Quem passa pelo Parque Ecológico Sóter consegue observar as diferenças ocorridas nos últimos anos, tendo em vista que a bacia de água do local foi assoreado com o tempo. Dessa forma, o piscinão está tomado por areia, restos de lixo e vegetação que cresceu no local. Segundo prefeitura, aguarda-se a estação de chuvas passar para iniciar processo de desassoreamento.

Em novembro, o secretário municipal de infraestrutura e Serviços Públicos, Rudi Fiorese, confirmou ao Jornal Midiamax que a bacia de amortecimento desapareceu em razão do assoreamento, sedimentos carregados pela chuva e pela falta de manutenção no espaço.

Portanto, prefeitura pretendia, até então, retirar uma média de 44 árvores e plantar 1.300 mudas como compensação para, assim, iniciar o processo de desassoreamento. Procurada novamente para dar uma atualização sobre o caso, a prefeitura informou que aguarda as chuvas passarem para iniciar o plantio da nova vegetação.

“A Sisep informa que o serviço de desassoreamento só pode ser feito em condições climáticas adequadas, quando o solo não está úmido. O local é uma bacia de detenção que após longo período sem manutenção foi coberta pela areia e a vegetação. O desassoreamento vai melhorar a vazão do Sóter, com retenção de 10 milhões de litros, uma medida mitigadora para contenção das enchentes na região. Em relação às árvores, a Semadur reitera que o plantio das mesmas será feito dentro do Parque”, explica em nota.

Assoreamento no Parque Ecológico Sóter

Conforme o biólogo José Milton Longo, esperar as chuvas passarem para iniciar esse procedimento é necessário porque senão pode acarretar em outros problemas em solo úmido. Portanto, é preciso adequar o plano de desassoreamento ao clima.

Ele ressalta que o processo de assoreamento ocorreu há muitos anos por causa de chuvas intensas que atingiram a Capital. No entanto, a prefeitura não realizou a manutenção necessária nesse período e a situação se agravou a ponto de espaço se tornar um brejo no Parque Sóter.

Com atitudes precoces, possivelmente o dano seria menor, bem como o investimento feito para a recuperação da área. Agora, é necessária uma obra de engenharia para reverter a situação e conter que as águas sejam encaminhadas para os fundos de vale.

“Eu acredito que a recuperação demorou muito e chegou ao ponto de necessitar de uma interferência de engenharia para recuperar o potencial hídrico do espaço. A gente tem alertado sobre a situação do Sóter há anos, mas quando aconteceu o processo erosivo devido às chuvas, lá por volta de 2014, eles [prefeitura] só isolaram a pista de caminhada. Se na estação seguinte tivesse feito a manutenção adequada, não chegaria no nível que está”, explica o especialista ao Jornal Midiamax.

Após o plantio das mudas, José explica que a prefeitura deve manter o local limpo, seguro e reforçar atitudes ecologicamente direcionadas à preservação.

Fundos de vale

Fundos de vale – como córregos Bandeira, Prosa e Sóter – são pontos mais baixos de relevo por onde as águas das chuvas escoam. Quando a vazão de escoamento não consegue ser suficiente, ocorrem os alagamentos em centros urbanos.

Portanto, a falta de planejamento urbano em solos assoreados impede a infiltração da água da chuva, fazendo com que as águas das precipitações sejam convergidas para os córregos dos fundos de vale. Isso resulta em pontos críticos de alagamentos e enchentes na cidade, o que afeta as comunidades residentes nesses espaços. Segundo o biólogo, existem ao 32 pontos de alagamentos críticos em Campo Grande.

Longo ainda ressalta que, além da bacia do Sóter, a falta de manutenção já provocou o assoreamento total do Lago do Rádio Clube e parcial do Lado do Amor.

Dentre as estratégias necessárias para reduzir impactos, são necessárias a manutenção, limpeza e ampliação dos canais de drenagem, o uso correto do solo, ampliação de solos permeáveis, parques lineares de fundos de vale e educação ambiental.

Educação ambiental

O biólogo afirma ser necessário selecionar espécies de árvores adequadas a serem plantadas no Parque Sóter. Além disso, seria interessante se a prefeitura aproveitasse esses espaços urbanos para promover educação ambiental para conscientizar a população.

“Isso tem um poder transformador num futuro breve”, conclui.