecimento gerada pelo desequilíbrio econômico-financeiro mensal do contrato com a Sesau. Na data, informou que não houve reajuste, conforme a receita e custos atuais, desde 2019, entretanto, o município diz que a inadimplência da unidade de saúde seria de décadas. Mediada pelo Ministério Público Estadual da Saúde, houve uma reunião entre a secretaria e a direção do hospital, na última quarta-feira (27), para debater a questão e pedido de manutenção nos valores repassados pelo município, entretanto, não houve consenso na viabilização dos recursos.

Em contrapartida, a Sesau havia esclarecido que a reunião aconteceu como medida de intermediação, sendo que pela quarta vez seguida o hospital não assinou o contrato do termo aditivo. Outro ponto informado pelo município seria de que o hospital tem R$ 510 milhões em dívidas, que seria resultado de inadimplências recorrentes há décadas, não sendo de responsabilidade do município de Campo Grande arcar com estes valores.