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Cotidiano

Sem perder a fé e a confiança na medicina, mãe larga tudo para viver ‘um dia de cada vez’ com o filho em MS

Desenganado após parto prematuro em 2013, Iran, nascido em Dourados, no Mato Grosso do Sul, chega aos 9 anos e passa por mais uma cirurgia no cérebro
Marcos Morandi -
Iran passou pela 20ª cirurgia em um hospital de Londrina (Foto: Arquivo familiar)

Viver não é uma tarefa fácil para ninguém. Com a palavra, Lene Assunção Anderson, uma policial militar aposentada que abandonou todos os projetos pessoais para esperar “um dia de cada vez” com seu filho Iran. O menino veio ao mundo no dia 27 de janeiro de 2013, em , durante um parto prematuro, desenganado, com paralisia cerebral, autismo, epilepsia e microcefalia, em decorrência de uma eclâmpsia.

“Parecia o fim da linha para ele e também para mim. Mas não era”, conta a mulher que aos 40 anos enfrenta uma batalha diária para se alimentar de um sorriso cultivado no sofrimento de quem já passou por 20 intervenções cirúrgicas. “Conto todas elas, porque cada experiência funciona como um renascimento para nós dois”, relata Lene à reportagem do Midiamax.

No dia 10 de abril, a devotada , que usa as redes sociais como uma espécie de diário de navegação, escreveu, antes da vigésima operação: “Boa noite pessoal chegamos em Londrina, estamos bem, Iran teve vômitos e eu também. Foi uma viagem cansativa, mas agora estamos seguros e aguardando o parecer do médico especialista”.

Passados quase 10 dias, Lene comemorava mais uma vitória, ao compartilhar com amigos e familiares que o pequeno guerreiro tinha vencido mais uma batalha em busca de dias melhores, de qualidade de vida. Segundo ela, se tivesse sucumbido ao prognóstico de ‘vida vegetativa’, as coisas teriam perdido o sentido.

Além de buscar inspiração na força imensurável de Iran, que vence a si próprio e amanhece todos os dias mais animado, Lene se torna mais resistente para enfrentar outros desafios com a falta de recursos financeiros para custear as despesas com o tratamento do filho, que não são poucas. “Iran saiu da UTI com muito inchaço e agora está no quarto. A recuperação é lenta, porém ele é muito forte”, postou a mãe do menino no perfil do Facebook.

Para conseguir fazer esse novo procedimento, a família precisa de R$ 210 mil. Até agora já foram arrecadados R$ 121.800, mas ainda estão faltando R$ 77 mil para quitar a conta no hospital. “Continuamos na luta. Precisamos de doações, que podem ser feitas por meio da chave PIX CPF número 96777591168  não importando o valor”, pede a mãe do menino, sem esconder o desapontamento com a Justiça que já lhe disse ‘não’ na maioria das vezes que foi acionada.

“Deles eu já não espero mais nada. Já me cansei de ser ignorada”, desabafa a mãe de Iran. Ela tem todo o cálculo de tudo que já gastou ao longo desses nove anos de existência do filho.  Segundo Lene, as despesas com os tratamentos e cirurgias somam R$ 1 milhão e 780 mil, que foram pagas com doações.

Balança da igualdade

Se por um lado sobram ao sistema judicial, uma vez que uma decisão do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, em setembro do ano passado, suspendeu a obrigatoriedade de o plano de saúde cobrir os custos das terapias por “não comprovação de urgência/emergência do caso”. Por outro, no coração, a gratidão pela solidariedade das pessoas faz morada.

“Elas fazem parte das vitórias do Iran e são para mim, o que a justiça (TJ, Ministério Público e plano de saúde) não fazem. Elas funcionam como uma balança da igualdade que permite a ele viver. Não sei o que seria de nós sem a ajuda de todas as pessoas que contribuem cada vez que fazemos uma campanha ou uma promoção”, conta a mãe.

Foi por meio dos gestos de amigos e também de anônimos que a família pode levar o menino para ser submetido às intervenções cirúrgicas de células-tronco nos e também na Tailândia, que aconteceram em 2016.

Milagres prontos

“Tudo isso não é uma questão paliativa é um processo de evolução das suas condições de saúde”, explica a policial aposentada que consegue fazer milagres com o salário de pouco mais que R$ 2,5 mil que recebe.

Segundo Lene, o valor da aposentadoria não cobre um terço dos gastos mensais que passam de 10 mil, com a aquisição de 20 pacotes de fralda, 40 litros de leite de soja, oito vidros de anticonvulsivos e seis caixas de supositório. Ela ainda tem que dividir parte do tempo e dos poucos recursos com a educação de Leander, o outro filho, que é dois anos mais velho que Iran.

“Só Deus sabe o que passo para dar conta dessas tarefas. Ele é o meu refúgio, a minha fortaleza. Todas as noites falo com ele. Não peço milagres prontos. O que peço é sabedoria, que se manifesta em gestos inesperados. Ter fé e ficar sentada esperando as coisas acontecerem não combina nem um pouco comigo”, revela Lene.

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