Serviço doméstico cresce 32% em MS e profissionais apostam até em ‘ficha limpa’ para atrair clientes
Dia Internacional do Trabalho Doméstico é comemorado nesta sexta-feira (22)
Mariane Chianezi –
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Nesta sexta-feira (22), é comemorado o Dia Internacional do Trabalho Doméstico, data que chama a atenção para a importância dos trabalhadores e melhores condições para o trabalhador de serviço doméstico. Em MS, o serviço cresceu 32% em um ano e profissionais relatam as experiências, estratégias e dificuldades do dia a dia do ofício.
Primeiramente é importante explicar que o trabalhador doméstico é aquele que presta serviços contínuos, onde o local de trabalho não tem fins lucrativos: como cozinheiro, governanta, babá, lavadeira, faxineiro, vigia, motorista particular, jardineiro, empregada doméstica, dentre outros.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostraram que o número de trabalhadores domésticos cresceu depois do período mais crítico da pandemia em Mato Grosso do Sul. Em 2019, o estado tinha 422 trabalhadores domésticos, enquanto em 2020, ano da pandemia, o número caiu para 364.
Em 2021, ainda segundo as informações do IBGE, o número aumentou 32%, saltando para 482 a quantidade desses profissionais no estado. No primeiro trimestre de 2022, já eram 95 trabalhadores.
As informações da Funtrab também mostram que os trabalhadores domésticos marcaram presença nas seleções de trabalho e o número de encaminhamentos para o mercado de trabalho através da fundação ultrapassaram os 2 mil direcionamentos.
O número recorde de encaminhamento nos últimos cinco anos foi em 2017, quando a Funtrab intermediou 3.420 trabalhadores domésticos, em sua maioria empregados de serviços gerais, seguido por faxineiros.
Apesar do período crítico da pandemia, entre 2020 e 2021, a procura por emprego dos trabalhadores domésticos continuou intensa. Em 2020 foram 2.455 encaminhados e em 2021, 2.518. Em Campo Grande, a Funsat informou que o número de vagas ofertadas nos últimos 5 anos para emprego doméstico foi de 2.919 vagas formais.
Mas a informalidade ainda é muito grande para o segmento, muitos desses trabalhadores não têm carteira assinada e consequentemente, ficam sem os seus direitos trabalhistas. Como por exemplo, em 2021, 23% dos trabalhadores domésticos tinham carteira assinada, de acordo com o levantamento do IBGE. O número pode ser ainda maior.
Marketing, valores e dificuldades
Quando falamos em ‘trabalho doméstico’, é inevitável não pensar de imediato no trabalho desempenhado pelas diaristas.
Nadia Dias, de 44 anos, começou a trabalhar com serviços de limpeza ‘desde sempre’. Assim como todo brasileiro, ela não fica parada, também vende roupas e lingeries, mas tem há três anos tem as diárias como profissão oficial.
Moradora do Bairro Noroeste, Nadia comenta que durante a pandemia não foi tão ruim de trabalho para as diárias, o que dificultava era a insegurança dos clientes. “Não diminuiu muito, foi até normal. Nesse ano, estive em um grupo de WhatsApp [que divulgava oportunidades de diárias], e apareciam muitos. Diarista não fica sem serviço, apesar de às vezes serem lugares longes, não falta. Tem de duas a três solicitações por dia”, explica.
Assim que deixou o grupo, ela tratou de bolar uma ideia para divulgar o trabalho nas redes sociais. Uma arte, com cores, explicando diretamente o que pode oferecer no trabalho. “Faxina completa, limpa blindex, geral na sua casa”, diz seu anúncio.
Ela explica que foi ideia de uma colega e que até funciona, mas que muitos clientes reclamam do valor cobrado. “Às vezes não é gratificante, porque tem vez de a pessoa querer que a gente saia de casa para fazer uma diária, para limpar tudo, e acham que seu serviço está caro”, diz. Nadia comenta que costuma cobrar entre R$ 60 a R$ 200, dependendo da residência.
Danielle Valdez, de 28 anos, deixou o emprego como caixa para trabalhar de vez como diarista depois que deu a luz à filha mais nova. Ela trabalhava em uma rede de fast-food e viu nas diárias a oportunidade de estar mais próxima das filhas.
Diarista apresenta até ‘ficha limpa’
Assim como Nádia, Danielle aposta nos anúncios nas redes sociais para atrair os clientes. Mas em meio aos anúncios, o de Danielle chama atenção por oferecer um documento de checagem aos clientes: um comprovante de antecedentes criminais.
“As primeiras casas que trabalhei foram de advogadas. E aí acabou que o documento virou uma segurança para as clientes e também para mim. Os clientes ficam mais tranquilos”, explicou.
Danielle diz que passou a se dedicar como diarista após o nascimento da filha, que coincidiu com o início do período da pandemia. “Na pandemia tiveram mais trabalhos fixos, quando eu falava que ia de carro, dava uma maior segurança, principalmente quando tinham idosos em casa. Isso ajudo um pouco a mais arrumar os clientes”, pontuou.
Os valores cobrados por Danielle podem chegar a R$ 160 a diária, com valores incluindo almoço e combustível, mas ela também disponibiliza pacotes mensais. “Se eu vou duas vezes por semana, faço um pacote no valor de R$ 1 mil”, explica.
Com as filhas em casa, Danielle precisa pagar babá e também alguém para busca-las na escola quando necessário. Diante disso, além dos gastos básicos mensais, ela também precisa trabalhar para arcar com esses pagamentos.
“Esse mês a conta não fechou. Meu carro ainda deu problema, gastei uns mil reais para arrumar. Mas é assim”, diz.
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